quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Anorexia nervosa



Definição

A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar que envolve a incapacidade de ficar no peso corporal mínimo considerado saudável para a idade e altura da pessoa. Calcule seu IMC (índice de massa corporal) com a ferramenta do iG.
Pessoas com este distúrbio podem ter um medo intenso de ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Elas podem usar dietas extremas, exercícios excessivos ou outros métodos para perder peso.
Consulte também:

Causas, incidência e fatores de risco

As causas exatas da anorexia nervosa são desconhecidas. Vários fatores provavelmente estão envolvidos. Genética e hormônios podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento. Atitudes sociais que promovem de maneira irreal tipos de corpos magros também podem contribuir.
Cada vez mais, há evidências de que conflitos na família não contribuem para este ou outros distúrbios alimentares. A maioria das organizações de saúde mental deixou de apoiar essa teoria.
Os fatores de risco incluem:
  • Ser perfeccionista
  • Sentir aumento na preocupação ou atenção com o peso e a forma
  • Ter problemas alimentares e digestivos na primeira infância
  • Ter mãe ou pai com anorexia ou vícios
  • Ter pais que estejam preocupados com peso e perda de peso
  • Ter autoimagem negativa ou alto nível de sentimentos negativos em geral
  • Passar por uma alteração estressante na vida, como um novo emprego ou mudança, ou eventos como estupro ou abuso
A anorexia geralmente começa na adolescência ou na fase adulta jovem. É mais comum em mulheres, mas também pode ser vista em homens. O distúrbio é observado principalmente em mulheres brancas com escolaridade alta e que têm família ou personalidade focadas em objetivos.

Sintomas

Para ser diagnosticada com anorexia, uma pessoa deve:
  • Ter medo enorme de ganhar peso ou ficar gorda, mesmo quando estão abaixo do peso normal
  • Recusar-se a manter o peso no que é considerado normal ou aceitável para sua idade e altura (15% ou mais abaixo do peso esperado)
  • Ter uma imagem corporal muito distorcida, ser muito focada no peso ou na forma corporal, e recusar a admitir ou reconhecer a gravidade da perda de peso
  • Não ter tido períodos menstruais por três ou mais ciclos (em mulheres)
As pessoas com anorexia podem limitar gravemente a quantidade de comida que ingerem e depois provocar vômitos.
Outros comportamentos incluem:
  • Cortar a comida em pequenos pedaços ou movê-los no prato em vez de comê-los
  • Exercitar-se o tempo todo, mesmo quando o tempo está ruim, machucar-se ou manter-se ocupado todo o tempo
  • Ir ao banheiro imediatamente após as refeições
  • Recusar-se a comer perto de outras pessoas
  • Usar comprimidos para urinar (diuréticos), evacuar (enemas e laxantes) ou para reduzir o apetite (comprimidos dietéticos)
Outros sintomas de anorexia podem incluir:
  • Pele manchada ou amarelada, seca e coberta por pelos finos
  • Pensamento confuso ou lento, junto com memória ou julgamento deficientes
  • Depressão
  • Boca seca
  • Extrema sensibilidade ao frio (vestir várias camadas de roupas para ficar aquecido)
  • Perda de resistência dos ossos
  • Desgaste dos músculos e perda de gordura corporal

Exames e testes

Outras causas de perda de peso ou atrofia muscular devem ser descartadas com exames médicos. Conheça o Guia de Exames do iG.
Exemplos de outras condições que possam causar esses sintomas incluem:
  • Doença de Addison
  • Doença celíaca
  • Doença inflamatória intestinal
Os exames devem ser feitos para ajudar a determinar a causa da perda de peso ou qual dano a perda de peso causou. Vários desses testes serão repetidos ao longo do tempo para monitorar o paciente.
Esses exames podem incluir:

Tratamento

Foto: ADAM
Pirâmide de alimentos
O maior desafio no tratamento da anorexia nervosa é fazer a pessoa reconhecer que tem uma doença. A maioria das pessoas com anorexia nervosa nega que tem um distúrbio alimentar. Em geral, os indivíduos somente começam um tratamento quando a doença está bastante avançada.
Os objetivos do tratamento são, primeiro, recuperar o peso corporal e os hábitos alimentares normais. Um ganho de peso de 0,5 a 1,4 kg por semana é considerado um objetivo seguro.
Vários programas diferentes foram desenvolvidos para tratar da anorexia. Algumas vezes, o ganho de peso é alcançado usando-se programas para alimentação, atividade física menor e maior atividade social, para pacientes internados e externos. Vários pacientes começam com uma permanência curta no hospital para acompanhamento com um programa de tratamento diário.
Os médicos que geralmente estão envolvidos nesses programas incluem profissionais de enfermagem, médicos, um nutricionista e psicólogos.
O tratamento é normalmente muito desafiador e requer trabalho árduo pelos pacientes e suas famílias. É possível que várias terapias sejam tentadas até que o paciente tenha sucesso em superar este distúrbio.
Os pacientes podem desistir dos programas se tiverem expectativas não realistas de serem "curados" somente com a terapia.
Embora uma permanência curta no hospital seja um modo comum de iniciar o tratamento, uma permanência mais longa pode ser necessária se:
  • A pessoa tiver perdido muito peso, como estar abaixo de 70% do seu peso corporal ideal para sua idade e altura. A subnutrição for grave e colocar a vida em risco, podendo exigir alimentação através de veia ou tubo de alimentação no estômago
  • A perda de peso continuar apesar do tratamento
  • Surgirem complicações médicas, como problemas cardíacos, confusão ou desenvolvimento de níveis baixos de potássio
  • A pessoa tiver depressão grave ou pensar em cometer suicídio
Diferentes tipos de psicoterapias são usados para tratar de pessoas com anorexia:
  • Terapia comportamental cognitiva individual, terapia de grupo e terapia familiar são todas bem-sucedidas
  • O objetivo da terapia é mudar os pensamentos ou o comportamento de um paciente para encorajá-lo a comer de maneira mais saudável. Esse tipo de terapia é mais útil para tratamentos de pacientes mais jovens que não tiveram anorexia por muito tempo
  • Se o paciente for jovem, a terapia pode envolver toda a família. Abordagens mais novas veem a família como parte da solução, em vez da causa do distúrbio alimentar
  • Grupos de apoio também podem fazer parte do tratamento. Em grupos de apoio, pacientes e familiares se encontram e compartilham aquilo pelo que passam
Medicamentos, como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor, podem ajudar alguns pacientes anoréxicos quando ministrados como parte de um programa de tratamento completo. Por exemplo: olanzapina, inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) e antidepressivos. Esses medicamentos podem ajudar a tratar a depressão ou a ansiedade.
Embora essas drogas possam ajudar, nenhum medicamento foi comprovado para reduzir o desejo de perder peso.

Grupos de apoio

Consulte: Distúrbios alimentares – grupo de apoio

Evolução (prognóstico)

A anorexia nervosa é uma condição médica grave e potencialmente fatal. Em algumas estimativas, ela leva à morte em 10% dos casos. Programas de tratamento experimentados têm uma boa taxa de êxito na recuperação do peso normal, mas é comum a doença retornar.
Mulheres que desenvolvem este distúrbio alimentar em idade precoce têm melhor chance de recuperação completa. No entanto, a maioria das pessoas com anorexia continuará preferindo um peso corporal mais baixo e estará preocupada com alimentos e calorias de uma certa forma. O controle do peso pode ser difícil, e um tratamento prolongado pode ser necessário para ajudar a manutenção de um peso corporal saudável.

Complicações

As complicações podem ser graves. Uma permanência no hospital pode ser necessária.
As complicações podem incluir:
  • Inchaço
  • Enfraquecimento dos ossos
  • Desequilíbrio eletrolítico (como níveis baixos de potássio)
  • Arritmias cardíacas perigosas
  • Redução de glóbulos brancos que leva a maior risco de infecção
  • Desidratação grave
  • Má nutrição grave
  • Convulsões devido à perda de líquidos como resultado de diarreia ou vômitos excessivos
  • Problemas na glândula tireoide, que podem levar à intolerância ao frio e à constipação
  • Cáries dentárias e queda de dentes

Ligando para o médico

Converse com seu médico se uma pessoa próxima a você estiver:
  • Excessivamente preocupada com o peso
  • Exercitando-se em excesso
  • Restringindo a ingestão de alimento
  • Gravemente abaixo do peso ideal
Obter ajuda médica precoce pode reduzir a gravidade de um distúrbio alimentar.

Uso incorreto de lentes de contato pode causar cegueira


Dormir usando o produto diminui a oxigenação dos olhos e aumenta de 10 a 20 vezes o risco de infecção e deformidade da córnea

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Lentes: uso inadequado pode causar infecções e até cegueira
A tecnologia associada às lentes de contato, ao longo dos anos, proporcionou mais conforto visual e estético a quem tem problemas oculares como miopia. Para aposentar os óculos, porém, é necessário cuidado dobrado, além de prescrição e companhamento médico.
Higiene, poluição, ar seco, cigarro e indisciplina comprometem a saúde dos olhos e podem provocar lesões graves na córnea, alertam os oftalmologistas reunidos no 36º Congresso de Oftalmologia, que ocorre em Porto Alegre até a próxima quinta-feira (8).
“O uso de lentes de contato exige análise clínica prévia da saúde do paciente. É preciso investigar histórico e sensibilidade ao produto, além de contemplar o conforto e as expectativas do usuário”, explica Ari de Souza Pena, oftalmologista da Universidade Federal Fluminense e do Hospital Antônio Pedro, ligado à Instituição de ensino, no Rio de Janeiro.
Lesões irreversíveis e até mesmo a cegueira estão entre as principais consequências do uso incorreto. Entretanto, não há contrandicação ou recorte de grau – a crença de que as lentes representam um desgaste desnecessário para pessoas com pequenos problemas de visão não passa de folclore, pontua Orestes Miragla Junior, ex- presidente da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato e Córnea.
“É um mito. O grau não é um fator determinante. As lentes representam conforto. Apenas no caso de uma doença específica chamada ceratocone, que provoca a deformidade da córnea, a recomendação é questionada. Nesses pacientes, a lente acrescenta fatores externos que eventualmente poderiam piorar ou acelerar a doença.”
O tempo de permanência com as lentes também é relativo, dizem os especialistas. Não há evidências de que o uso contínuo prejudique a saúde dos olhos, explica Miraglia. Segundo ele, o comportamento é individual. Para algumas pessoas, o incômodo aparece mais cedo, outras passam mais de dez horas usando o produto sem apresentar problemas.
Fundamental, porém, é respeitar validade do material e não usá-lo durante a noite. Dormir com as lentes é comprovadamente nocivo, adverte Ricardo Holzchuh, oftalmologista da Santa Casa de São Paulo. A explicação é bastante lógica: a lente atrapalha a oxigenação, o que diminui a defesa dos olhos e aumenta de 10 a 20 vezes o risco de infecção e deformidade da córnea.
“É como dormir com um lençol ou cobertor cobrindo o rosto. Você conseguirá respirar, mas com dificuldades. O mesmo acontece com olhos quando as pessoas insistem em não retirá-las durante a noite”, compara o médico.
“Os pacientes não querem dormir com lente, o que desejam é acordar enxergando. A falta de disciplina e cuidados são os principais gatilhos para doenças.”
A responsabilidade deve ser dividida. Uma vez orientado, cabe ao paciente zelar pela própria saúde. "É fundamental lavar as mãos e evitar contato com os olhos após fumar. Parece simples e fácil, mas vemos diariamente nos consultórios pacientes com infecções reincidentes por conta desse descaso”, complementa Regina Kazumi Noma de Campos, oftalmologista da Universidade de São Paulo. Usar produtos adequados para a limpeza do material também é pré-requisito. Foi-se o tempo em que xampú infantil era um bom detergente.
“Já foi muito usado, mas não é recomendado. É preciso lavar para remover gordura e proteína, e o xampú só remove a gordura. A proteína faz uma camada na superfície da lente que diminui a oxigenação e aumenta o atrito com o olho. O envelhecimento de uma lente é determinado pelo grau de proteína na contido nela. Quanto mais velha, maior a contaminação e maiores os riscos de infecção" esclarece Miraglia.

Alerta: lentes de contato decorativas podem danificar os olhos


Uso inadequado pode acarretar infecções bacterianas graves, reações alérgicas ou danos na retina

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Lente de contato pode prejudicar o olho
Usar lentes de contato decorativas – aquelas que fazem seus olhos parecem com as de criaturas como vampiros ou lobisomens - é uma má idéia e pode danificar os olhos. 

Muitas pessoas usam lentes de contato decorativas no Halloween, mesmo sabendo que elas podem causar infecções oculares graves e perda de visão. “Não há apenas um tipo d elente de contato que sirva para todas as pessoas”, diz Randall Fuerst, presidente da Associação Americana de Optometria. 

"Os consumidores que compram lentes ilegalmente, sem receita médica ou sem a consulta de um oftalmologista, colocam-se em risco para infecções bacterianas graves, reações alérgicas ou até mesmo danos significativos no funcionamento do olho, com o potencial de perda de visão irreversível".

Pesquisa da Associação Americana de Optometria descobriu que 18% dos norte-americanos usam lentes de contato decorativa ou colorida. Destes, 28% disseram que compraram as lentes sem receita médica e de uma fonte que não seja um oftalmologista.
"As lentes de contato decorativas têm os mesmos riscos que as lentes de contato corretivas", diz Fuerst. "Por isso, é importante que os consumidores obtenham uma receita e se familiarizarem com as informações disponíveis a partir de um oftalmologista para reduzir o risco de infecção." 
Um exame médico adequado do olho e da visão assegura que as lentes de contato são adequadas para uma pessoa, que elas servem adequadamente e que o paciente saberá como cuidar das mesmas.

Bruxas ou Bíblia?


Doces ou travessuras? É a pergunta tradicional feita há muitos anos por crianças em várias partes do mundo, inclusive em alguns lugares do Brasil, no tal Halloween ou Dia das Bruxas, que é lembrado no 31 de outubro. Não se sabe bem a origem da data, mas tem a ver com cultos pagãos da antiga Europa e com tradições que conduzem ao Dia dos Mortos. Pessoas, sobretudo os pequenos, saem de casa fantasiadas de bruxas ou bruxos, ou mesmo de monstros, em uma estranha honra ou reconhecimento a algo que talvez nem entendam exatamente do que se trata.
Enquanto isso, do outro lado da rua, em uma igreja cristã, a amnésia histórica tomou conta dos cristãos que, um dia, de alguma forma, estiveram ligados a um episódio emblemático ocorrido também num 31 de outubro (de 1517), no distante castelo de Wittenberg, na Alemanha. Ali, um monge questionador e sincero temente a Deus, chamado Martinho Lutero, afixou na porta do castelo o que se convencionou chamar de as 95 teses sobre justificação pela fé. Talvez não saibamos de memória o conteúdo do que Lutero escreveu, mas sabemos que ele questionava atitudes, conceitos e ensinamentos contrários à Bíblia. E mais ainda: ele exaltava a Bíblia como regra de fé para os que se dizem seguidores de Cristo.
Mas a pergunta hoje é outra. Aliás, há outras indagações. O que está sendo mais bem promovido: o Halloween ou a Reforma Protestante? O que é mais lembrado pela sociedade, especialmente a que se autodeclara cristã e conhecedora da Bíblia Sagrada?
O tempo vai passando, mas o Halloween é visto na TV, nas lojas de brinquedos, nos adereços dos supermercados, dos shoppings, nas escolas e ouso até acreditar que em algumas igrejas. A atmosfera do Dia das Bruxas é sentida em vários ambientes e trata de impregnar a todos quantos for possível. Virou moda. É produto tipo exportação para crianças e adolescentes que sabem o que devem fazer nesse dia se quiserem estar em harmonia com a data, mas não sabem, talvez, quem foi Lutero, desconhecem o que diz na Bíblia e são hesitantes ao falar do próprio Jesus Cristo.
Não adianta culpar a Europa antiga e nem a atual por seu desprezo à origem protestante. A responsabilidade é minha e é sua também, que está lendo esse texto. O cristianismo bíblico precisa estar na mente da sociedade, especialmente de crianças, adolescentes e jovens. A Bíblia, contudo, será lembrada com amor, carinho e interesse se for realidade para esse grupo. Eles precisam ver exemplos de adultos, pais, professores, líderes, que realmente consideram o livro sagrado do cristianismo como algo sagrado mesmo. Sagrado, não porque seja intocável, mas porque é a Palavra de Deus válida para hoje e para sempre. Palavra que levou um homem solitário como Lutero a escrever cartas ao líder máximo de sua igreja, à época, pedindo que se observassem os ensinos ali contidos. Que o levou a defender a fé inabalável em Jesus Cristo como suficiente para salvação sem necessidade de indulgências, obras de sacrifício físico, misticismos inventados por inescrupulosos aproveitadores do fervor sincero.
E então? A maior propaganda da Bíblia parece ser uma vida em harmonia com ela.Halloween é forte, principalmente porque o espírito de reformadores, como Lutero, hoje é fraco. Na falta de seguidores fieis e equilibrados da Bíblia, o povo prefere bruxas, doces e travessuras no 31 de outubro.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sonolência excessiva pode ser doença


Conheça os sintomas de um distúrbio que causa ataques irresistíveis de sono

Foto: Getty Images
Sono súbito e incontrolável pode ser um sintoma de narcolepsia
Quem nunca desejou tirar uma soneca após o almoço ou sentiu os olhos pesarem durante uma aula enfadonha? Nessas horas o jeito é lançar mão de estratégias consagradas, como tomar café ou jogar um pouco de água no rosto.
Para alguns, no entanto, nada disso funciona. Quando bate o sono – seja no meio de uma reunião com o chefe, num show de rock ou no trânsito – só é possível fazer uma coisa: dormir.
“Enquanto isso não ocorre o portador sofre bastante com o estigma de dorminhoco e preguiçoso”, informa Márcia Pradella-Hallinan, coordenadora do ambulatório de sonolência diurna excessiva do Instituto do Sono, de São Paulo (SP).Taxado de forma ignorante e preconceituosa como “preguiça”, o comportamento é, muitas vezes, a manifestação de um dos principais sintomas da narcolepsia. Pouco conhecida, a doença acomete um em cada 2.000 indivíduos e tem um diagnóstico difícil. O problema pode demorar vários anos até ser corretamente diagnosticado.
Apagões
Um grupo especial de neurônios do cérebro é responsável por comandar os estados de vigília e sono, ou seja, as funções “liga” e “desliga” do corpo. Por uma série de fatores que ainda não estão totalmente esclarecidos, os narcolépticos têm um déficit desses neurônios e, como consequência, têm o sono desregulado.
Segundo Denis Martinez, médico do sono e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de “apagar” algumas vezes durante o dia, o portador geralmente tem problemas para dormir à noite, fator que atrasa ainda mais o diagnóstico.
“As pessoas acabam achando que a sonolência diurna é normal, já que passaram por uma madrugada conturbada”, explica.
Sinais
Já que o principal indicativo da narcolepsia costuma ser confundido com preguiça, é importante ficar de olho em outros sintomas. Um deles é a cataplexia, presente em aproximadamente 60% dos casos.
“Trata-se de uma perda de tônus muscular geralmente bilateral e súbita, que pode causar a queda do paciente”, conta Márcia. A moleza no corpo, cuja duração é de até cinco minutos, costuma ocorrer após fortes emoções, como rir ou tomar um susto.
A cataplexia é decorrente de uma característica importante da doença: a entrada brusca na fase REM do sono. Para se ter ideia, quem não tem narcolepsia em geral só atinge essa etapa depois de passar uma hora e meia dormindo. Martinez ressalta que é justamente no sono REM que sonhamos.
“Por isso, muitos pacientes relatam que têm alucinações durante os ataques de sonolência. Mas, na verdade, são sonhos”.
Diagnóstico
Apesar de render muitas histórias e risadas entre os amigos, dormir repentinamente causa muito sofrimento aos narcolépticos. Além de cultivarem a imagem de “corpo mole” – colocando, assim, a vida profissional em risco – podem se acidentar durante atividades que exigem atenção constante, como nadar, dirigir, praticar esportes ou manusear máquinas.
Por isso, diferentemente do que ocorre com outras doenças, receber o diagnóstico de narcolepsia é um alívio, pois o motivo do sono excessivo e fora de controle fica esclarecido. É importante frisar que a definição do quadro costuma vir após um exame chamado polissonografia, que avalia os fenômenos ocorridos durante o sono. Para realizá-lo é preciso dormir e passar um dia inteiro no local da avaliação.
Segundo Márcia, uma vez diagnosticada, a narcolepsia é tratada com medicamentos para aliviar os sintomas e orientação para que os pacientes façam cochilos diurnos.
“Um repouso de 15 minutos é o suficiente para deixar a pessoa revigorada para trabalhar ou exercer suas atividades por um tempo variável, que pode ser de duas a quatro horas, sem ter sono”, finaliza a médica.

    Dormir de lado diminui o ronco?


    Para alguns, isso pode não fazer tanta diferença. Saiba mais

    O ronco crônico pode ser mais do que simplesmente uma chateação barulhenta. Até três quartos dos roncadores também sofrem de apneia do sono, que causa interrupções na respiração ao longo da noite. A apneia eleva o risco de doenças cardíacas, derrames e hipertensão, problema que já afeta metade da população brasileira com mais de 55 anos.

    Os que buscam por uma cura são frequentemente aconselhados a dormir de lado, e não de barriga para cima, de forma que a base da língua não se desloque para o fundo da garganta, estreitando as vias aéreas e obstruindo a respiração. Para algumas pessoas, porém, alterar a posição de dormir pode não fazer tanta diferença.
    Cientistas afirmam haver dois tipos de roncadores: os que roncam apenas quando dormem de barriga para cima e os que roncam em qualquer posição. Um estudo que examinou mais de 2 mil pacientes de apneia do sono, conduzido por pesquisadores de Israel, descobriu que 54% eram “posicionais” – ou seja, roncavam apenas quando dormiam de costas. O restante era “não-posicional”.
    Outros estudos mostraram que o peso tem um papel importante. Num amplo estudo publicado em 1997, os pacientes que roncavam ou sofriam de anormalidades de respiração apenas quando dormiam de costas eram geralmente mais magros, enquanto seus equivalentes não-posicionais costumavam ser mais pesados. O grupo com sobrepeso, segundo os autores, demonstrava um sono pior e mais fadiga durante o dia.
    Contudo, o estudo também descobriu que estes pacientes viram sua apneia melhorar quando perderam peso. Segundo a Fundação Nacional do Sono nos EUA, para aqueles com sobrepeso, emagrecer geralmente é a melhor forma de curar a apneia do sono e acabar com os roncos de vez.
    Concluindo: dormir de lado pode ajudar a diminuir os roncos, mas pessoas com sobrepeso não verão grande diferença se não emagrecerem.

    Seu problema é sono!


    Listamos seis doenças agravadas por noites 

    maldormidas.Maior risco cardíaco é uma dela

    Foto: Getty Images
    Falta de descanso correto pode prejudicar a sua saúde
    Se as horas de descanso estão insuficientes, o corpo dá sinais que vão além do bocejo e dos olhos cansados. Dormir pouco ou dormir mal pode trazer prejuízos à saúde e ao seu dia a dia.
    Falta de concentração e de coordenação motora, fome em demasia, e suscetibilidade às doenças são apenas alguns dos alertas de que é preciso dormir.
    “É uma situação em que muita gente está passando e não percebe as consequências. Os sintomas se confundem um pouco com o estresse”, afirma Pedro Genta, do Centro de Medicina do Sono, do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo.
    “Existem estudos mostrando que quem dorme pouco tem mais risco de morte e também de apresentar alterações cardiovasculares, por exemplo”, completa.
    Uma criança terá prejuízo no crescimento e na escola, um adolescente fica mais propenso à doença mental e um adulto tem mais risco cardiovascular, relata Rosa Hasan, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
    O sono é o momento de restabelecimento do organismo como um todo, o corpo repousa, os músculos descansam, as funções hormonais se regulam.
    “O cérebro processa tudo o que precisamos guardar e no dia seguinte estamos aptos a absorver novas informações”, relata Renato Anghinah, neurologista do Hospital Samaritano. Quando não há o descanso de forma eficaz, todas as atividades ficam comprometidas.


    “A pessoa que não dormiu a noite inteira tem a impressão de estar de ressaca. Entre as queixas mais comuns estão a dificuldade de memorização, concentração, fadiga, irritabilidade, entre outros”, descreve Rosa Hasan. A capacidade do cérebro de ficar alerta é prejudicada e, por isso, ter foco vira missão quase impossível.Falta de concentração

    Você lê, relê e lê mais uma vez aquele parágrafo, mas ele parece não fazer sentido. A sensação é de que o cérebro não está funcionando direito... e não está mesmo

    Dificuldade para tomar decisões
    Segundo estudos realizados pelo pesquisador Sean Drummond, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, quando estamos cansados temos dificuldade para determinar o que é mais importante e até pequenas decisões ganham gravidade exagerada. Além disso, o pesquisador especializado em privação do sono descobriu que o cansaço leva as pessoas a correrem mais riscos.
    Outro estudo, realizado pela Universidade de Duke, e publicado no Journal of Neuroscience no dia 8 de março, avaliou 29 voluntários. Eles tiveram que tomar decisões de cunho econômico depois de uma noite de sono normal e depois de uma péssima noite. Os pesquisadores utilizaram um aparelho de ressonância magnética para avaliar as funções do cérebro nessas duas ocasiões e descobriram que há uma redução de atividade na região responsável pelo processamento das conseqüências negativas quando há privação do sono.
    Sensibilidade ou irritabilidade
    Sabe aquela semana em que você está mais impaciente? A culpa também pode ser falta de sono! Quando o corpo não descansa adequadamente, os distúrbios do humor aparecem e podem ser expressados de diferentes formas: como um limiar menor para o estresse, uma sensibilidade maior ou ainda uma maior ansiedade.
    Imunidade baixa
    Noites maldormidas podem deixar o organismo mais vulnerável a infecções. Cansado e sem tempo suficiente para se recuperar, as defesas do corpo ficam baixas. É nessa hora que vírus e bactérias aproveitam a baixa de guarda e atacam. 

    Fome de leão

    Cientistas já identificaram que dormir pouco prejudica a queima de gordura. Mas a privação de sono também pode desregular os níveis de açúcar no sangue e levar o corpo a produzir menos lepitina, um hormônio que desacelera o apetite, e mais grelina, que aumenta a fome. Resultado: mesmo depois de um café da manhã reforçado e um almoço bem servido, você passa a tarde beliscando e faz um belo jantar. Na tentativa de se reequilibrar, o organismo sente necessidade de alimentos que contenham açúcares e outros carboidratos simples, fontes rápidas de energia.
    Falta de coordenação motora
    Tropeços, objetos que caem das mãos... a privação do sono faz com que os reflexos fiquem mais lentos. Aliado à falta de concentração, o problema ganha contornos perigosos quando a tarefa a ser executada é dirigir. Por isso, a recomendação de uma boa noite de sono antes de pegar a estrada é tão importante.
    Recuperação
    Minimizar ou tirar de cena os resultados da privação do sono é simples. “Para cada noite maldormida, a pessoa vai precisar de duas ou três moites de descanso para se recuperar adequadamente, levando em conta sua idade e a quantidade de horas perdidas”, aconselha Renato Anghinah.
    É fácil saber qual o déficit de descanso. Basta observar quantas horas você dorme naqueles dias que não tem hora para acordar, como nas férias ou feriados. Os especialistas alertam que perder mais de duas horas de sono por noite durante períodos prolongados o problema é considerado crônico.

    10 minutos para dormir bem


    Estudo norte-americano preconiza relaxamento e respiração profunda para cair no sono

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    Técnica promete garantir sono profundo
    Um novo estudo sugere que uma técnica simples, de apenas 10 minutos, pode reduzir a tensão e tornar mais fácil o momento de dormir. 
    A abordagem, projetada para ser feita pouco antes de ir para a cama, envolve técnicas de relaxamento. Os pesquisadores recomendam manter o foco em um lugar sereno e convidativo – por exemplo, ondas de uma praia ou de um lago tranquilo, rodeado por árvores altas - e respiração lenta e profunda. Tudo isso por, no mínimo, 10 minutos antes de deitar.
    "A técnica baseia-se em um estudo prévio, que mostra quanto o estresse afeta negativamente o sono", disse Arn Eliasson, consultor de pesquisa do Projeto Saúde Integrativa Cardíaca, do Walter Reed Militar Nacional Medical Center, dos Estados Unidos. 
    O estudo, apresentado em outubro, durante a reunião anual do American College of Chest Physicians, em Atlanta (EUA), sugere que a técnica reduz o tempo para cair no sono, além de melhorar a qualidade do descanso e reduzir a fadiga. 
    A pesquisa mostrou que o déficit de sono está associado a risco aumentado de diabetes , doença cardiovascular , depressão , acidentes rodoviários e outros problemas. De acordo com o Centro Nacional de Pesquisa de Distúrbios do Sono, dos EUA, de 30% a 40% dos adultos têm algum sintoma de insônia - a incapacidade de adormecer ou continuar dormindo - e cerca de 10% a 15% dos adultos têm insônia crônica.
    Insônia
    A pesquisa envolveu 135 homens e 199 mulheres com idade média de 56 anos. Todos os participantes tinham servido o exército ou eram dependentes de militares. Uma minoria tinha transtorno pós-traumático, um grave transtorno de ansiedade que pode se desenvolver após exposição a evento que resulte em trauma psicológico.
    Os participantes completaram um questionário de 14 itens. Entre outras questões, eles responderam quanto tempo levavam para cair no sono, a freqüência de distúrbios do sono, qual o uso de medicamentos para dormir e quantas vezes ao longo do mês o cansaço afetou as atividades durante o dia.
    Na sequência, os participantes seguiram o programa chamado "Tensão Tamer", que incluiu um workshop de 30 minutos iniciais seguidos de uma série de quatro visitas de 30 minutos com um especialista em gestão de estresse para praticar a técnica. 
    O estudo mostrou que 65% dos participantes melhoraram a percepção do estresse, mas 34% pioraram seus níveis de estresse. Aqueles que reduziram o estresse mostraram diferenças significativas na qualidade do sono, com menor tempo para adormecer e diminuição da fadiga. 
    Críticas
    No entanto, um especialista em sono pediu cautela na interpretação do estudo. "Esta não é uma técnica nova. Tem um nome luxuoso, Tensão Tamer, mas a redução do estresse sempre foi importante para ajudar as pessoas a dormir," disse Aparajitha Verma, diretor médico do Hospital Disorders, em Houston (EUA).
    Para Verma, a redução do estresse vai ajudar de qualquer maneira, mas é imprescindível saber por que as pessoas estão tendo dificuldade para dormir.
    "Minha filosofia é que, a não ser que você chegue ao fundo da causa, você não será eficaz. Há sempre uma razão para que a insônia: pode ser depressão, transtornos de humor, problemas digestivos, dores, medicamentos e outros fatores", Verma explicou. "Às vezes, você tem que ser um detetive para encontrar a fonte do problema."
    Embora a redução do estresse seja útil, a técnica não deve ir longe. "Isso vai ajudar a dormir, mas não vai garantir boa qualidade do sono, ou resolver um problema na apnéia do sono, por exemplo."
    Verma recomenda que as pessoas se comprometam a ter um tempo antes de deitar para relaxar e se desligar das questões e estímulos do dia. "Você precisa fazer do ato de dormir uma prioridade", aconselhou.