quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

9 maneiras de se proteger contra o zika vírus

Eliminar os focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti e passar repelente são algumas medidas que devem ser tomadas

Brasil vive epidemia de zika, e a melhor maneira de prevenção é combater o mosquito Aedes
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Brasil vive epidemia de zika, e a melhor maneira de prevenção é combater o mosquito Aedes
A epidemia de zika vírus já atingiu pelo menos 20 Estados brasileiros e tem se espalhado pela América Latina de maneira rápida e alarmante. O vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, está sendo relacionado aos cerca de 3,4 mil casos suspeitos de microcefalia sendo investigados no Brasil (no momento, 270 casos foram confirmados) e, por isso, o governo federal anunciou até uma força tarefa para combater o mosquito, envolvendo uma megaoperação do Exército.
"É uma pandemia em andamento", disse Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Não há vacinas ainda para prevenir o zika, mas é possível fazer algumas coisas para "fugir" do vírus.
As duas principais formas de prevenção ao zika – e às outras doenças causadas peloAedes aegypti, como dengue e chikungunya – são acabar com os focos do mosquito (locais de água parada) e usar repelente para evitar a picada.
A seguir, veja dicas de como se prevenir da doença:
1) Elimine todos os focos de água parada
As autoridades brasileiras têm afirmado que a principal forma de combater o zika é acabar com o mosquito que transmite o vírus. Para fazer isso, é necessário eliminar todos os possíveis focos de reprodução do Aedes aegypti. O mosquito precisa da água parada para colocar seus ovos, então qualquer lugar que possa acumular o mínimo de água pode virar um foco da doença.
Isso inclui vasos de plantas, que às vezes ficam com água acumulada no prato, potes de água de animais domésticos, garrafas – elas devem sempre ser mantidas para baixo, assim como baldes –, e até poças de água da chuva no quintal ou na calçada. Privadas sem tampa também podem ajudar a proliferar o mosquito – é sempre preferível deixá-las com a tampa abaixada.
Os ovos do Aedes aegypti podem ficar até um ano em local seco apenas à espera de um pouco de água para que as larvas possam sair e virar mosquitos. Por isso, é preciso cuidado para não deixar a água acumular em nenhum lugar da casa. É recomendável também limpar calhas várias vezes por semana e cobrir os reservatórios de água e piscinas, a não ser que eles sejam devidamente clorados (o cloro impede a reprodução dos mosquitos).
É necessário eliminar todos os possíveis focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti
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É necessário eliminar todos os possíveis focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti
2) Use repelente
Para evitar ser picado pelo mosquito, a melhor estratégia é passar repelente em todas as partes expostas do corpo. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomenda a utilização de repelentes à base de n,n-Dietil-meta-toluamida (DEET) ou icaridina.
A orientação é que se aplique o repelente regularmente, seguindo as instruções na própria embalagem. Caso se utilize também o filtro solar, é importante passar o repelente depois porque o protetor pode "mascarar" seus efeitos.
Mulheres grávidas também podem utilizar o repelente – mas é sempre bom conversar com o médico para ver qual seria o mais adequado. Por conta do risco de microcefalia, é importante que as grávidas em especial façam muito uso do repelente para evitar a picada do mosquito.
Uso contínuo de repelente também é importante para evitar zika vírus, dengue e chikungunya
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Uso contínuo de repelente também é importante para evitar zika vírus, dengue e chikungunya
3) Use roupas compridas
A orientação dos especialistas – principalmente para mulheres grávidas – é que utilizem roupas que deixem poucas partes do corpo expostas ao mosquito. Calças, blusas de manga comprida e roupas grossas para evitar a picada por cima delas – o que pode ser um desafio em meio ao verão de altas temperaturas no Brasil.
Há também algumas roupas especiais que contêm permetrina, um inseticida sintético incorporado ao tecido, mas isso só está disponível para compra em alguns países.
4) Casa "à prova de mosquito"
Sempre que possível, especialistas recomendam dormir atrás de "barreiras físicas", como portas fechadas, janelas vedadas e telas de mosquito. Durante a noite, um mosquiteiro pode oferecer uma proteção extra. Mas é bom lembrar que o Aedes aegypti costuma agir mais durante o dia, então o cuidado deve ser permanente.
Há também os sistemas de repelentes ligados na tomada e de nebulização de mosquito, com bicos que borrifam inseticida, que são amplamente utilizados apesar de serem polêmicos, já que podem afetar abelhas, borboletas e outros insetos.
5) Lixo
O lixo doméstico também pode se tornar um terreno fértil para os mosquitos, porque é fácil acumular água nele. Especialistas alertam para que pessoas em áreas de risco tomem precauções extras ao manusear o lixo. É importante mantê-lo em sacos plásticos sempre fechados. Pneus velhos e materiais de construção devem ser removidos de quintais – eles são um foco muito comum das larvas do mosquito.
Técnica do fumacê já foi utilizada em algumas cidades e será medida de emergência da Olimpíada
Brazil/Divulgação/BBC
Técnica do fumacê já foi utilizada em algumas cidades e será medida de emergência da Olimpíada
6) Fumacê
A técnica do "fumacê" tem sido bastante utilizada em algumas das regiões mais afetadas do País. Ela consiste em levar caminhonetes com "mangueirões" que soltam jatos de inseticidas em casas ou edifícios para matar os mosquitos adultos. Essa é uma das medidas de emergência que estão sendo tomadas para acabar com o mosquito nos locais de competições olímpicas no Rio de Janeiro.
7) Estratégias de controle do mosquito
Uma das estratégias adotadas para controlar a proliferação do Aedes aegypti foi desenvolver um mosquito macho geneticamente modificado com a proteína TTA. A transmissão da dengue, do zika e da chikungunya é feita pela fêmea. E os mosquitos que nascerem dos cruzamentos com esses transgênicos irão morrer antes de chegar à vida adulta.
Jacobina, no interior na Bahia, chegou a utilizar essa estratégia e conseguiu reduzir as ocorrências de dengue em 90%. Piracicaba (SP) adotou a mesma medida no ano passado. Outros tentaram soluções mais inesperadas, como fez a cidade de Itapetim, em Pernambuco. Eles criaram um "exército natural" de peixes de pequeno porte de água doce e colocá-lo em caixas d'água e cisternas que abrigam larvas do mosquito. O peixe come os ovos e os impede de se desenvolver.
Casos de microcefalia relacionados ao zika vírus têm se multiplicado pelo Brasil
BBC Brasil
Casos de microcefalia relacionados ao zika vírus têm se multiplicado pelo Brasil
8) Evitar viagens
Para os que vivem fora das áreas mais afetadas, é aconselhável evitar ir para regiões com maior incidência do mosquito e da doença – Pernambuco, Paraíba e Bahia são os Estados brasileiros mais afetados por enquanto, com mais casos de microcefalia reportados.
Alguns governos chegaram até a recomendar que a população não viaje para os países que estão sofrendo mais com o problema. Nos Estados Unidos, por exemplo, a CDC pediu às mulheres grávidas que evitem viajar para a América Latina e para o Caribe por enquanto. "Até que se saiba mais a respeito da doença, mulheres grávidas devem considerar adiar viagens para quaisquer áreas onde a transmissão do zika vírus está endêmica", afirmou um dos representantes do CDC.

9) Impedir a propagaçãoA Organização Mundial da Saúde, porém, não adotou a mesma recomendação. "Baseado em evidências concretas, a OMS não está recomendando nenhuma restrição de viagem ou de negócios relacionada ao zika vírus. Como medida de precaução, alguns governos podem fazer recomendações de saúde pública para a população local baseados em suas avaliações próprias."

Se uma pessoa está infectada, precauções extras deveriam ser tomadas para evitar a propagação ainda maior da doença para outras pessoas. Isso porque o vírus fica no sangue e pode ser passado para os outros por meio de picadas.
Sendo assim, mesmo que a pessoa já tenha tido a confirmação de que está com zika, ela deve seguir passando repelente principalmente na primeira semana e tomar os devidos cuidados para evitar outras picadas – que poderão contaminar outras pessoas por intermédio do mosquito picador.
Além disso, apesar de não haver nenhuma confirmação oficial de que há risco de transmissão sexual do zika (e de isso estar sendo estudado), alguns especialistas recomendam o uso de camisinha pelo menos por duas semanas durante a recuperação da doença

Vacina americana contra zika pode levar dez anos, dizem pesquisadores

Cientistas da Universidade do Texas, nos EUA, afirmam que parte mais demorada é a aprovação por órgãos reguladores

Nikos Vasilakis afirma que parte mais lenta do processo é aprovação por órgãos reguladores
BBC
Nikos Vasilakis afirma que parte mais lenta do processo é aprovação por órgãos reguladores
Cientistas americanos que estudam o zika vírus advertiram que pode levar uma década até que sua vacina à doença esteja disponível ao público. O vírus, que já se espalhou por ao menos 21 países do continente, foi ligado a microcefalia em bebês, e 3,4 mil casos suspeitos no Brasil estão sendo investigados pelo Ministério da Saúde. Há, segundo o órgão, 270 casos confirmados da malformação.
Nos EUA, a busca pela vacina está sendo liderada por cientistas da Universidade do Texas, que visitaram o Brasil para pesquisar e coletar amostras, agora sob análise em laboratório. Mas os cientistas afirmam que, ainda que possam desenvolver uma vacina para testes em até dois anos, podem precisar de dez anos para que ela seja aprovada por órgãos reguladores.
"O que demoraria mais seria o processo de aprová-la no FDA (órgão americano que regula alimentos e medicamentos) e outras agências reguladoras para liberá-la ao uso público. E isso pode levar até dez ou 12 anos", disse à BBC Nikos Vasilakis, professor-assistente do Departamento de Patologia da universidade.

LaboratórioSegundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" desta quarta-feira (27), porém, um compromisso selado entre autoridades brasileiras e americanas buscaria "acelerar" esse prazo para três anos. O Brasil também está desenvolvendo pesquisas próprias por vacinas. Uma, do Instituto Butantan, poderia ser acelerada por causa da urgência da situação e sair em cinco anos.

A BBC visitou o laboratório da Universidade do Texas, cujo acesso é controlado com rigidez pela polícia e pelo FBI. O insetário dos pesquisadores tem mais de 20 tipos diferentes de mosquitos e "amostras" de Aedes aegypti – transmissor do zika, da dengue e do chikungunya – de 12 países diferentes.
Um dos pesquisadores, Scott Weaver, diretor do Instituto de Infecções Humanas e Imunidade da universidade, disse à BBC que as pessoas estão certas em temer o vírus, sobretudo com relação a gestações. "O risco é de fato significativo. E se ocorrer a infecção do feto (pelo vírus) e a microcefalia se desenvolver, não temos como alterar os desdobramentos de uma doença grave, que às vezes é fatal ou deixa crianças com deficiências mentais pelo restante de suas vidas."
Pesquisadores estudam também se o zika pode ser transmitido por relações sexuais ou pela saliva, ainda que isso pareça ser mais incomum. "Achamos que a transmissão sexual pode ocorrer, mas não sabemos com qual frequência ou qual o risco de um indivíduo ser infectado", afirma Weaver.

Relação entre microcefalia e zika só foi descoberta graças ao Brasil, diz órgão de saúde europeu

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Image captionPara pesquisador, tamanho da epidemia no Brasil permitiu perceber relação
A epidemia de zika no Brasil permitiu que fosse constatada a relação entre o vírus e a microcefalia, disse à BBC Brasil um especialista do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, órgão da União Europeia responsável pela saúde.
Surtos anteriores em outras partes do mundo não haviam afetado populações suficientemente grandes a ponto de fazer-se notável o aumento do nascimento de bebês com má-formação.
"De certa forma, eu diria que a importância da população afetada no Brasil foi a de servir de revelador para a associação com a microcefalia", disse Deni Coulombier, chefe da unidade de vigilância e resposta do órgão.
Comparando a epidemia brasileira às ocorridas em ilhas do Oceano Pacífico, Coulombier explica que há duas razões para que o vínculo não tenha sido percebido anteriormente.
"Não houve tantas mulheres contaminadas e houve poucos casos (de microcefalia), que mal puderam ser notados. Agora, o mesmo risco aplicado a uma grande população sem resistência ao vírus no Brasil, que é mais concentrado em questão de espaço, você acaba vendo de repente dezenas de milhares de casos no mesmo hospital ao mesmo tempo", diz.
"Olhando em retrospecto para os outros países, está claro que ocorreram casos de microcefalia e de má-formação do sistema nervoso central."
Segundo dados do ECDC, após observar a epidemia brasileira, as autoridades da Polinésia Francesa revisaram seus números. Em 2013-2014 as ilhas sofreram com epidemia de zika e na revisão foi constatado que houve aumento no número de bebês nascidos com deformações no ano seguinte, passando de um caso para 17 casos na média anual.

Vínculo

O chefe da delegação brasileira que participa esta semana do Encontro Executivo da Organização Mundial de Saúde, OMS, em Genebra, Jarbas Barbosa, concorda que a epidemia brasileira permitiu que fosse descoberta a relação.
ReutersImage copyrightReuters
Image captionAgente faz prevenção a mosquito; mais de 3 mil casos de microcefalia estão sendo investigados
"Pelo trabalho feito até agora pelo Ministério da Saúde do Brasil e pelas instituições de pesquisa do país, a hipótese de que (a microcefalia) já ocorria antes e só foi percebida agora, porque tem um sistema de vigilância melhor estruturado, provavelmente é a hipótese mais provável", disse à BBC Brasil.
Barbosa ressaltou que diversos estudos estão sendo conduzidos no país para detalhar a natureza do vínculo entre zika e microcefalia.
"O que nós temos até o momento são estudos epidemiológicos que demonstram a clara associação entre mulheres que tiveram infecção por zika durante a gestação e a ocorrência de microcefalia entre elas significativamente maior. Isso aponta para que haja muito provavelmente associação causal".
"Vários outros estudos estão sendo desenvolvidos neste momento para comprovar essa hipótese (de causalidade), é muito provável que seja comprovada."
A Organização Mundial de Saúde ainda não reconhece o vínculo entre o vírus e a microcefalia como sendo de causa, porque, segundo a organização, outros fatores não podem ser excluídos.
Em entrevista à BBC Brasil, o porta-voz da OMS Christian Lindmeier disse que "pela evidência que temos em mãos, existe a sugestão de uma associação entre zika e microcefalia, mas há muitas coisas que ainda não foram estabelecidas e que precisamos saber". "
"A microcefalia pode ser causada por impactos ambientais, metais pesados, herbicidas, pesticidas, síndromes genéticas, infecções, álcool, drogas, vacinas. E esses podem ser outros cofatores na má-formação."
"Eu creio que os países que só agora estão identificando a circulação do zika vírus, no caso os nossos vizinhos na América Latina, se beneficiarão bastante da experiência que o Brasil vem acumulando em como detectar (o vírus) e garantir o cuidado desses bebês (com microcefalia)", avalia Barbosa.
A delegação brasileira participa nesta quinta-feira de um painel - seguido de entrevista coletiva - sobre o tema da zika na OMS em Genebra. Por meio de teleconferência, Barbosa e o diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, deverão compartilhar os últimos avanços no enfrentamento da epidemia no país.

OMS vê avanço "explosivo" do zika vírus

"Nível de preocupação é alto assim como o nível de incerteza", disse diretora-geral da Organização Mundial da Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu convocar um comitê de emergência para enfrentar o surto de zika que já atingiu vários países e foi considerado "explosivo" pela organização.
"O nível de preocupação é alto assim como o nível de incerteza. Os questionamentos são muitos. Precisamos de respostas rapidamente", disse em um discurso em Genebra nesta quinta-feira a diretora-geral da organização, Margaret Chan.
"O explosivo avanço do zika vírus a novas áreas geográficas, onde a população tem baixa imunidade, é outro motivo de preocupação, especialmente diante do possível elo entre a infecção durante a gravidez e o nascimento de bebês com microcefalia."
Zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti
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Zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti
A organização, ao contrário do governo brasileiro, não estabelece como certa a relação entre o vírus e a microcefalia.
"Ainda que o elo causal entre a infecção pela zika durante a gravidez e a microcefalia não tenha sido - e enfatizo isso - estabelecido, as evidências circunstanciais são sugestivas e extremamente preocupantes. Um aumento da ocorrência de sintomas neurológicos, notados em alguns países em coincidência com a chegada do vírus, aumentam a preocupação", prosseguiu Chan.
"Por todas estas razões, decidi convocar um Comitê de Emergência de acordo com as Regulamentações Internacionais de Saúde. O comitê vai se reunir em Genebra na segunda-feira, 1º de fevereiro."
"Pedirei ao comitê aconselhamento sobre o nível apropriado de preocupação internacional e sobre medidas recomendadas que devem ser tomadas em países afetados (pelo zika vírus) e em outros lugares. Também pedirei ao comitê que priorize áreas nas quais as pesquisas (a respeito da doença) são necessárias com mais urgência", acrescentou Chan.
Pouco antes do pronunciamento de diretora-geral da organização em Genebra, cientistas americanos já tinham pedido à OMS medidas urgentes contra o zika que, segundo eles, têm um "potencial pandêmico explosivo".
Em um artigo publicado em uma revista médica eles citam as "lições aprendidas com a epidemia de ebola" para solicitar a convocação de um comitê de emergência reunindo especialistas na doença.
Escrevendo na revista Journal of the American Medical Association, Daniel Lucey e Lawrence Gostin afirmaram que o fato de a OMS não ter tomado providências logo no início da crise do ebola na África - há dois anos - provavelmente custou milhares de vidas.
Os pesquisadores dizem que a OMS "ainda não assumiu um papel de liderança na pandemia de zika", apesar de "as dimensões globais da zika estarem claras e de urgência renovada com a aproximação dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro".
"Um Comitê de Emergência deve ser convocado urgentemente para aconselhar a diretora-geral (da OMS) a respeito das condições gerais necessárias para declarar uma Emergência Pública de Saúde de Preocupação Internacional", escreveram Lucey e Gostin.
"O próprio processo de convocar este comitê catalisará a atenção internacional, verbas e pesquisa", acrescentaram.
O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest afirmou na quarta-feira que o governo dos Estados Unidos quer um esforço mais coordenado para esclarecer os cidadãos americanos sobre os riscos associados à doença.
Vacina contra o zika vírus pode demorar 10 anos para ser feita
Betina Carcuchinski/PMPA
Vacina contra o zika vírus pode demorar 10 anos para ser feita
"O próprio processo de convocar este comitê catalisará a atenção internacional, verbas e pesquisa", acrescentaram.
O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest afirmou na quarta-feira que o governo dos Estados Unidos quer um esforço mais coordenado para esclarecer os cidadãos americanos sobre os riscos associados à doença.
Vacina
O vírus, que já se espalhou por ao menos 21 países das Américas, foi ligado a microcefalia em bebês, e 3,4 mil casos no Brasil estão sendo investigados pelo Ministério da Saúde. Há, segundo o órgão, 270 casos confirmados da má-formação.
Não há cura para o vírus. A busca por uma vacina já começou e está sendo liderada por cientistas da Universidade do Texas.
Cientistas americanos visitaram o Brasil para coletar amostras e as levaram para análise em um laboratório de alta segurança em Galveston, Texas.
O acesso ao laboratório é restrito, e é monitorado pela polícia e pelo FBI. Falando com a BBC dentro das instalações, Scott Weaver, diretor do Instituto de Infecções Humanas e Imunidade, afirmou que as pessoas estão certas em temer o vírus.
"Com certeza é um risco considerável e se a infecção do feto ocorrer e a microcefalia se desenvolver, não temos a capacidade de alterar o resultado daquilo que é uma doença muito ruim e que, às vezes, é fatal ou deixa crianças incapacitadas mentalmente para o resto da vida", afirmou.
O vírus foi descoberto em macacos em 1947 na Floresta Zika, em Uganda.
O primeiro caso humano foi registrado na Nigéria em 1954, mas, durante décadas, o zika não parecia ser uma grande ameaça e foi praticamente ignorado pela comunidade científica.
Foi apenas depois de um surto na ilha de Yap, na Micronésia, em 2007, que os pesquisadores começaram a se interessar pela doença.
Weaver diz que ano passado o vírus "explodiu", atingindo o Caribe e a América Latina, "provavelmente infectando alguns milhões de pessoas".
Os sintomas em adultos e crianças são parecidos com o da dengue, porém mais suaves: dores pelo corpo parecidas com as que ocorrem em casos de gripe, inflamação nos olhos, dores nas juntas e manchas vermelhas no corpo. Mas algumas pessoas não apresentam sintomas.

Petrobras anuncia novo modelo gerencial para melhorar transparência

Executivos explicam reestruturação que tenta aumentar nível de governança e colocar em prática novo plano de negócios

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine (à esquerda), e Antonio Eduardo Castro, gerente da área de planejamento da Petrobras, falam sobre o novo modelo de negócios da empresa
Reprodução/Petrobras
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine (à esquerda), e Antonio Eduardo Castro, gerente da área de planejamento da Petrobras, falam sobre o novo modelo de negócios da empresa
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, realiza coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (28) para explicar a nova estrutura organizacional da companhia, que resultará em um novo modelo de gestão. Nesta manhã, a empresa divulgou que cortará 30% de cargos gerenciais não operacionais buscando economia de R$ 1,8 bilhão por ano. A ação está dentro da Revisão de Modelo de Gestão e Governança da Petrobras. “Será uma nova forma de gerir a companhia”, afirmou Antonio Eduardo Castro, gerente de estratégia e planejamento da empresa. 

A reestruturação envolve a fusão de áreas, centralização de atividades, novos critérios para a indicação de gerentes executivos e responsabilização formal de gestores por resultados e decisões. “As designações e despensas de executivos terão de ser aprovados  pelo Conselho de Administração. Terão de passar por análise de reputação pelos conselheiros e, por fim, com referendo do conselho de Administração”, explicou Castro. Perguntado se a empresa não teria mais indicações políticas, a partir do novo modelo de governança, o presidente da estatal afirmou que essa forma de contratação é coisa do passado. "Eu não convivi e não convivo com indicações políticas. A competência primordial será das capacidades técnicas. As indicações políticas não fazem mais parte da empresa. Isso é uma grande blindagem para a empresa. Esses profissionais passarão por análise de sua reputação, inclusive o presidente. A meritocracia foi o que se deu em 2015 e ela prevalecerá daqui para a frente", explicou Bendine.

As funções gerenciais serão reduzidas de 54 para 41 nas áreas não operacionais. O número de diretorias passa de 7 para 6. Gás e Abastecimento serão integradas.
O comunicado da Petrobras informa que "serão criados seis Comitês Técnicos Estatutários compostos por gerentes executivos que terão a função de analisar previamente e emitir recomendações sobre os temas que serão deliberados pelos diretores, que serão corresponsáveis nos processos decisórios." As mudanças que resultem em alterações no Estatuto Social da Petrobras serão submetidas à aprovação da Assembleia Geral de Acionistas a ser convocada oportunamente.
O presidente da Petrobras explicou que a estatal tem três vetores de condução das atividades. "Esses vetores surgiram com uma nova realidade que se impôs, oriunda de uma mudança de cenário da indústria em todo o mundo [petróleo e gás] e da operação [Lava Jato] que investiga os mal feitos que se deram na estrutura da empresa. São eles, adequação do processo financeiro, ampliar a governança e o compliance", explicou Bendine.

Quando pergutado sobre a viabilidade das atividades com o barril de petróleo (Brent) a US$ 30, Bendine afirmou que o que vai permear as ações da companhia é que seja uma empresa mais ágil e eficiente. "O resultado operacional teve um grande avanço em 2015,  e isso vocês verão nos resultados. [A empresa] está respondendo porque soube se adequar às condições de preços do mercado. Companhia tem de olhar para a eficiência. Esse é o nosso foco."O presidente reafimou que a nova visão, de trabalho e perfomance da empresa, é um "novo desenho e trará uma mudança de cultura, que será uma composição coletiva e gradual". "A empresa passa agora a trabalhar mais focada no seu business, com nova gestão. Não existe modelo pré-determinado para as áreas", disse Bendine sem se ater a como isso será feito, mas afirmou que a reorganização das áreas poderá ser feita de acordo com cada realidade, em específico.

Abismo Pode Estar Escondido Sob o Gelo da Antártida


Um vasto e desconhecido sistema de cânions pode estar escondido embaixo das geleiras da Antártida. Sinais de sua presença foram encontrados nas formações da superfície do continente gelado, em uma região inexplorada chamada Terra da Princesa Elizabeth. Se confirmada, em uma pesquisa geofísica formal que está em andamento, a rede sinuosa de cânions teria cerca de mil quilômetros de comprimento e, em alguns trechos, até 1 km de profundidade. Essas dimensões fariam da formação algo maior que o famoso Grand Canyon, nos Estados Unidos.“Sabemos, com base em outras áreas da Antártida, que as formas que o gelo assume na superfície são obviamente dependentes do que existe abaixo dele. Isso porque o gelo flui a partir dessas formações”, explicou o pesquisador Stewart Jamieson, da Universidade de Durham, no Reino Unido. “Quando olhamos para a Terra da Princesa Elizabeth a partir de dados de satélite, há aparentemente algumas características na superfície gelada que, para nós, lembram muito a existência de um cânion”, continua o especialista. “Nós rastreamos formações rochosas do centro da Terra da Princesa Elizabeth até a costa, no sentido norte. Trata-se de um sistema bastante substancial”, afirmou ele à BBC.
Há ainda suspeitas de que a rede de cânions seja conectada a um lago subglacial, também desconhecido, que cobriria uma área de até 1,25 mil quilômetros quadrados. A interpretação inicial que aponta a existência do sistema de cânions é baseada em informações de radar, colhidas em dois locais. Esses radares conseguem ver através das camadas de gelo, chegando à camada de rochas abaixo delas. A suspeita é consistente, afirma o professor do Imperial College London (Reino Unido), um dos integrantes da equipe.
“Descobrir um novo abismo gigantesco, que supera o Grand Canyon, é uma perspectiva tentadora”, afirmou. “Geocientistas na Antártida estão fazendo experimentos para confirmar o que nós estamos vendo nos dados iniciais, e esperamos anunciar nossas descobertas em um encontro do ICECAP2 (grupo de colaboração internacional que explora a área centro-leste da Antártida) no fim de 2016.”
A maior parte da Antártida é alvo de pesquisas geofísicas que têm registrado a topografia do continente. Mas ainda há duas áreas muito desconhecidas: a Terra da Princesa Elizabeth, onde se encontraria o cânion, e a Recovery Basin (“Bacia de recuperação”, em tradução literal). Ambas ficam no leste da Antártida e são agora alvo de intenso estudo.
Equipes internacionais – compostas por cientistas de Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, China e outros países – estão usando aeronaves com sensores para sobrevoar centenas de quilômetros quadrados da superfície gelada. Quando o rastreamento estiver completo, os pesquisadores terão uma visão abrangente de como a paisagem da Antártida realmente é debaixo de todo o gelo. Esse conhecimento é fundamental para tentar entender como o continente gelado pode reagir em um mundo mais quente, por exemplo.
Nota: Com essa pesquisa, surgem novas evidências de que houve uma catástrofe hídrica que “rasgou” nosso planeta, deixando marcas profundas em sua superfície, incluindo aí a Antártida. Já não é fácil para os evolucionistas explicar a formação plano-paralela dos estratos geológicos no Grand Canyon, que sugerem superposição rápida de toneladas e toneladas de sedimentos; agora imagine explicar fenômeno semelhante (se for confirmado) debaixo do gelo polar…

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Brasil tem dois novos casos de microcefalia causada por zika vírus a cada hora

Ministério da Saúde divulgou que, no total, são 3.893 casos espalhados pelo País, 363 a mais no que na última semana

Pernambuco ainda é o Estado com mais ocorrências da doença causada pelo vírus: 1.306
Edmar Melo JC Imagem
Pernambuco ainda é o Estado com mais ocorrências da doença causada pelo vírus: 1.306
O novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta quarta-feira (20), aponta que o Brasil tem 3.893 casos de microcefalia causada por zika vírus, 363 a mais do que na última semana quando o último balanço foi anunciado. O número mostra uma alta de 10%, e também que a cada uma hora, duas novas ocorrências são registradas no País. Os dados, que foram computados até o último sábado (16), traduzem o quão alarmante é a doença e como os brasileiros precisam se cuidar em relação ao Aedes aegypti, mosquito transmissor também da dengue e da febre chikungunya.
Do total de casos notificados, 3.381 ainda estão em investigação em laboratórios. Apresentaram alterações atípicas nos exames 224 ocorrências, ou seja, quando se sugere fortemente a infecção de zika durante a gestação, e outros 282 casos foram descartados. O Ministério confirma 49 óbitos por malformação congênita, sendo que cinco casos são de infecção por zika – quatro no Rio Grande do Norte e um no Ceará. Há uma outra sexta notificação de morte no interior em Minas Gerais, mas ainda não há detalhes sobre o caso.

Apesar do crescimento, ocorrências na região Sul do Brasil, segundo a pasta, ainda são pequenas em comparação com o Nordeste. A circulação do vírus está espalhada em 20 Estados do País: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins. O Distrito Federal também tem casos de zika vírus autóctone, ou seja, com transmissão dentro do Estado.Pernambuco ainda é o Estado com mais casos notificados da doença causada pelo vírus – 1.306,  70 a mais do que na outra semana (quando os dados eram computados até o dia 9 de janeiro), o que representa 33% do total em todo o País. A seguir vem a Paraíba, com 665 casos, Bahia (496), Ceará (216), RIo Grande do Norte (188), Sergipe (164), Alagoas (158), Mato Grosso (134) e Rio de Janeiro (122). 

Atualmente, a circulação do zika vírus é confirmada por meio de teste PCR, com a tecnologia de biologia molecular. A partir da confirmação em uma determinada localidade, os outros diagnósticos são feitos clinicamente por avaliação médica.
"Não deixar o mosquito nascer significa não deixar a curva da doença subir", declarou Claudio Maierovich, diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira. "A participação da sociedade é fundamental para eliminar os criadouros do mosquito."
O primeiro erro que alguém pode cometer é tratar todos os repelentes como iguais, passando-os sem considerar suas diferenças quanto à durabilidade e efeitos  . Foto: iStock
Erro: passar o repelente mais de três vezes por dia. Eesse é o máximo de aplicações que os médicos recomendam diariamente . Foto: iStock
Há basicamente três tipos de repelentes disponíveis no Brasil: o DEET, o IR 3535 e a  icaridina. Foto: iStock
O DEET e o IR 3535 afugentam os mosquitos por até quatro horas. A icaridina é a mais eficiente e consegue os insetos por até 10 horas, reduzindo a quantidade de aplicação ao longo do dia. Foto: STOCKXPERT/ARQUIVO
Erro: Não priorizar as áreas expostas na hora de aplicar o repelente, como o rosto, pernas e braços, também é um erro. Aplicar o produto em todo o corpo aumenta as chances de intoxicação . Foto: iStock
Erro: aplicar repelente em ambientes fechados também aumenta as chances de intoxicação. Prefira lugares abertos, onde o ar circula mais e o odor do produto se dispersa melhor . Foto: iStock
Erro: passar repelentes em crianças com menos de dois anos de idade. Mais sensível, a pele delas tem pouca defesa, absorvendo mais o produto, o que pode gerar complicações  sistêmicas, neurológicas e pulmonares. Foto: iStock
Erro: dormir com o repelente no corpo não é uma boa prática. O produto pode passar para os lençóis e acabar contato com áreas sensíveis, como olhos e a boca. Tome um banho antes de deitar . Foto: iStock
Erro: Não lavar as mãos, especialmente das crianças, depois da aplicação do repelente. As mãos sujas com o produto podem acabar em contato com os olhos e a boca, o que pode causar intoxicação. Foto: iStock
Erro: aplicar o repelente nas áreas próximas das mucosas (olho, nariz e boca). Foto: iStock
Erro: passar o repelente em áreas feridas do corpo. Isso aumenta a chance de intoxicação . Foto: iStock
Erro: tratar os repelentes naturais, como a citronela, como inofensivos é um equivoco. Além de não ter eficácia comprovada, eles ainda podem causar reações alérgicas  . Foto: iStock
O primeiro erro que alguém pode cometer é tratar todos os repelentes como iguais, passando-os sem considerar suas diferenças quanto à durabilidade e efeitos . Foto: iStock