sexta-feira, 17 de julho de 2015

'Seu Moacir', aposentado mais idoso do país vive em Rio das Ostras

Rio - O antigo sertanejo tocou por um motivo especial no baile do Centro do Idoso de Rio das Ostras. Era este tipo de música que Moacir de Jesus escutava quando era segurança de um fazendeiro baiano, na época em que Getúlio Vargas presidia o país. Balançando na cadeira de rodas como uma forma de dança, mesmo debaixo de sol escaldante, ele aproveitava mais uma tarde de quinta-feira de seus 114 anos. Lúcido e bem disposto fisicamente. 
De acordo com a Prefeitura de Rio das Ostras, técnicos do Ministério da Previdência estiveram recentemente no município atestando que se trata do idoso com mais tempo de aposentadoria no Brasil, há 54 anos. “Ele topa tudo. Se chamar para passear ele vai, é cheio de vitalidade. A família cuida bem e ele é muito ativo. Acho que é disso que um idoso precisa”, disse a secretária de Assistência Social, Rose Santos. 
O veterano Moacir é estrela da festa, ao lado de Florisbela, 102 anos
Foto:  Divulgação
Pai de 12 filhos, avô de 14 netos e bisavô de mais de 30, ‘Seu Moacir’ é membro do projeto Feliz Idade, que promove cuidados para mais de 2 mil pessoas, entre as quais, Dona Florisbela, de 102 anos, que, vestida de noiva, acompanhou o veterano no baile. “É a alegria em pessoa, fizeram um lindo par”, contou Rose. A cidade se orgulha de apresentar a maior expectativa de vida do interior do Estado do Rio: o índice de longevidade chega a 0,854, em média, superior a 76 anos, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano, do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). 
Quando soube que teria carona e o baile rememoraria antigos clássicos do cancioneiro nordestino, ‘Seu Moacir’ se convenceu de que valia a pena acordar mais cedo do que o habitual e se preparar. Apesar da boa disposição, levantar da cama antes das 11 horas não é um hábito faz tempo: “Eu já acordei cedo muitas vezes nessa vida. Agora levanto por conta própria”, comenta. 
Até o ano passado, ele não dispensava uma cervejinha, que teve de cortar por aconselhamento médico. No entanto, sua rotina é normal. E com direito a feijoada no fim de semana.“Acho que o segredo são as ervas do mato. Ele nunca tomou remédios de farmácia”, revelou a neta Auriete de Jesus, de 43 anos, que acolheu e cuida do avô. 
Moacir deixou Itamaraju (BA) faz tempo e, segundo os familiares, “fez um pouco de tudo nessa vida”. Como lavrador, cultivou o cacau, que marcou um período áureo da economia brasileira. Morou em todas as regiões do país. “Ele esquece algumas coisinhas, mas tem uma cabeça boa e muitas histórias diferentes para contar. Participou até de guerras”, diz Auriete. 
Ver o mundo mudar tanto também trouxe uma tristeza para o o antigo lavrador. “Hoje é tudo muito violento, não era assim”, opina. Mas é quando ele liga o rádio que sente mais saudade de antigamente. “Só toca palhaçada”, brinca ele, que perde muito pouco para o homem mais idoso do mundo, o japonês Jiroemon Kimura, de 116 anos, de acordo com o Guinness Book.

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