segunda-feira, 18 de maio de 2015

Morre indiana que ficou 42 anos em coma depois de sofrer estupro brutal

Enfermeira sofreu danos após ser estuprada no hospital onde trabalhava; caso levou a lei que permite a eutanásia passiva

Morreu nesta segunda-feira (18) na Índia a enfermeira Aruna Shanbaug, que estava em coma havia 42 anos, após ser estuprada.

Médicos e enfermeiras do hospital onde Aruna Shanbaug ficou internada eram contra sua eutanásia
Press Trust of India
Médicos e enfermeiras do hospital onde Aruna Shanbaug ficou internada eram contra sua eutanásia

Seu caso gerou um intenso debate sobre eutanásia no país, com pessoas defendendo que ela continuasse a ser alimentada por tubos e outras defendendo que se colocasse um fim em sua "agonia".
Shanbaug era enfermeira do hospital King Edward Memorial de Mumbai, onde ficou internada até está segunda-feira; ela sofreu graves danos cerebrais e ficou paralisada após ser violentada, em 1973, quando tinha 25 anos. O estuprador era um faxineiro do hospital que a estrangulou usando uma corrente de metal.
Debate
Em 2001, a Suprema Corte da Índia rejeitou um pedido de eutanásia a Shanbaug, após um grupo de médico examiná-la.
A solicitação de que se interrompesse a alimentacaçãp da enfermeira foi negada porque representantes do hospital disseram que ela "conseguia aceitar comida, respondia com expressões faciais e fazia sons".
Segundo os médicos, pacientes em estado vegetativo estão acordados, e não em um coma propriamente dito, mas não têm percepção do que acontece ao seu redor por conta do dano cerebral.
No entanto, mesmo a eutanásia tendo sido negada à enfermeira, o julgamento foi considerado histórico porque acabou tornando legal no país a chamada eutanásia passiva.
Veja os países mais perigosos para as mulheres
Afeganistão: em 2011, Sahar Gul, então com 15 anos, foi espancada pela família do marido após rejeitar se prostituir. Foto: Reprodução/Youtube
Afeganistão: afegã com rosto marcado por ataque de ácido protesta contra execução pública de suposta adúltera (2012). Foto: AFP
China: por causa da política do filho único, Feng Jianmei foi obrigada a abortar aos 7 meses de gravidez em 2012. Foto: Reprodução/Youtube
Etiópia: até 85% da população feminina sofreu mutilação genital no país, diz OMS. Rito é prática em várias aldeias africanas. Foto: Reprodução/Youtube
Arábia Saudita: em 2011, ano em que as mulheres conquistaram o direito ao voto, Shaima Ghassaniya foi chicoteada por dirigir. Foto: Reprodução
Nepal: prostituição infantil é um dos maiores problemas no país. Até 7 mil meninas entram no setor todos os anos. Foto: Reprodução/Youtube
Somália: mulheres passam dias na fila para se instalar em Dadaab, maior campo de refugiados do mundo. Foto: Getty Images
Índia: 24.206 casos de estupro foram registrados em 2011. Maioria das mulheres tem entre 18 e 30 anos. Em 94% dos casos, o agressor é alguém próximo. Foto: Getty Images
Índia: mulheres são vendidas, casam-se a partir dos 10 anos e sofrem violência doméstica. Casos de queimaduras e trabalho escravo são comuns. Foto: Reuters
Paquistão: Mukhtar Mai foi condenada a estupro coletivo por anciãos de sua aldeia porque seu irmão se envolveu com mulher de outro clã. Foto: Getty Images
Paquistão: Iram Ramzan (E.), 10 anos, foi espancada pela patroa (D) até a morte. Mais de 12 milhões de crianças trabalham no país. Foto: BBC
Congo: congolesa não identificada foi estuprada por homens de milícia armada que ocuparam Livungi, onde ela morava. Estupros são arma de guerra no país. Foto: NYT
Congo: no país cujo IDH é de apenas 0,239, há 115 óbitos a cada 1 mil nascidos vivos e pelo menos 76% da população está subnutrida. Foto: Getty Images
Afeganistão: em 2011, Sahar Gul, então com 15 anos, foi espancada pela família do marido após rejeitar se prostituir. Foto: Reprodução/Youtube
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 Médicos e enfermeiras do hospital onde Aruna Shanbaug ficou internada eram contra sua eutanásia
Nessa prática, não se ministra nenhum medicamento que provoque a morte do paciente, apenas se interrompem cuidados médicos que tenham como objetivo prolongar a vida.
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Com a aprovação, esse tipo de autanáisa pôde ser permitida em alguns casos, se o pedido for feito por médicos e for aprovado na Justiça.
Pneumonia
Durante essas mais de quatro décadas, Shanbaug foi transferida para a UTI diversas vezes. Na última, na semana passada, ela foi colocado em um ventilador após ter dificuldades de respirar. Segundo um porta-voz do hospital, ela morreu por conta de uma pneumonia. 
"Ela finalmente conseguiu voar para longe. Mas antes disso, deu à Índia uma lei sobre eutanásia passiva", disse à BBC a jornalista Pinki Virani, que escreveu o livro Aruna’s Story, sobre o caso.
Virani foi a autora do pedido à Suprema Corte indiana para que autorizasse a eutanásia da enfermeira e colocasse um fim à sua "insuportável agonia".
Vários defensores de direitos humanos apoiaram a causa da jornalista, mas diretores, médicos e enfermeiros do hospital em que ela trabalhava se opuseram ao pedido.
Segundo o jornal indiano the Hindustan Times, o estuprador da Shanbaug, Sohanlal Bharta Valmiki, cumpriu sete anos de prisão após ser condenado por roubo e tentativa de suicídio. No entanto, ele não foi condenado por estupro, já que sodomia não era considerado estupro pelas leis indianas da época.
O então namorado de Shanbaug, o médico residente Sundeep Sardesai, esperou por sua recuperação por quatro anos, mas depois foi morar no exterior e acabou casando com outro pessoa.

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