Inca lança diretrizes para reverter índices da doença, que mata 22,4% das mulheres que adoecem
No Brasil, uma em cada cinco mulheres que tem câncer de mama não sobrevive. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), dos 49 mil novos casos previstos para o ano de 2010, 11 mil vão terminar em morte. A taxa de mortalidade em 22,4% dos casos é sete pontos porcentuais acima da registrada nos Estados Unidos (15%).
Para tentar reverter este índice e aumentar a sobrevida das mulheres, o Inca lançou nesta sexta-feira, 15, sete diretrizes classificadas como fundamentais para mudar o quadro. Segundo a entidade, os passos traçados não são obrigatórios, mas caso os gestores adotem todas as medidas, “há potencial para reduzir a mortalidade por câncer de mama no Brasil”, afirmou o órgão, que é ligado ao governo federal.
As medidas traçadas englobam desde mudanças de hábitos, como a prática de exercício físico e a adoção de uma dieta saudável, e também pedem uma atenção maior dos ginecologistas com a reposição hormonal, recurso indicado em especial para amenizar os sintomas da menopausa, mas que pode servir como fator desencadeante do tumor maligno das mamas.
Rapidez
A maior parte das iniciativas preventivas da mortalidade, porém, depende exclusivamente das autoridades de saúde para ser cumprida. A meta número 3, por exemplo, define que: “Toda mulher com nódulo palpável na mama e outras alterações suspeitas tenha direito a receber diagnóstico no prazo máximo de 60 dias”.
Segundo os especialistas, a disseminação das informações sobre o autoexame da mama criou uma situação de difícil equilíbrio. A paciente sente uma alteração no seio, mas não consegue ser acolhida pela unidade de saúde. A oportunidade de então conseguir um diagnóstico precoce e, assim, ampliar a chance de sobrevivência, acaba perdida.
Estudo divulgado na semana passada pela Federação Brasileira de câncer de Mama (Femama) revelou que no País apenas 10% das mulheres descobrem a neoplasia maligna das mamas em uma fase em que as chances de cura são totalmente garantidas.
Radioterapia
Uma outra proposta traçada hoje pelo Inca, em parceria com a Sociedade Americana de Câncer, é adequar a oferta de radioterapia para tratar o câncer de mama.
Os ciclos de radioterapia duram de cinco a seis semanas e, em todo o Brasil, há muita demanda pelo tratamento (a fila de espera é estimada em 100 mil pessoas pela Sociedade Brasileira de Radioterapia).
“Ocorre que esses tratamentos, muitas vezes, não são concluídos em razão do tempo prolongado”, diz o oncologista clínico e coordenador do Grupo de Câncer de Mama do Inca, José Bines. As reuniões agora são focadas para otimizar o tratamento com menos sessões de radioterapia sem prejuízo da sua efetividade.
“Inglaterra e Canadá, por exemplo, já oferecem séries de radioterapia mais curtas”, diz Bines. São ciclos que duram três semanas.
Mais exames e menos mortes
Segundo os números divulgados hoje pelo Inca, entre 2000 e 2007, o Brasil aumentou em 118% a produção de mamografias, exame tido como principal para detectar o câncer de mama. Em 2000, foram realizadas 1,3 milhões; em 2007, 2,9 milhões (último número divulgado). Os procedimentos diagnósticos e terapêuticos também foram ampliados – as ultrassonografias de mama, por exemplo, aumentaram em 73% em todo o país, de janeiro de 2000 a novembro de 2009.
A avaliação dos especialistas é de que a rapidez em oferecer tratamento à mulher com algum indício de câncer de mama é a única forma de fazer com que esta ampliação da oferta de exames fundamentais seja acompanhada da redução da mortalidade.
Sem força de lei
O Inca ressaltou que as diretrizes traçadas para diminuir a mortalidade do câncer de mama, não têm força de lei e servem para mobilizar todas as pessoas envolvidas.
Entretanto, o fato de existir uma legislação sobre o câncer de mama não é garantia de que a determinação será cumprida. Desde 1998, vigora no País uma lei que determina o direito de toda mulher com câncer de mama ter acesso a cirurgia de reconstrução do seio, técnica eficiente para apagar as marcas estéticas da doença e melhorar a autoestima das pacientes.
Ainda assim, levantamento feito pelo Delas no banco virtual do Ministério da Saúde mostrou que entre janeiro e agosto de 2010 foram feitas 4.741 operações plásticas reparadoras. O índice revela que uma minoria tem acesso ao procedimento, já que para o semestre, em média, são registrados em média 25 mil novos casos de câncer de mama.
Os passos para diminuir o câncer de mama
1. Toda mulher deve ter amplo acesso à informação com base científica e de fácil compreensão sobre o câncer de mama
2. Toda mulher precisa ficar alerta para os primeiros sinais e sintomas do câncer de mama e procurar avaliação médica
3. Toda mulher com nódulo palpável na mama e outras alterações suspeitas tem direito a receber diagnóstico no prazo máximo de 60 dias
4. Toda mulher de 50 a 69 anos deve fazer mamografia a cada dois anos
5. Todo serviço de mamografia deve participar de programa de qualidade em mamografia. A qualificação, quando obtida, deve ser exibida em local visível às usuárias
6. Toda mulher deve saber que o controle do peso corporal e da ingestão de álcool, além da amamentação e da prática de atividades físicas, são formas de prevenir o câncer de mama
7. A terapia de reposição hormonal, quando indicada na pós-menopausa, deve ser feita sob rigoroso acompanhamento médico, pois aumenta o risco de câncer de mama
Nenhum comentário:
Postar um comentário