segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Fotógrafa conta como venceu a esquizofrenia após 10 anos sem sair de casa

A fotógrafa britânica Alice Evans estava na universidade quando teve o primeiro episódio de esquizofrenia. Depois do diagnóstico, ela não saiu da casa dos pais durante dez anos. 
Abaixo, Alice dá seu depoimento à BBC: 
Alice Evans
Alice Evans/Arquivo pessoal
Alice Evans

Eu tinha cerca de 20 anos e estudava na universidade quando fiquei muito mal. Tinha vindo de um vilarejo rural em Devon e era minha primeira vez em uma cidade. 
Quando cheguei à universidade foi assustador, mas fiz alguns amigos e estava gostando do curso de teatro. Mas não conseguia me livrar dos pensamentos depressivos que tive durante minha adolescência. 
Tinha três empregos para pagar pela faculdade e ainda tinha que estudar. Tudo isso foi muito pesado. Com o passar do tempo parei de dormir e foi aí que os problemas realmente começaram. Senti como se o mundo tivesse perdido as cores. É a única forma de descrever. Tudo se transformou em um tom tedioso de cinza.
Alice Evans
Alice Evans/Arquivo pessoal
Alice Evans

Pensamentos e frases começaram a desaparecer de minha mente. Eu pensava em algo e deixava ir em embora. Puf! E não conseguia falar. As palavras simplesmente não saíam da minha boca.
Eu tinha medo o tempo todo, especialmente quando comecei a ouvir outras vozes no rádio e na TV. Eu não sabia o que estava acontecendo e não tinha ideia do quanto eu já estava doente.
Um fim de semana minha tia e meu tio me visitaram e, enquanto andávamos pela cidade, notei que não havia pessoas, de repente todas elas desapareceram e todos os prédios tinham desabado. Eu estava andando sozinha em uma cidade abandonada.

Aquele período da minha vida é incrivelmente nebuloso para mim. Eu estava tão confusa, assustada e cansada que realmente não me lembro de muita coisa. E, porque eu não conseguia falar, não conseguia dizer para meus amigos e família o quanto a situação estava grave. Na verdade, acho que nem percebi. Quando você vive a psicose, na maior parte do tempo você está assustada demais para falar.Claro que isto não estava acontecendo de verdade, mas quando você está no meio de um episódio psicótico aquela experiência do mundo é sua realidade. Não é como se estalando os dedos você pudesse voltar ao normal.

Um dia saí de casa, desorientada, sem saber onde estava indo. Sem ninguém para ajudar, vaguei pelas ruas da cidade sozinha e confusa, entrando em ônibus para tentar ir para casa sem saber para onde eles iam.
Alice Evans
Alice Evans/Arquivo pessoal
Alice Evans

De alguma forma – até hoje não sei como – alguns amigos me encontraram angustiada e me levaram para a casa dos meus pais em Devon. Depois disso, eu não saí da casa durante dez anos.
Médicos
Meus pais me levaram para um psiquiatra que conversou gentilmente comigo e me deu remédios para diminuir os chamados sintomas "positivos" da esquizofrenia. Entre estes estão alucinações, ilusões e a confusão que eu estava tendo.
Foi muito bom ouvir o diagnóstico. Esquizofrenia. Pelo menos eu sabia com o que tinha que lidar, tinha uma resposta e poderia seguir em frente.
Os medicamentos ajudaram quase imediatamente, mas eu realmente queria conversar com alguém em sessões de terapia. Naquela época havia uma falta de verbas para este tipo de tratamento na rede pública, algo que continua sendo um problema para pessoas com problemas mentais hoje.
Com os remédios, comecei a fazer pequenos avanços para me recuperar. Comecei a falar um pouco e conseguia tomar banho, os cuidados pessoais básicos. Qualquer um que diga que doença mental não é debilitante está errado.
Infelizmente, os remédios tiveram um efeito na minha saúde física e, no fim do ano seguinte, eu tinha engordado 63,5 quilos devido aos efeitos colaterais.
Quando engordei tudo ficou mais difícil. Me sentia pouco atraente, relutante em ver meus amigos e ainda tinha medo de sair, então era difícil me exercitar.
Depois de alguns anos consegui um emprego em um pub local. Colocava os fones de ouvido e ouvia música enquanto trabalhava, então eu gostava muito. Mas, infelizmente, eu ficava doente e não conseguia manter um emprego. Tudo parecia ser um círculo vicioso.
Então, algo miraculoso aconteceu e eu acabei fazendo alguns amigos. Eu gostava muito de arte e música antes de ficar doente e minha mãe me convenceu a entrar em um grupo de teatro local.
Fiquei com medo da perspectiva de conhecer novas pessoas e atuar em um palco, mas todos me receberam bem e eu fiquei com um papel na peça que estavam encenando. Não conseguia lembrar minhas falas, mas ninguém parecia se importar, os outros eram rápidos e engraçados e conseguiam preencher quando eu esquecia.
Meu melhor amigo no grupo, Tristan, me apoiava muito. Contei a ele que tinha esquizofrenia, ele já tinha passado por problemas de saúde mental também. Um dia ele anunciou que planejava entrar em uma universidade e sugeriu que eu tentasse também.
Estava aterrorizada, mas, com o apoio dele, tentei. Para minha surpresa, fui aceita na Escola de Arte Chelsea. Minha vida começou.
Fotos e filmes
Comecei a fazer fotos e filmes que expressavam como eu meu sentia. Me comunicava melhor por aqueles meios do que por palavras.
Outro passo importante foi que fui indicada para uma ótima equipe de saúde mental que me ajudou a obter o apoio que precisava para ser mais independente. E os funcionários e estudantes do colégio de arte me deram todo o apoio que precisava.
Dois anos atrás, tive outro pequeno problema quando meu ganho de peso me impediu de me recuperar totalmente de uma infecção e passei dez dias em cuidados intensivos com um caso grave de asma.
Felizmente fiquei bem depois, o bastante para uma cirurgia que me ajudou a perder peso, outro passo importante na minha recuperação.
Alice Evans
Alice Evans/Arquivo pessoal
Alice Evans

Comecei a trabalhar como voluntária em uma instituição de caridade local voltada para saúde mental, o que me deu mais experiência. Eles me indicaram para terapia, o que foi fundamental na minha recuperação. Mas a organização teve cortes de verbas e o escritório onde eu trabalhava foi fechado.
Antes disso, eles me ajudaram a tentar o mestrado na Royal College of Art e eu comecei a trabalhar como professora. Agora estou tentando o doutorado.
Precisei de 20 anos para chegar a este ponto da recuperação e ainda tenho problemas. Esquizofrenia é uma doença muito difícil de conviver e tenho sorte de ter o apoio da minha família e amigos.
Se pudermos desafiar o preconceito, conseguir investimento apropriado em saúde mental, demonstrar gentileza e dar apoio aos que enfrentam problemas como esquizofrenia, então as pessoas não serão abandonadas pelo tempo que eu fui.
Esquizofrenia
- Geralmente tem início no começo da vida adulta.
- Os sintomas podem ser divididos em "positivos" e "negativos". Sintomas positivos incluem vivência de experiências que não são reais (alucinações) e ilusões. Já os sintomas negativos incluem falta de motivação e reclusão. Estes sintomas, geralmente, duram mais tempo.
- Pessoas com esquizofrenia têm uma expectativa de vida em média 15 anos menor do que pessoas sem o problema.

Sete passos para diminuir mortes por câncer de mama

Inca lança diretrizes para reverter índices da doença, que mata 22,4% das mulheres que adoecem

No Brasil, uma em cada cinco mulheres que tem câncer de mama não sobrevive. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), dos 49 mil novos casos previstos para o ano de 2010, 11 mil vão terminar em morte. A taxa de mortalidade em 22,4% dos casos é sete pontos porcentuais acima da registrada nos Estados Unidos (15%).
Getty Images
Uma das metas para reduzir o câncer de mama é começar o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico feito pela mamografia
Para tentar reverter este índice e aumentar a sobrevida das mulheres, o Inca lançou nesta sexta-feira, 15, sete diretrizes classificadas como fundamentais para mudar o quadro. Segundo a entidade, os passos traçados não são obrigatórios, mas caso os gestores adotem todas as medidas, “há potencial para reduzir a mortalidade por câncer de mama no Brasil”, afirmou o órgão, que é ligado ao governo federal.
As medidas traçadas englobam desde mudanças de hábitos, como a prática de exercício físico e a adoção de uma dieta saudável, e também pedem uma atenção maior dos ginecologistas com a reposição hormonal, recurso indicado em especial para amenizar os sintomas da menopausa, mas que pode servir como fator desencadeante do tumor maligno das mamas.
Rapidez
A maior parte das iniciativas preventivas da mortalidade, porém, depende exclusivamente das autoridades de saúde para ser cumprida. A meta número 3, por exemplo, define que: “Toda mulher com nódulo palpável na mama e outras alterações suspeitas tenha direito a receber diagnóstico no prazo máximo de 60 dias”.
Segundo os especialistas, a disseminação das informações sobre o autoexame da mama criou uma situação de difícil equilíbrio. A paciente sente uma alteração no seio, mas não consegue ser acolhida pela unidade de saúde. A oportunidade de então conseguir um diagnóstico precoce e, assim, ampliar a chance de sobrevivência, acaba perdida.
Estudo divulgado na semana passada pela Federação Brasileira de câncer de Mama (Femama) revelou que no País apenas 10% das mulheres descobrem a neoplasia maligna das mamas em uma fase em que as chances de cura são totalmente garantidas.
Radioterapia
Uma outra proposta traçada hoje pelo Inca, em parceria com a Sociedade Americana de Câncer, é adequar a oferta de radioterapia para tratar o câncer de mama.
Os ciclos de radioterapia duram de cinco a seis semanas e, em todo o Brasil, há muita demanda pelo tratamento (a fila de espera é estimada em 100 mil pessoas pela Sociedade Brasileira de Radioterapia).

“Ocorre que esses tratamentos, muitas vezes, não são concluídos em razão do tempo prolongado”, diz o oncologista clínico e coordenador do Grupo de Câncer de Mama do Inca, José Bines. As reuniões agora são focadas para otimizar o tratamento com menos sessões de radioterapia sem prejuízo da sua efetividade.
“Inglaterra e Canadá, por exemplo, já oferecem séries de radioterapia mais curtas”, diz Bines. São ciclos que duram três semanas.
Mais exames e menos mortes
Segundo os números divulgados hoje pelo Inca, entre 2000 e 2007, o Brasil aumentou em 118% a produção de mamografias, exame tido como principal para detectar o câncer de mama. Em 2000, foram realizadas 1,3 milhões; em 2007, 2,9 milhões (último número divulgado). Os procedimentos diagnósticos e terapêuticos também foram ampliados – as ultrassonografias de mama, por exemplo, aumentaram em 73% em todo o país, de janeiro de 2000 a novembro de 2009.
A avaliação dos especialistas é de que a rapidez em oferecer tratamento à mulher com algum indício de câncer de mama é a única forma de fazer com que esta ampliação da oferta de exames fundamentais seja acompanhada da redução da mortalidade.
Sem força de lei
O Inca ressaltou que as diretrizes traçadas para diminuir a mortalidade do câncer de mama, não têm força de lei e servem para mobilizar todas as pessoas envolvidas.
Entretanto, o fato de existir uma legislação sobre o câncer de mama não é garantia de que a determinação será cumprida. Desde 1998, vigora no País uma lei que determina o direito de toda mulher com câncer de mama ter acesso a cirurgia de reconstrução do seio, técnica eficiente para apagar as marcas estéticas da doença e melhorar a autoestima das pacientes.
Ainda assim, levantamento feito pelo Delas no banco virtual do Ministério da Saúde mostrou que entre janeiro e agosto de 2010 foram feitas 4.741 operações plásticas reparadoras. O índice revela que uma minoria tem acesso ao procedimento, já que para o semestre, em média, são registrados em média 25 mil novos casos de câncer de mama.
Os passos para diminuir o câncer de mama
1. Toda mulher deve ter amplo acesso à informação com base científica e de fácil compreensão sobre o câncer de mama
2. Toda mulher precisa ficar alerta para os primeiros sinais e sintomas do câncer de mama e procurar avaliação médica
3. Toda mulher com nódulo palpável na mama e outras alterações suspeitas tem direito a receber diagnóstico no prazo máximo de 60 dias
4. Toda mulher de 50 a 69 anos deve fazer mamografia a cada dois anos
5. Todo serviço de mamografia deve participar de programa de qualidade em mamografia. A qualificação, quando obtida, deve ser exibida em local visível às usuárias
6. Toda mulher deve saber que o controle do peso corporal e da ingestão de álcool, além da amamentação e da prática de atividades físicas, são formas de prevenir o câncer de mama
7. A terapia de reposição hormonal, quando indicada na pós-menopausa, deve ser feita sob rigoroso acompanhamento médico, pois aumenta o risco de câncer de mama

    Ela descobriu que estava grávida logo depois do diagnóstico de câncer de mama

    “Fiquei tão feliz quando soube que o bebê estava bem que a doença em si ficou em segundo plano”, conta a mãe

    Renan, que em abril completará dois anos, nasceu saudável, sem possíveis sequelas causadas pela quimioterapia
    Arquivo pessoal
    Renan, que em abril completará dois anos, nasceu saudável, sem possíveis sequelas causadas pela quimioterapia
    Patrícia Malim, de 40 anos, tinha histórico de câncer de mama na família. A avó materna teve a doença e ela, por isso, já se cuidava desde os 28 anos. Mamografia e ecografia de mamas eram feitas anualmente desde essa idade, ao passo que para a população geral esses exames só são recomendados a partir dos 40 anos. Mesmo com todo esse cuidado, aos 38 anos, ela descobriu que estava com câncer. Não bastasse o diagnóstico, soube também que estava grávida.
    Patrícia tinha um nódulo benigno no seio direito e fazia acompanhamento havia três anos. Em 2012, no entanto, houve uma alteração no tamanho e se transformou em um nódulo palpável. “Parecia uma azeitona”, conta. A administradora de empresas diz que as características não apontavam malignidade. “Fiz uma nova mamografia, nova ecografia, punção com agulha fina e, por último, biópsia com agulha grossa. Esse último exame foi o mais preciso para diagnosticar que era maligno”, lembra.
    “Eu me senti sem chão depois do diagnóstico, até porque realmente achava que não era maligno, os próprios médicos assim pensaram. No entanto, graças à persistência do meu mastologista, fizemos o último exame”, conta. “A sensação é de impotência diante de um fato. Medo do que virá pela frente, da cirurgia, dos exames, do tratamento. Tudo desconhecido e assustador, pois se tratava de um câncer”.
    Uma semana
    A dificuldade de diagnóstico aconteceu porque não era um tipo comum de câncer de mama. “Era um carcinoma lobular invasivo. O carcinoma ductal é mais comum, portanto tem diagnóstico mais rápido. O meu não, o meu cresceu rapidamente. Costumo dizer que foi da noite para o dia”, conta Patrícia.
    Exatamente uma semana antes da cirurgia de retirada total da mama, enquanto fazia os exames preparatórios, Patrícia descobriu que ela não estava mais sozinha, tinha uma vida em formação dentro do ventre.
    “Quando recebi o diagnóstico, a gravidez estava bem no início, aproximadamente em cinco semanas. Eu não sabia, nem me passava pela cabeça, pois estava na correria com os exames e sinceramente não estava tentando ter filhos. Na verdade, nem queríamos”, conta ela.
    Quando foi para o centro cirúrgico, o bebê havia sido concebido há apenas oito semanas. “Naquela ocasião, já pude ouvir os batimentos cardíacos do meu filho”, conta ela.
    “Passado o susto inicial, não tive problemas para encarar. Não me importava de retirar a mama, nunca tive aquela neura de me sentir mal com isso. Sou muito forte nesse ponto. Mas, quando soube que estava grávida, tudo ficou mais difícil”, conta. Ela acrescenta que os médicos não tinham esperança de que o bebê sobrevivesse à cirurgia. “Na verdade, foram unânimes na opinião de que ocorreria um aborto durante a cirurgia”, diz.
    A cirurgia, no entanto, foi um sucesso. “O grande salvador nessa história foi o anestesista. Esse abençoado foi me anestesiando em doses homeopáticas, durante toda a cirurgia”, lembra. “Mas antes me perguntou se eu tinha consciência de que seria difícil segurar a gravidez naquelas circunstâncias. Eu disse: ‘ok, seja o que Deus quiser’. E Ele quis o melhor”, comemora.
    “Fiquei tão feliz quando soube que o bebê estava bem que a doença em si ficou em segundo plano”, conta ela.

    No quinto mês de gravidez, a quimioterapia começou. “O oncologista me explicou que depois dessa fase, esse tratamento não representa mais uma ameaça”, diz. Patrícia conta que não teve nenhum tipo de efeito colateral, mas seus cabelos começaram a cair.Quimioterapia

    “Psicologicamente eu estava ótima, mas quando o cabelo começa a cair, não tem jeito: todas as mulheres ficam mal - e muito mal. A tal vaidade pega mesmo”, descreve.
    “Se não estivesse grávida seria submetida à radioterapia. Como não podia, meu tratamento quimioterápico seguiu até 15 dias antes da cesariana. Meu bebê nasceu com 36 semanas, pois o médico ficou com medo de esperar mais e eu entrar em trabalho de parto”, conta.
    Renan, que em abril completará dois anos, nasceu saudável, sem possíveis sequelas causadas pela quimioterapia. “Não pude amamentar, apesar de ter a mama esquerda em condições para isso, porque os médicos decidiram interromper a produção de leite. Os hormônios, nessas circunstâncias, poderiam estimular uma metástase”, conta.
    Hoje, a moradora de Curitiba, no Paraná, está livre do câncer e apenas faz o tratamento padrão durante cinco anos, para evitar que a doença ressurja.
    Gravidez e câncer
    Momento desejado para muitas mulheres, receber o diagnóstico de um câncer em meio a uma gravidez normalmente é angustiante. A oncologista do Hospital A.C. Camargo, Solange Moraes, no entanto, explica que o tratamento é adequado para tratar o problema sem prejudicar o bebê.
    É preciso entender qual o risco que o tumor traz para o paciente. “Alguns não podem esperar nada para serem tratados. Para outros, é possível passar o primeiro trimestre da gestação para depois fazer a quimioterapia”, explica Solange. A radioterapia, no entanto, é descartada por trazer sérios riscos ao feto, mesmo depois da fase mais crítica.
    Os três primeiros meses da gravidez são delicados porque é o momento em que os órgãos são formados. “Se fazemos a quimioterapia, há um risco muito grande de aborto e má-formação fetal. Se eventualmente a mãe tem um tumor extremamente agressivo e não pode esperar esses três meses, e se não tratar a mãe pode morrer, pode ser inclusive uma indicação de uma interrupção da gravidez”, explica a médica.
    Os tipos de câncer mais comuns nas mulheres jovens, segundo a oncologista, são os mais agressivos e de proliferação muito alta. “Linfomas agressivos, sarcomas de crescimento rápido, alguns tipos de câncer de mama avançados, como tumores de mama com comportamentos agressivos”, conta ela.
    Algumas mulheres, no entanto, acabam engravidando no meio de um tratamento de câncer. “A fertilidade pode estar menor durante o tratamento e mesmo depois dele, mas há um risco significativo durante o tratamento. Por isso há uma orientação de anticoncepção muito restrita”, explica a oncologista.
    “Algumas mulheres não podem tomar anticoncepcional, por questões hormonais sobre o câncer, mas os outros meios com o DIU e preservativo são indicados”, diz Solange. “Durante o tratamento pode haver irregularidade menstrual, então não dá para saber o período fértil. Ela pode parar de menstruar, mas continuar ovulando”, alerta a médica.
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    “Descobri no outubro rosa”, conta mulher que superou câncer e pratica exercícios

    "Mudei totalmente, até minha personalidade mudou. Falo que foi Deus que me deu outra vida”, conta ela, que passou pelo tratamento sem se abalar

    Adelaide fazia mamografia todos os anos, e sempre estava saudável. Em 2013, no entanto, voltando ao médico para os exames de rotina, descobriu um nódulo no seio. Feita a punção e a biópsia, a notícia veio: era um carcinoma.
    Aos 49 anos e, até então, sem problemas de saúde, Adelaide fez a cirurgia para retirada específica do tumor e passou para o tratamento quimioterápico e radioterápico.  “Fiz tudo o que se tem que fazer no tratamento do câncer e hoje levo uma vida de superação”, comemora ela, que já está livre do câncer.
    Depois do tratamento contra o câncer e da remissão, Adelaide eliminou 17 quilos, faz exercícios físicos todos os dias e come saudavelmente
    Reprodução/Facebook/Adelaide Teixeira da Costa
    Depois do tratamento contra o câncer e da remissão, Adelaide eliminou 17 quilos, faz exercícios físicos todos os dias e come saudavelmente
    “Hoje vou à academia de segunda a sexta e, aos sábados e domingos, faço caminhada no parque. Ainda estou tomando remédio, já que tenho de tomar por cinco anos, mas estou superbem, fiz os outros exames e não deu mais nada”, comemora.
    Adelaide se considera uma sortuda, afinal, não sofreu com os efeitos desagradáveis da quimioterapia. “Não tive diarreia, vômito e nada disso. Depois de uns 10 dias da infusão, tinha algumas queimações no estômago, mas só depois desse tempo”, conta ela. “Eu comia muita comida forte, coisa forte e boa. É preciso se alimentar direito”, diz ela.
    Vida social
    Ela fez a cirurgia em outubro, seguida de quimioterapias. A radioterapia começou no março seguinte. No total, foi um ano de tratamento. Na radioterapia, no entanto, a herpes de Adelaide se manifestou. Por causa do tratamento, as mãos começaram a coçar muito, mas a reação foi só na pele, conta ela.
    Depois que terminei a quimioterapia e a radioterapia, já comecei a fazer meus exercícios. Tinha virado uma bola, por ter inchado muito"
    Adelaide conta que não deixou de fazer nada por causa do tratamento contra o câncer. “Minha imunidade não caiu, então não precisei usar máscaras. Eu não ficava em ambientes fechados, mas podia ir a restaurantes e ambientes abertos”.
    Câncer trouxe vida saudável
    Antes do câncer, ela não tinha o hábito de praticar exercícios físicos com frequência. Por ter engordado no tratamento, ela decidiu mudar a vida. “Tive uma fase em que engordei, fui para 84 quilos. Em três meses de exercícios e mudança na alimentação, porém, emagreci 16 quilos”, diz ela, comemorando.
    “Depois que terminei a quimioterapia e a radioterapia, já comecei a fazer meus exercícios. Tinha virado uma bola, por ter inchado muito”, conta ela.

    Muitas selfies em todos os lugares “Troquei a minha alimentação. É muito raro eu comer esses pães normais, troco por aqueles de linhaça e quinoa. Como queijo branco, café com pouco leite, chá e sempre saio com uma garrafinha de água na bolsa. Mudei totalmente, até minha personalidade mudou. Falo que foi Deus que me deu outra vida”, agradece ela, que foi do manequim 48 para o 40 e ganhou mais disposição e saúde.  

    Adelaide enfrentou a doença com muita garra e determinação. “Não é porque você teve a doença, está se tratando que tem de esquecer da vida. Tem mais é que viver, você tem que gostar mais de você”, aconselha ela.
    Desde o início do tratamento, em todos os lugares que vai, posta uma foto em redes sociais. “Se vou em um restaurante, em uma festinha de criança, ou o que for. Posto tudo”, diz ela, incentivando outras mulheres. “Eu sempre fui assim, muito para cima”.
    “Não é porque você teve a doença, está se tratando que tem de esquecer da vida
    Reprodução/Facebook/Adelaide Teixeira da Costa
    “Não é porque você teve a doença, está se tratando que tem de esquecer da vida", aconselha Adelaide

    Terremoto mata ao menos 70 pessoas no Afeganistão e no Paquistão

    De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o tremor nesta segunda-feira foi de 7,5 graus de magnitude

    O terremoto de magnitude 7,5 na escala Richter, que abalou hoje (26) uma área de montanhas do Nordeste do Afeganistão e do Paquistão, deixou ao menos 70 mortos, segundo os primeiros balanços.
    O tremor, particularmente longo, derroubou alguns edifícios e balançou outros no Afeganistão, na Índia e no Paquistão, forçando milhares de pessoas a fugirem para as ruas.
    Terremoto na fronteira entre Afeganistão e Paquistão
    Reprodução
    Terremoto na fronteira entre Afeganistão e Paquistão
    Segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro foi em Jurm, nas montanhas da província de Badakhshan, no extremo nordeste do Afeganistão, a uma profundidade de 213,5 quilômetros.
    O abalo durou um minuto e pelo menos uma réplica foi registrada pouco depois, de magnitude 4,8, segundo o USGS.
    Shah Wali Abib, governador de Badakhshan, informou que pelo menos 400 casas ficaram destruídas em sua província. Ele também mencionou as dificuldades de comunicação com a região, devido aos danos nas redes de transmissão.
    Na província vizinha de Takhar, 12 meninas morreram e 35 ficaram feridas ao fugirem em pânico de uma escola, informaram as autoridades locais. Na província de Nangarhar, pelo menos seis pessoas morreram e 69 ficaram feridas, segundo dados de um hospital local. O abalo foi sentido até na capital, Cabul, a 250 quilômetros do epicentro.
    Os primeiros balanços indicam que o tremor foi ainda mais forte no vizinho Paquistão, onde 52 pessoas morreram, de acordo com informações divulgadas pela France Presse.
    Pelo menos 28 pessoas morreram em áreas tribais do Norte do Paquistão, que fazem fronteira com o Afeganistão. Outras 20 morreram no Noroeste, três na região de Gilgit-Balistan e uma pessoa na parte paquistanesa de Caxemira, segundo as mesmas fontes.
    Há 10 anos no Paquistão, um terremoto de magnitude 7,6 causou mais de 75 mil mortos e 3,5 milhões de desalojados. “Esperamos que o número de vítimas não seja tão alto [como no sismo de 2005], pois o hipocentro foi muito profundo”, indicou um responsável da autoridade paquistanesa de gestão de catástrofes naturais que não quis ser identificado.