Pesquisa da USP, porém, mostra que motoristas mais velhos são mais cuidadosos
Uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) constatou que o tempo de reação de motoristas idosos para frear um automóvel é 39,6% maior em comparação ao de condutores jovens.
Conforme apontou o estudo, a média do tempo de reação a partir do momento que uma placa “Pare” é avistada até a frenagem foi 1,34 segundo para idosos, enquanto que o grupo de adultos jovens registrou 0,96 segundo. A pesquisa foi realizada com o uso de um simulador e teve a participação de 30 idosos e 15 adultos jovens.
Embora o tempo de reação seja maior, 97% dos idosos que participaram do estudo não se envolveram em acidentes nos últimos cinco anos, nem foram multados no último ano. O estudo detectou que os motoristas de idade avançada evitam colisões diminuindo drasticamente a velocidade do carro. “Intuitivamente ou não, eles diminuem a velocidade e aí têm um tempo maior para parar”, diz a pesquisadora do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, Angélica Castilho Alonso.
A pesquisa da USP salienta que com o aumento do número de idosos no País (o Brasil caminha para ter a quinta maior população idosa do mundo em 2020), as cidades precisarão se adaptar ao modo mais lento de motoristas mais velhos ao volante. “A adaptação não é proibir os idosos de dirigir. Teremos que pensar quais serão as modificações na cidade para que o idoso possa fluir sem atrapalhar o trânsito e sem correr riscos,” aconselha a pesquisadora.
“Nós pensávamos no idoso motorista como aquele que dirige em volta de sua residência, que leva os netos na escola. Mas esse perfil mudou 100%. Os nossos entrevistados afirmam que dirigem em horário de pico, na chuva, à noite, pegam estradas, sobem rampas, fazem conversões e baliza”, conta Angélica.
A idade dos avaliados na pesquisa foi 74,3 anos para homens e 69,4 para mulheres. Eles dirigem em média há 48,5 anos, e elas há 40,6 anos. Todos os participantes dirigem os próprios veículos em dias de chuva, vias congestionadas e no horário do rush e a maior parte dos motoristas consultados – 73% mulheres e 87% homens – também guia à noite.
Hora de pendurar as chaves?
“Abandonar a direção é muito ruim. Isso causa uma relação grande de dependência”, afirma Angélica Castilho. “O idoso deve ir se adaptando e respeitar suas limitações. Como os motoristas mais velhos em geral dirigem mais devagar, uma dica é trafegar sempre na faixa da direita. A família e a sociedade também têm de ajudar nesse processo. Uma buzinada por impaciência, por exemplo, pode assustar o motorista idoso e aí sim causar um acidente”, explica a pesquisadora.
Situações de risco
Dentro do grupo analisado, 30% dos entrevistados afirmaram que evitam dirigir em condições adversas, como em situações de baixa visibilidade ou trajetos muito longos. As mulheres, Angélica Castilho, são as que mais dizem evitar ou ter cautela nesse tipo de ocasião. “Guiar à noite, com chuva ou neblina requer mais atenção. O motorista deve ser sincero em saber se está apto ou não para encarar uma situação dessas”, sugere.
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