Gabriel Alves
As pessoas, vez ou outra, mentem para os médicos e outros profissionais da saúde. Mas qual o sentido de mentir se, quanto mais o profissional sabe a respeito do paciente, melhor é o cuidado?
Um estudo americano conduzido com 4.510 indivíduos aponta que de 60% a 80% das pessoas (idosos e jovens, respectivamente) omitem ao menos uma informação importante de seus médicos, como:
- não entender as instruções do pelo profissional de saúde;
- discordar das recomendações;
- não se exercitar regularmente;
- ter dieta não saudável;
- tomar determinado medicamento;
- não seguir as instruções de prescrição;
- tomar medicamento de outra pessoa.
Várias são as explicações para as omissões de informações importantes. As cinco respostas mais citadas foram estas:
- evitar ser julgado ou levar sermão;
- não querer sabe o quão perigosa foi a atitude em questão;
- vergonha;
- não passar a impressão de que é um paciente difícil de lidar;
- não tomar muito tempo do profissional.
Além do óbvio, que pacientes (especialmente os enfermos) podem ser mal assistidos por causa das informações incorretas ou faltantes, os autores concluem que é preciso encontrar meios de melhorar o nível de confiança entre pacientes e profissionais de saúde e de deixar os pacientes confortáveis para falar o que tem que ser dito.
“Fiquei surpresa com o número substancial de pessoas que não fornecem informações inofensivas, e que elas admitem isso”, diz Andrea Gurmankin Levy, autora do estudo e pesquisadora na Middlesex Community College, em Middletown (Connecticut, EUA). “Nós também temos que considerar uma interessante limitação do estudo de que os pacientes podem ter escondido informações sobre o que escondem dos médicos, o que significaria que estamos superestimando o quão prevalente é esse fenômeno.”
“Se pacientes não falam o que comem ou que remédio tomam, pode haver implicações significativas para a saúde. Especialmente se eles têm doenças crônicas”, diz Levy.
A pesquisa está publicada na revista Jama Network Open.
Folha de São Paulo
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