Primeira vítima europeia morreu nesta terça-feira (12), em Madri.
Desde março, mais de mil morreram na África; OMS decretou emergência.
O vírus ebola fez sua primeira vítima europeia nesta terça-feira (12). O missionário espanhol Miguel Pajares, de 75 anos, contraiu a doença na Libéria e foi transferido para um hospital da Espanha no dia 7. Desde março, a doença já matou mais de mil pessoas na África. E a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou emergência internacional por causa da epidemia. As autoridades de saúde estão preocupadas porque esta é a primeira vez que o ebola chega a cidades populosas.
Segundo os infectologistas Caio Rosenthal e Esper Kallás, o vírus é transmitido por mucosas (boca, nariz e olhos) ou feridas na pele em contato direto com sangue, tecidos, fluidos corporais ou secreções (fezes, urina, saliva, sêmen) de pessoas infectadas. A transmissão também pode ocorrer pelo contato com animais (mamíferos como chimpanzés, porcos-espinhos, morcegos ou antílopes) ou objetos contaminados, como roupas, roupas de cama ou agulhas usadas por pacientes. O contágio pelo vírus, portanto, não ocorre pela água, por alimentos ou pelo ar.
Pelo alto risco de transmissão, pessoas que morreram por ebola devem ser manipuladas apenas por quem esteja usando roupas de proteção e luvas. O corpo deve ser enterrado imediatamente. O período em que a pessoa infectada pode transmitir a doença começa após o surgimento dos sintomas – o primeiro deles é a febre, depois o vírus causa dor nos músculos e articulações, problemas de estômago e intestino. Durante o período de incubação, o paciente não transmite o ebola. As pessoas podem infectar outras enquanto seu sangue e secreções contiverem o vírus.
Para que a doença não se espalhe, os sintomas devem ser monitorados dia e noite, principalmente nos aeroportos. Segundo a OMS, porém, não há restrições de viagens para os países que apresentam transmissão, porque o risco de infecção para viajantes é baixo – já que é preciso haver contato direto com uma pessoa infectada, o que tem acontecido principalmente em vilas e povoados rurais. Quem viaja a trabalho para cidades da Guiné, Libéria e Serra Leoa deve evitar contato com pessoas ou animais doentes.
Pelas características da infecção pelo ebola, a possibilidade de ocorrer uma disseminação global é muito baixa. Desde sua descoberta, em 1976, o vírus tem produzido, ocasionalmente, surtos em um ou mais países africanos, sempre muito graves pela alta letalidade, mas autolimitados. A seriedade do atual surto é a sua extensão, atingindo três países e a demora em se atingir o controle. Isso ocorre pela precariedade dos serviços de saúde nas áreas em que ocorre a transmissão, que não dispõem de equipamentos básicos de proteção aos profissionais de saúde e aos demais pacientes. Além disso, há práticas e tradições culturais de manter pacientes em casa, inclusive escondendo sua condição das autoridades sanitárias, e a realização de rituais de velórios em que os parentes e amigos têm bastante contato com o corpo dos mortos.
Os dois pacientes com ebola que estão sendo tratados nos Estados Unidos receberam um medicamento que ainda está em fase de testes em laboratório. A OMS está discutindo se usa ou não esse remédio nos pacientes na África. Atualmente, não existe nenhum tratamento específico para o vírus, apenas para os sintomas.
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