Diminuição do desejo nem sempre é um indicativo de que a relação chegou ao fim, mas falta de respeito e admiração entre parceiros pode apontar que é hora de se separar
Mais cedo ou mais tarde, ela vem para qualquer casal. A crise faz parte dos relacionamentos, tal e qual o amor e o sexo. Nenhuma união parece estar imune a ela. O problema é saber quando essa fase de turbulência é um ajuste necessário para seguir em frente ou um sinal de que a relação está chegando ao fim.
Colunista do Delas, o psicólogo e terapeuta Luiz Alberto Hannz diz o que despreparo emocional faz muitas pessoas terem dificuldade em distinguir entre as duas situações. “O casal precisa estar preparado para a vida a dois. Nós não somos ensinados a amar, não desenvolvemos muitas das nossas competências afetivas na infância. Quando nos deparamos em uma relação com uma pessoa diferente, temos dificuldade em lidar com isso”, explica Hannz, autor do livro “A equação do casamento” (Companhia das Letras).
Segundo Hannz, o fato de não existir mais uma pressão social de manter um casamento infeliz ou de fachada, colabora para que as pessoas busquem relacionamentos mais saudáveis e prazerosos. “Ninguém aceita mais permanecer em uma relação medíocre, como nos tempos de nossos avós”, afirma.
Por outro lado, essa liberdade para se separar pode criar a ilusão de que a questão se resume a trocar de par. “É preciso entender que deixar um casamento é um processo dolorido, difícil e que precisa ser ponderado. Abandonar uma relação achando que vai encontrar um príncipe na próxima esquina ou acreditando que há sempre algo melhor lá fora é ilusório”, pondera a psicanalista Lydia Aratangy.
O despreparo emocional também resulta na falsa ideia de que a comunicação do casal se resume apenas a conversar, sem ouvir de verdade as demandas do parceiro. Isso dificulta muito a superação de uma crise.
“Muitas vezes o ato de discutir a relação é algo pesado, onde um dos lados apenas ouve uma série de reclamações e recebe regras que deve seguir à risca, sob pena de botar tudo a perder. Em geral, as mulheres guardam uma série de rancores, que não são externados na hora certa, e acabam cobrando do companheiro tudo de uma só vez”, aponta Lygia.
Porém, para alguns relacionamentos, nem mesmo uma conversa profunda e sincera resolve. “Em geral, quando se perde o respeito e a admiração um pelo outro, passando a existir um profundo desprezo entre os dois, a relação está gravemente prejudicada”, distingue Hanns, sobre sinais contundentes de que uma relação se aproxima do fim.FIM DE LINHA
O desprezo e a falta de respeito produzem cenas típicas de um casal vivendo a falência de um relacionamento: parceiros usando filhos para se atacar, ridicularização pública de um do outro e trocas constantes de agressões verbais e até físicas.
Mas uma relação pode chegar ao fim mesmo sem esses sinais de degradação, especialmente se houver uma incompatibilidade entre os membros de um casal. Quando passam a viver sob o mesmo teto, os parceiros podem começar a perceber que têm objetivos de vida completamente diferentes. Um caso que exemplifica isso é a situação em que um dos dois quer ter filhos e o outro rejeita a ideia.
“Há coisas que não podem ser mudadas. Temperamento, por exemplo, não se pode mudar. Já as atitudes do outro são passíveis de melhora”, avalia Hannz.
Ao contrário do que muitos imaginam, a falta de desejo não é o fator principal que atesta o fim de uma relação. De acordo com os especialistas, sexo é consequência de um bom entrosamento do casal. Se o cotidiano a dois vai bem, a vida sexual tende a se ajustar. Inclusive é importante lembrar que a libido oscila naturalmente entre períodos de maior e menor intensidade durante o casamento.
SOBREVIVENDO A CRISE
Se as características citadas anteriormente não estão presentes, a possibilidade de o casal superar a crise é maior. Mas para isso, os parceiros precisam fazer um esforço para sobreviver aos problemas, percebendo que as pessoas não permanecem as mesmas com o decorrer da vida.
“É fundamental saber que as pessoas mudam o tempo todo. Estamos sempre evoluindo e precisamos ter a capacidade de enxergar essa mudança no outro” lembra Lydia. Para ela, desta forma, os casais podem encontrar uma maneira de não perderem o carinho e o erotismo que um dia os aproximou.
Adotando algumas atitudes, é possível oxigenar o relacionamento e ser mais feliz no amor. Veja dicas a seguir . Foto: Thinkstock Photos
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Da mesma maneira, é fundamental não deixar que os problemas e as dificuldades do dia a dia se sobreponham ao que há de positivo no relacionamento. “Os desgastes do cotidiano, da pós-modernidade, são um desafio para a vida a dois. É preciso separar isso de coisas fundamentais como a compatibilidade do casal, afinidades e atração”, alerta Hanns.
Lydia conclui assinalando outras duas condições essenciais para seguir junto. “A primeira é tolerância, para aceitar os erros e tropeços, meus e do outro. A segunda é bom humor, para poder enxergar tudo com leveza e ver a beleza das coisas.”
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