sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Fé no Clima: o ECOmenismo Ganha Força


À primeira vista, a diversidade de participantes faz até a gente pensar naquelas piadas clássicas (“um padre, um rabino e um pastor evangélico entram num boteco e…”), mas a conversa é séria. Nesta terça, dia 25 de agosto, um grupo variado e bastante representativo de lideranças religiosas do Brasil e do exterior vai se reunir no Rio de Janeiro para manifestar o apoio de suas denominações à luta contra as mudanças climáticas causadas pela ação humana. Estou falando do Encontro Internacional Fé no Clima, organizado pelo Iser (Instituto de Estudos da Religião), em parceria com o GIP (Gestão de Interesse Público). Como os leitores mais assíduos deste blog devem imaginar, a ação conjunta inter-religiosa se inspira no exemplo da encíclica Laudato Si, uma espécie de chamado às armas do papa Francisco para evitar os piores efeitos da mudança climática, e tem a intenção de influenciar os debates da Conferência do Clima da ONU em Paris, que acontece no fim deste ano.
Os 12 participantes devem falar tanto da visão que suas tradições religiosas possuem sobre a necessidade de respeitar o ambiente quanto das ações concretas que suas comunidades estão tomando em relação aos problemas ambientais. No fim das contas, deverão assinar um documento de consenso, a Declaração Fé no Clima, que será encaminhada ao governo federal.
Confira a lista de participantes: André Trigueiro (espírita e jornalista), Ariovaldo Ramos (pastor evangélico), Mãe Beata de Yemanjá (Iyalorixá do Ilê Omi Ojuarô), Dolores (Inkaruna) Ayay Chilón, professor de Quechua, da tradição Andina, Mãe Flávia Pinto (umbandista), Rv. Fletcher Harper (pastor episcopal norte americano), Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J (Igreja Católica), Kola Abimbola (Babalorixá Yorubá e acadêmico nigeriano), Léo Yawabane (tradição indígena Huni Kuin, do Acre), Lama Padma Samten (monje budista), Rabino Nilton Bonder (tradição judaica) e Timóteo Carriker (pastor presbiteriano).
Espero voltar a esse assunto em breve, até porque algumas das visões expressas pelo papa Francisco em sua encíclica ambiental chegam perto de ser revolucionárias. De qualquer modo, conseguir juntar tantas crenças juntas em favor de um objetivo no qual a ética e o conhecimento científico caminham lado a lado já merece comemoração.
(Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo)
Nota: Você ainda duvida do poder de coesão que a bandeira ecológica tem e da crescente influência do papa como líder incontestável desse movimento que transpõe os limites religiosos e arranca suspiros de admiração até dos jornalistas? Cinco anos atrás, concedi entrevista ao jornalista Reinaldo (autor do texto acima), na qual expus minha opinião sobre o ECOmenismo (confira aqui [Michelson Borges]).

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