RG reproduz aqui uma das matérias mais quentes desta edição de julho… Corra para as bancas, que a coisa tá boa esse mês, ok?
Roberta Luchsinger sobre Protógenes: “Ele incomodou muita gente poderosa. Todo mundo que tem culpa no cartório prefere ficar longe dele.” Por Tom Cardoso
Aparentemente era mais um caso de amor impossível. Ele, socialista de formação, delegado da Polícia Federal, leitor de Maiakóvski e famoso por comandar a mais espetacular operação policial nos últimos anos, responsável pela prisão de dois banqueiros poderosos. Ela, socialite, apaixonada por cavalos, herdeira do segundo maior banco da Suíça, o Credit Suisse. A relação entre Protógenes Queiroz e Roberta Luchsinger, iniciada há um ano durante um inesperado encontro no hotel Emiliano, na região dos Jardins, em São Paulo, causou rebuliço entre a elite paulistana e fez a alegria das revistas de fofoca. Todos queriam saber quando os dois pombinhos iriam se casar, quantos filhos pretendiam ter e, principalmente, o que havia motivado a união de duas pessoas de origens e hábitos tão distintos. Era a união da “rainha com o plebeu”, diziam as revistas.
Protógenes e Roberta silenciaram. Não chegaram a dar uma entrevista durante todo o episódio. Para livrar-se dos paparazzi, Roberta mudou pequenos hábitos: passou a subir até seu quarto no hotel Emiliano, onde morou por cerca de um ano e meio, pelo elevador de serviço. Quando o assédio tornou-se insuportável, deixou o Brasil e passou uma temporada na Europa. Só voltou depois que o assunto esfriou. Protógenes também se cercou de cuidados para manter a privacidade. Eleito deputado federal pelo PC do B de São Paulo, negou publicamente o romance para evitar sensacionalismo por parte da imprensa e a exposição pública de sua mulher – ele ainda estava casado quando se apaixonou por Roberta. (Protógenes foi procurado e não quis falar com a reportagem.)
Passado o furacão, Roberta decidiu pela primeira vez falar sobre o romance em uma entrevista exclusiva para a RG. Grávida de sete meses de Guilhermina Luchsinger Pinheiro de Queiroz, ela recebeu a reportagem para uma longa conversa em uma sala do Emiliano. “Por favor, não me venha com essa história de rainha e plebeu. O Protózinho é o meu herói. Pode colocar aí”, diz Roberta. “E outra coisa: eu também estou longe de ser rainha. Não passo as tardes no shopping nem viajo de jatinho particular. Minha vida é toda voltada para os projetos sociais da minha família”, diz. Ela e o avô, o banqueiro Peter Paul Arnold Luchsinger, herdeiro do Grupo Credit Suisse, segundo maior banco da Suíça com sede em Zurique, administram juntos a Creche Bárbara Wright, que atende crianças carentes da região de Búzios (RJ). Os dois estabeleceram uma relação ainda mais intensa depois que a família foi praticamente dizimada em três acidentes aéreos. Roberta, que perdeu todos os parentes próximos (pai e mãe inclusos), não quer falar sobre o assunto. “Vamos falar de Protógenes.”
A banqueira admirava o delegado a distância. Estudante de direito, acompanhou pela imprensa o desenrolar da Operação Satiagraha que levou à prisão, por desvios de verbas públicas, lavagem de dinheiro e corrupção, nomes como o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, o empresário Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Quando o encontrou pessoalmente pela primeira vez, durante um jantar no hotel Emiliano regado a champanhe (Protógenes, abstêmio, ficou no suco de laranja), surpreendeu-se com a simplicidade do deputado que, segundo ela, fugia completamente do estereótipo de um policial federal. Conversaram por poucos minutos – o suficiente para Roberta convidá-lo para participar da 15ª Edição da Taça Bárbara Writh de Vela, regata em Búzios, organizada há muitos anos pela família. “O Protógenes fez um discurso maravilhoso. Meu avô gostou imediatamente dele. Ficaram encantados um pelo outro”, lembra.
O namoro para valer começou em Salvador, na Bahia, abençoado pelos orixás. Os dois passaram uma tarde inteira na Igreja do Bonfim. “Eu estava numa depressão profunda por causa da perda dos meus parentes, e aquilo me fez um bem incrível”, conta Roberta. “Protógenes me deu um terço de presente e nós amarramos juntos, em nossos pulsos, várias fitas do Bonfim.” As fitas já velhas, quase caindo. “Os meus amigos acham horrível, mas enquanto não caírem eu não vou tirar”. Os que implicaram com as fitas do Bonfim são os mesmos que se afastaram da banqueira após o começo do namoro com Protógenes. Não por antipatia ao ex-delegado, diz Roberta, mas por desconfiança, misturada a um certo medo. “Ele incomodou muita gente poderosa. Todo mundo que tem culpa no cartório prefere ficar longe dele.”
Além da fé, recuperada após o namoro com Protógenes, Roberta começou a cultivar hábitos mais simples. Trocou os sofisticados almoços no Emiliano pelo PF do Bar Ministro, na alameda Ministro Rocha Azevedo, nos Jardins. “Vamos de chinelos Havaianas e devoramos um belo prato de arroz, feijão, bife e ovo frito. Nunca estive tão feliz”, diz Roberta, que elogia o desprendimento do namorado. “O Protógenes é um homem que se adapta a qualquer sistema. Não interessa se ele está num café em Paris ou num boteco em São Paulo. Ele é sempre o mesmo.”
Se Protógenes mostrou à futura mãe de sua filha o quanto pode ser prazeroso um bom prato de arroz e feijão, ela retribuiu a gentileza apresentando o deputado a velhos e bons amigos, como o economista Sérgio Moreira Salles, que promete ajudar Protógenes a atrair investidores para um antigo sonho: levar a história da Operação Satiagraha para as telas de cinema. O projeto está bem adiantado e, no começo, contou com a colaboração de um peso pesado do cinema nacional: Fernando Meirelles. O outro sonho de Protógenes está mais distante. Depois de recusar propostas para se candidatar a prefeito de Salvador, ele, incentivado por Roberta, pode tentar um voo ainda mais alto e ousado: a prefeitura de São Paulo. “Ele está preparado para ser prefeito e se depender de mim vai chegar lá.” Os adversários que se cuidem: o amor move montanhas.
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