Em homens, cheiro forte é vilão. Em mulheres, choro desencadeia crises
Dor e sensibilidade à luz são sintomas marcantes do problema
Identificar o que desperta as crises de enxaqueca, ensina a médica Célia Roesler, do Departamento de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, é o primeiro passo para tratar a doença caracterizada pela dor de cabeça intensa, por vezes acompanhada de náuseas.
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Uma pesquisa conduzida pela neurologista Yára Fragoso, coordenadora do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos, revela que os gatilhos da experiência dolorida são um pouco diferentes para homens e mulheres. Enquanto eles são mais vulneráveis ao cheiro forte (perfumes, fumaça de cigarro e produtos de limpeza), elas sofrem mais por causa do choro.
O mesmo estudo de Yára Fragoso, que ouviu 96 homens e 96 mulheres com diagnóstico de enxaqueca dado pelo médico, identificou semelhanças entre os desencadeadores de crises masculinos e femininos. O estresse é vilão para os dois. A luminosidade também atrapalha ambos.
O médico especializado em enxaqueca, Elder Sarmento, explica que os pacientes que sofrem da doença apresentam “um quadro de cérebro hiperexcitado que os leva a terem sensibilidade excessiva aos estímulos do ambiente”, como luz, cheiros e sons. O neurologista explica que diferenças hormonais, culturais e ambientais podem resultar as variações nos gatilhos que incidem sobre a enxaqueca em homens e mulheres.
Célia Roesler avalia que saber o que desperta a enxaqueca é uma experiência individual e importante para tentar driblar estes malfeitores. “Falo para os meus pacientes que chegam com queixas sempre fazerem um diário. Tudo que aconteceu 12 horas antes da crise pode ser considerado como um gatilho”, explica a médica. Mas, segundo ela, quando o que provoca a crise perpassa a alimentação – embutidos, queijos e bebidas alcoólicas são os principais desencadeantes – nem sempre é possível evitar. “O trânsito insuportável ou a aproximação de alguém com um perfume fortíssimo são imprevisíveis”, diz.
“O tratamento preventivo pode aliviar os sintomas, porém o que precisa ser reforçado é que a automedicação com analgésicos é sempre muito nociva.” Para quem sempre pede ao colega de trabalho, ao vizinho e ao balconista um comprimido para dor de cabeça pode mascarar um problema mais grave. “Ou ainda transformar o que era algo passageiro, em uma dor de cabeça crônica.”
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