Ex-senadora e candidata derrotada à Presidência diz que decisão não tomou por base calendário eleitoral
A ex-senadora Marina Silva, candidata derrotada à Presidência da República em 2010, confirmou as expectativas e anunciou na tarde desta quinta-feira sua decisão de deixar o PV. Após meses de desentendimentos com a direção nacional do partido, Marina fez um discurso em São Paulo a uma plateia de cerca de 400 aliados, no qual deu sinais de apoio à presidenta Dilma Rousseff.
"(O movimento) também é para ajudar a presidenta Dilma a ter força para não permitir que haja um retrocesso na legislação ambiental", afirmou Marina, em referência ao polêmico texto do Código Florestal, que citou diversas vezes ao longo de seu discurso. O movimento a que Marina se referiu, batizado provisoriamente de "Verdes e Cidadania", deve ser lançado entre agosto e setembro. Um novo partido só deve ser criado depois das eleições de 2012.
A ex-senadora também mencionou indiretamente as pressões do PR para manter o controle do Ministério dos Transportes, após o antigo titular da pasta Alfredo Nascimento perder o posto sob denúncias de corrupção. "As políticas sociais e econômicas que estão dando certo precisam ser mantidas, sem medo de dar autoria a Fernando Henrique (Cardoso), Itamar (Franco) - que não está mais entre nós -, ao presidente Lula (Luiz Inácio Lula da Silva). E espero que a presidenta Dilma, mesmo com as dificuildades que tem, consiga resistir a todas as armadilhas do aprisionamento do fisiologismo que quererm impor a qualquer governo que ali chegue."
Marina também ressaltou que seu desligamento do PV não foi pautado pelo calendário eleitoral. "Não se trata de uma saída pragmática, de olho no calendário eleitoral. Embora seja importante, eleição é parte, não o todo", afirmou Marina. "Nosso foco principal é sensibilizar brasileiros e brasileiras para serem uma força transformadora", completou.
Resultado da disputa interna com o grupo liderado pelo presidente nacional do PV, deputado José Luiz Penna (SP), a decisão de Marina de deixar o partido já era conhecida havia várias semanas. Os detalhes para o anúncio desta quinta-feira foram definidos na semana passada, após a ex-senadora conduzir uma série de reuniões com seus aliados mais próximos.
Marina filiou-se ao PV em 2009, depois de receber da cúpula partidária um convite para disputar a eleição presidencial do ano seguinte. A decisão de sair naquela época do PT partido no qual militava desde o início de sua carreira política, havia sido tomada depois de um encontro com a executiva nacional do partido, na qual os dirigentes lhe apresentaram uma pesquisa apontando seu potencial de votos na eleição presidencial. Penna participou do encontro que selou a adesão de Marina ao PV. Hoje, Marina Silva negou que tenha se filiado ao PV para ser candidata à Presidência.
Embora o evento para anunciar a saída de Marina tenha contado com a presença de vários parlamentares, a ex-senadora deixa o partido sem levar consigo nenhum congressista. Isso porque, como Marina não pretende criar um partido de imediato, a regra da fidelidade partidária colocaria em risco o mandato de deputados, senadores e vereadores que decidissem acompanhar a ex-presidenciável. Nomes como os deputados Alfredo Sirkis e Fernando Gabeira, ambos filiados ao PV do Rio de Janeiro, por exemplo, optaram por permanecer no partido. Ao menos por enquanto, a expectativa é de que Marina permaneça temporariamente afastada da política partidária. De acordo com aliados, a ex-senadora estuda criar um novo partido somente em 2013.
Entre os que decidiram acompanhar Marina, estão vários candidatos derrotados na eleição do ano passado, que hoje não ocupam nenhum cargo eletivo. É o caso de Guilherme Leal, empresário que concorreu a vice na chapa de Marina, Fabio Feldman, que concorreu ao governo de São Paulo, de Ricardo Young, candidato ao Senado pelo mesmo Estado, e de Ale Youssef, que tentou uma vaga de deputado. Entraram na lista ainda o coordenador da campanha da ex-senadora, João Paulo Capobianco, e o presidente do PV em São Paulo, Maurício Brusadin. Secretário da prefeitura paulistana, Eduardo Jorge permanecerá no partido, mas manterá diálogo com o grupo liderado por Marina.
Diante da decisão anunciada por Marina, o PV divulgou nota descrevendo como "inflada" a polêmica aberta pelo grupo de Marina. Segundo o partido, foram tomadas as medidas para contemplar os anseios desse grupo. Sirkis, que fica no PV mas decidiu romper com o comando nacional da sigla, reagiu: "Esta nota é totalmente falsa". Foram mais de 10 discursos e em nenhum momento o nome de Penna foi citado.
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