Especialistas em educação financeira ensinam como gastar menos sem comprometer o estilo de vida da família
Pode acreditar: filhos e economia combinam. Se os pais tiverem disciplina e comprometimento com o orçamento doméstico, não é difícil conseguir poupar um pouco de dinheiro no fim do mês, mesmo com crianças em casa. O Delas consultou especialistas em educação financeira para saber como gastar menos sem comprometer o estilo de vida da família. Confira as dicas.
1. Aprenda (e ensine) a fazer escolhas
Comprar um brinquedo novo ou economizar para fazer uma viagem em família no fim do ano? Alguns pais não conseguem fazer escolhas quando se trata dos filhos e acabam dando tudo o que eles desejam. Além de comprometer o orçamento, esse tipo de atitude não ensina as crianças a lidarem com frustrações, o que deve ser feito desde cedo.
“Uma das chaves da educação financeira é justamente a palavra ‘escolha’. Toda escolha implica em uma renúncia. Os pais e as crianças precisam aprender a renunciar com naturalidade”, comenta o especialista em educação financeira Álvaro Modernell.
Definir planos a médio e longo prazo pode ser a solução para ajudar os pais a controlarem melhor o orçamento. Sempre que for comprar algo fora da sua rotina, discuta com sua família se realmente vale a pena gastar esse dinheiro e lembre dos planos já estabelecidos. Com o tempo, as escolhas serão menos dolorosas e farão parte da rotina de pais e filhos.
2. Não tenha medo da reciclagem
O vestido ficou pequeno? Que tal reformá-lo e fazer uma saia? Reaproveitar roupas e brinquedos representa uma grande economia para quem tem filhos. E não são apenas famílias com dois ou mais filhos que podem fazer isso: converse com primos e amigos e veja se alguém se interessa em trocar itens que não usam mais.
“A rotatividade de roupas e brinquedos para as crianças é muito grande. Algumas peças de roupa, por exemplo, custam verdadeiras fortunas e são usadas duas ou três vezes. Para valer seu dinheiro, aprenda a reaproveitar. Se alguém na casa tiver habilidades manuais vai sair mais barato ainda”, ensina Bernadette Vilhena, pedagoga empresarial e coautora do livro “Dinheirama” (Blogbooks Ediouro).
3. Desfrute de cultura gratuitamente
Programas culturais gratuitos são uma boa opção de diversão para as crianças. “Em algumas cidades, estes programas são bem comuns. Tem que pesquisar na internet ou nos jornais”, recomenda Reinaldo Domingos, educador financeiro.
Se não tiver nada de graça, os pais podem também procurar por horários alternativos e mais baratos de peças de teatro ou sessões de cinema, por exemplo.
4. Aprenda o quanto sua família come
Qualquer desperdício é prejuízo. “As famílias brasileiras gastam, em média, 20% a mais do que o necessário”, afirma Reinaldo. Para não desperdiçar dinheiro com comida a regra é saber a quantidade correta de alimentos que sua família consome. “Olhe na geladeira e no armário e veja o que estraga todos os dias. Faça um relatório. Se um pão francês estragou, na próxima compra diminua esse número. O mesmo pode ser feito com legumes e outros alimentos perecíveis”, ensina.
5. Divirta-se em casa
Entreter os filhos dentro da própria casa pode representar uma grande ajuda no controle do orçamento mensal. Para se convencer disso, basta fazer uma conta simples: leve cinco crianças ao cinema e compre pipoca para todas. Depois de chegar ao total desta conta, pense quanto custa um pacote de pipoca no mercado e o aluguel de um filme. Pronto! A economia de uma sessão caseira de cinema pode superar 80%.
“A gente ouve muito falar de programas caseiros na época das férias escolares e esquecemos que isso pode ser feito o ano inteiro. Cada um tem que descobrir maneiras de estar com os filhos e aproveitar esses momentos. A criança adora ver a família e os amigos unidos”, afirma Bernadette Vilhena.
6. Em viagens, prefira acomodações com cozinha
“Comer fora é sempre mais caro do que preparar sua comida. Ao viajar, ficar em acomodação com cozinha vai dar mais trabalho, mas esse dinheiro economizado pode pagar por passeios extras”, ensina Álvaro Modernell.
Se o período fora de casa for longo, procure levar a base de sua alimentação. Em algumas cidades os supermercados praticam preços mais altos justamente por serem locais turísticos.
7. Drible os problemas do temido supermercado
Pior do que ir ao supermercado com fome é levar uma criança com fome junto. Mas não é só a fome que é inimiga do bolso nesta ocasião. “Não saia de casa sem comer e sem alimentar seu filho. Além disso, não basta fazer uma lista de compras. Precisa colocar as quantidades corretas de cada produto. Vá ao mercado com tempo para poder comparar preços”, aconselha o especialista em educação financeira Reinaldo Domingos.
Mas o que fazer quando seu filho pede para comprar bolachas, salgadinhos, chocolates e até mesmo brinquedos? “Oriente seu filho e diga que é preciso respeitar o orçamento. Também não dá para dizer ‘não’ para tudo. Você pode deixá-lo escolher alguns produtos por conta própria”, afirma Álvaro.
“Antes de tudo, veja se seu filho está apto a ir ao mercado. Se ele não sabe receber um ‘não’, deixe-o em casa. As crianças que acompanham os pais podem ir com sua própria lista, feita pelos pais em casa. Dessa maneira podem ajudar e se sentir úteis”, diz Reinaldo.
8. Programe os presentes
Ter disciplina ao presentear crianças é fundamental. Procure não acostumá-las com presentes toda semana, por exemplo, mesmo que de valores baixos. “Faça uma agenda anual e coloque tanto as datas comemorativas nas quais você presenteia os membros da família ou amigos e parentes. Estabeleça uma verba para esses presentes e os compre com antecedência para não correr o risco de pagar a mais na última hora”, ensina Reinaldo.
O educador financeiro Álvaro Modernell explica que precisamos acabar com preconceitos. “O valor do presente não deve estar no preço. Às vezes, conseguimos comprar coisas com alto valor que não são caras.” Álvaro também propõe um exercício ao presentear: ao comprar algo, coloque o mesmo valor pago na poupança. “Se não tiver dinheiro para fazer as duas coisas, certamente está dando presentes acima do seu poder aquisitivo.”
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