domingo, 9 de setembro de 2012

A Receita Vencedora dos Atletas Bisavós



Sedentários que começaram a praticar exercícios com regularidade depois dos 50 anos mostram que é possível enfrentar a terceira idade com vigor físico e qualidade de vida.
Daphinis de Lauro, de 88 anos, Mitiko Nakatani, de 80, e Ivone Ramos, de 70, são bisavôs saudáveis e de bem com a vida. Eles trilharam caminhos parecidos até atingir um vigor invejável para pessoas da terceira idade – abandonaram o sedentarismo depois dos 50 anos, abraçaram uma atividade física e não pararam mais. Daphinis participa de campeonatos de natação há 13 anos. Mitiko, uma celebridade entre os corredores de rua, disputa provas há 23. Ivone começou a treinar natação 18 anos atrás, mas nos últimos 2 migrou para as corridas de rua. A receita dos atletas bisavôs inclui uma rígida rotina de treinos cinco vezes por semana, alimentação controlada e uma constatação: nunca é tarde para começar.
Razões não faltam para cair na malhação. Estudo divulgado neste ano pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, indica que o sedentarismo estava relacionado a 5,3 milhões de mortes no mundo em 2008, pelo fato de ser um facilitador do desenvolvimento de diabete, hipertensão, obesidade e até determinados tipos de câncer. O número representa 9% das mortes anuais causadas por doenças crônicas não transmissíveis do planeta, perdendo apenas para o tabagismo.
Classificado há dez anos como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o sedentarismo tem impacto maior na terceira idade. “O envelhecimento é um processo natural, mas é preciso se preparar com antecedência”, afirma Sandra Matsudo, especialista em medicina esportiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autora de vários trabalhos que relacionam envelhecimento e atividade física.
Segundo Sandra, o corpo começa perder o vigor a partir dos 30 anos. Entre os 50 e 60 anos, a perda de massa muscular é acentuada, principalmente nos membros inferiores, afetando as articulações e o equilíbrio. A atividade física nessa faixa etária fortalece o sistema cardiovascular e combate a osteoporose. “Praticar exercícios é como fazer uma ‘poupança’ da saúde do corpo”, diz.
A maioria, porém, só passa a se mexer quando as doenças crônicas começam a se manifestar. Foi o que aconteceu com Mitiko. Até os 54 anos, ela vivia à base de remédios e calmantes para aplacar as dores nas costas e as crises de hipertensão que tornavam sua vida um inferno. Por recomendação médica, começou a caminhar. No início, uma volta no quarteirão por dia. Aos poucos foi aumentando a distância até que alguém sugeriu que começasse a correr. Indicada por um sobrinho, passou a treinar com o técnico Wanderlei de Oliveira, um dos maiores especialistas do País. Mitiko tinha na época 57 anos. “O efeito mais visível no início foi a melhora da autoestima”, diz Oliveira. “Ela ajudou a derrubar o mito de que a idade é um fator limítrofe para a prática de atividade física.” [...]
Ivone tinha 51 anos quando começou a praticar exercícios, também por necessidade. Mas aproveitou o conselho do médico vascular de incluir a natação no tratamento de varizes para lançar um desafio a si própria: o de aprender a nadar. “Queria usar a piscina de meu filho e não podia, pois era funda”, conta. “Fiquei um ano tendo aulas num tanquinho. Aprendi e, quando tive segurança, parti para o treinamento sério.” [...]
Invasão nas academias. Um levantamento da Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil) mostra que 30% dos frequentadores têm mais de 60 anos de idade – o equivalente a um exército de 1,8 milhão de pessoas. Há dez anos, essa proporção não chegava a 5%. No início da década, de acordo com a Acad Brasil, a hidroginástica era a atividade mais procurada por esse público. Aos poucos, pilates e alongamento passaram a ter seguidores.
Nos últimos cinco anos, porém, a procura pela musculação cresceu de forma desproporcional, por conta da orientação médica. Esse boom surgiu depois que um estudo do American College of Sports Medicine concluiu que a atividade com sobrecarga pode conter o avanço da osteoporose. / COLABOROU MARIANA LENHARO
RECOMENDAÇÕES
- Mexa-se: qualquer exercício é melhor que nada. Não espere surgir inspiração ou arrumar tempo para sair da letargia.
- O que fazer: a melhor atividade física é a que lhe dá prazer e entra mais fácil na sua rotina.
- Pacote completo: não adianta iniciar uma atividade física regular sem mudar os hábitos alimentares e de vida.
- Doenças crônicas: se você é hipertenso, diabético ou tem cardiopatia, é recomendável conversar com o médico antes de sair malhando.
- Evite abusos: prefira caminhada, musculação ou natação no início, atividades que estimulam os músculos e o sistema cardiovascular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário