Uma velhice com qualidade depende de manter-se ativo e estar interessado no mundo, segundo a atriz de 74 anos
Um dia antes de completar 60 anos, enquanto cavalgava com o ex-marido, a atriz americana Jane Fonda decidiu fazer um balanço da sua vida. Precisava ter noção do que ocorreu nos dois primeiros atos (até os 30 anos e entre 30 e 60), para seguir o terceiro (que começa aos 60). Depois de ser considerada símbolo sexual em todo o mundo e de ter conquistado dois Oscar, descobriu que, para enfrentar a terceira idade, precisava perdoar o que ocorreu de ruim no passado e, além disso, manter-se ativa e curiosa.
“Você pode ver o envelhecimento como um arco, com ascendência, pico e decadência, ou como uma escada, em que se conquista sempre mais sabedoria e conhecimento”, explica ela, que aconselha aos jovens não terem medo do envelhecimento nem da perda da beleza. “Se não há luz interior, não há beleza externa e é mais importante estar interessado no mundo do que ser interessante para ele”, diz a atriz, que considera estar muito melhor agora, aos 74 anos, do que na época em que era considerada a número um do cinema americano.
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É mais importante estar interessado no mundo do que ser interessante para ele
Quando fez o balanço de sua vida, Jane viu que tinha adotado as atitudes certas: exercícios regulares, alimentação saudável e planejamento financeiro, o que deve ser mantido na terceira idade. Segundo ela, apenas um terço dos problemas da terceira idade é decorrente de questões genéticas, enquanto os dois terços restantes dizem respeito ao comportamento que se teve no decorrer da vida.
“Comer direito é importante e tudo o que você coloca na boca tem de ter valor nutricional”, aconselha a atriz, que também não deixa de lado o hábito de fazer exercícios. “Há quem não consiga correr como antes quando envelhece, então não corre mais. No terceiro ato, diminuir o ritmo é uma opção”, indica. Colocar o pé no freio, para ela, limita-se aos exercícios. Mesmo no terceiro ato, Jane continua a trabalhar, com preferência na televisão e como autora, já que acaba de lançar o livro “O Melhor Momento – Aproveitando ao máximo toda a sua vida” (no Brasil, Ed. Paralela).
Jane faz parte do contingente de idosos que vem conquistado cada vez mais a longevidade, ainda mais por conta da adoção de hábitos positivos. Um levantamento realizado pela Icatu Seguros colocou isso na ponta do lápis. Realizado com 30 mil pessoas que usaram seu simulador de expectativa de vida, ele mostrou que a média de vivência daqueles que se estressam pouco pode alcançar 84 anos, enquanto os estressados vivem em média três anos menos. Os fumantes, por sua vez, têm expectativa média de 77 anos.
O debate se faz necessário quando analisado que, no último século, a expectativa de vida mundial aumentou 34 anos. David Bloom, professor de Economia da Universidade de Harvard, aponta que somente no Brasil 64 milhões de pessoas terão mais de 60 anos em 2050, enquanto aqueles acima de 80 anos serão 14 milhões — igual à população da Grécia, que hoje enfrenta o problema de sustentar os mais velhos, diante do alto déficit público.
Para desfrutar da terceira idade, ele recomenda que as pessoas procurem qualidade de vida. “Prevenir é melhor do que remediar”, pondera. Do ponto de vista financeiro, o ideal é economizar, mas também planejar trabalhar até um período condizente com a expectativa de vida. “Primeiro a pessoa tem de se forçar a pensar no assunto e, depois, descobrir o instrumento que vai lhe ajudar a viver bem na aposentadoria. Comece o planejamento financeiro pelo investimento”, aconselha Mara Luquet, especialista em aposentadoria.
De acordo com Jane, o envelhecimento de sucesso é aquele que alia saúde física, financeira, mental e espiritual, com sabedoria de gastar energia com as coisas que valem a pena. A quem ainda não chegou lá, ela brinca: “Venha, a água está ótima”.
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