Mulheres mantêm vida sexual ativa mesmo após os 60 ano
.
Dona Nadyr Lucas entra na sala apoiada na bengala e carregando uma seleção de poemas recém impressos. Todos assinados por ela. Os textos falam de amor e relacionamento, incluindo trechos picantes: “Chega o alvorecer, que a tudo desperta. Junto à morna maciez do corpo que me roça”.
Aos 79 anos, Nadyr não só escreve sobre prazer, como ainda mantém uma vida sexual ativa. “Cada tempo tem seus encantos, o interesse é sempre o mesmo”, diz. Casada há 54 anos, mãe de quatro filhos e avó de 11 netos, ela diz com naturalidade e franqueza que não deixou de transar com o marido: “O sexo se tornou um tabu, mas é a essência da vida. A gente se sente feliz e faz o outro feliz”, diz.
Mas o sexo na terceira idade não é unanimidade. De acordo com a psicoterapeuta Ana Carolina Oliveira Costa, muitas mulheres com mais de 60 anos costumam deixar de lado a sexualidade. Entre as principais queixas estão a falta de desejo e de lubrificação, o excesso de peso e as alterações de humor. “Para mim não mudou. Não sei se para todo mundo é assim, mas eu estou feliz no estágio em que estou”, diz Nadyr. Para ela, o tempo não alterou a rotina na cama: “Não afetou em nada, pelo contrário”, diz. “A intimidade aumenta e a gente se sente um pedaço do outro, sabe do que cada um gosta”.
Segundo estimativa da especialista Ana Carolina, cerca de 50% das mulheres que estão em um relacionamento nessa fase da vida mantêm relações sexuais. Mas isso também não quer dizer que elas estão satisfeitas. “Muitas fazem somente para agradar o parceiro, não têm prazer”.
Redescobrindo o prazer
Zilda de Souza Pereira diz que só descobriu o sexo depois do 60 anos, com três filhos crescidos, aposentada e com cabelos grisalhos. Isso porque, 46 anos antes, quando “deitou” com o primeiro homem de sua vida, ela nem imaginava o que era um orgasmo. Agora ficou craque em prazer. Depois de enviuvar, passou a frequentar bailes para driblar a saudade. Descobriu entre um bolero e outro que era bonita, olhada e admirada. Paquerou muito, beijou na boca e hoje namora há oito anos.
Muitos idosos, explica a psicoterapeuta Ana Carolina, dizem que se imaginavam aos 80 anos somente fazendo atividades como tricô e cuidando dos netos. “O que eu tenho visto no consultório é que a sexualidade pode ser mais livre e mais ampla se pessoa souber refazer as crenças que trouxe ao longo da vida. Isso envolve o desejo pela vida”.
Na nova relação, Zilda, de agora em diante, só espera o melhor. “O sexo é maravilhoso hoje em dia, só melhora. Tenho 69 anos, meu namorado 76 e somos muito felizes. Acho que a relação sexual fica melhor porque a gente perde os medos, não tem receio de ficar grávida e quer aproveitar todos os momentos da vida. Não sabemos se vamos viver muito tempo, então temos que curtir a cama”, diz ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário