terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dançar para emagrecer

Em busca de opções divertidas para perder peso, mulheres se rendem à dança

 
Ritmos intensos, como no caso da dança afro, gastam até 500 calorias

O barulho dos sapatos no assoalho, a contagem ritmada das professoras e a diversidade musical que ecoa pelos saguões não deixam dúvidas de que ali funciona uma escola de dança. Em busca de um corpo mais magro, mas sem paciência ou ânimo para encarar a academia de ginástica, mulheres têm optado pelo jazz, ballet, sapateado, flamenco, samba, dança afro ou de salão e o que mais puder ser proposto. “Eu não me sentia confortável com aquele monte de espelhos, pessoas pegando pesos gigantes, correndo na esteira. Uma amiga me levou para uma aula experimental, gostei e não sai mais”, relata a assistente administrativa Patricia Silva, 37 anos, que há três participa das aulas de jazz.

Para ela, a modalidade só apresenta vantagens em comparação com aulas de ginástica tradicionais. “Não sinto obrigação de ir, vou porque gosto. Além disso, já emagreci, meu corpo está mais torneado, principalmente as pernas”, afirma. A professora de educação física e bailaria Simone Sant´Ana, diretora artística da academia Pulsarte, em São Paulo, explica as mudanças. “A dança é um exercício aeróbio e localizado ao mesmo tempo. Dependendo da modalidade, vai trabalhar uma parte específica do corpo. Em apenas quatro meses, a pessoa já percebe uma melhora significante no sistema cardiovascular, na resistência aeróbia, no tônus muscular”, relata. E emagrece mesmo.

Na Austrália, por exemplo, a atriz Esther Anderson tem causado preocupação em seus fãs devido à magreza excessiva. Já se cogitou anorexia, bulimia, ou qualquer outro transtorno alimentar. A atriz, no entanto, contou qual o motivo real de tamanha perda de peso: a participação na versão australiana do programa “Dança dos famosos.”

“Nunca me exercitei tanto quanto agora”, disse ela ao jornal inglês Sunday Telegraph. A atriz tem ensaiado intensamente.

Quem dança, os quilos espanta

Um estudo feito na Universidade da Califórnia, em Long Beach, avaliou cinco mil pessoas e revelou que é possível atingir a freqüência cardíaca ideal em 20 minutos dançando samba, swing ou até mesmo valsa. Segundo o pesquisador e professor da Universidade, Phil Martin, dançar equivale a caminhar numa velocidade de oito quilômetros por hora. E para quem adora contar calorias, esta é para anotar: mexer o esqueleto em ritmo moderado por uma hora pode gastar até 300 calorias. Se o ritmo for mais intenso, como nas aulas de forró, são pelo menos 500 calorias.

“A aula de dança pode ser encarada como modalidade esportiva, assim como o tênis, ou algum outro esporte. Qualquer atividade física organizada, estruturada, repetitiva e sistematizada, que tem por objetivo o aumento ou a manutenção da força, da flexibilidade e da composição corporal pode ser encarada como exercício”, explica Raul Santo, fisiologista do Centro de Medicina da Atividade do Esporte (Cemafe), da Unifesp.

Apesar disso, o fisiologista recomenda complementar a atividade com outros tipos de treino, como musculação ou alongamento, para conseguir aumentar a capacidade física. “Pensando em saúde, seria interessante mudar, até porque o organismo se adapta muito rapidamente e tende a gastar menos energia. Pode variar, de repente, a modalidade”, diz.

Seguindo as orientações do Colégio Americano de Medicina do Esporte, o ideal é freqüentar as aulas no mínimo três vezes por semana, durante uma hora.

Além dos quilos a menos

Os benefícios não se refletem apenas no espelho. Também podem ser percebidos no dia a dia.

Dançar também traz saúde
Dançar desenvolve o alongamento, a coordenação motora, estimula a circulação do sangue, aumenta a capacidade respiratória, ajuda a relaxar e favorece a sociabilização.

“A dança é realmente completa, porque mexe com três pilares importantes: o físico, o cognitivo, e o afetivo/social”, afirma Simone. A professora destaca também o desenvolvimento do raciocínio lógico, já que “é necessário lidar com o cálculo de espaço e tempo em cena.”

Para o professor da universidade norte-americana, que há 15 anos trabalha com o assunto, a dança tem uma arma secreta: é divertida. “As pessoas não percebem que estão se exercitando. Elas sociabilizam enquanto reagem à música. Podem dançar por horas sem perceber que estão se exercitando”, revelou ele, em material de divulgação da pesquisa.

Esse, aliás, é um dos fatores que faz com que essas modalidades tenham aderência. “Eu frequentava a academia e parava, ficava desanimada. Depois voltava, e ficava nesse vaivém. Desde que comecei a fazer jazz, não parei mais. Cada aula é uma coisa diferente e você percebe que vai melhorando, ficando mais hábil. Daí não quer mais sair”, relata Patricia.

Um estudo realizado pela Universidade de Utah, nos Estados Unidos, avaliou 38 mulheres de 35 a 58 anos durante 16 semanas e meia. Depois desse período, 90% delas ainda freqüentavam as aulas de dança, um índice considerado excepcional.

E mesmo quem nunca dançou antes, pode fazer como Zuleika Souza, de 66 anos, que freqüenta as aulas de flamenco. “Eu gosto de dança folclórica, me diverte, eu faço exercício e ainda faço amigos”, relata ela, que se resume como uma “aposentada irriquieta”.

“A dança não é só para quem tem o corpo longilíneo, ela não exclui ninguém. Só é preciso respeitar o tempo do próprio corpo e suas limitações”, ponderiza Simone Sant´Anna. O fisiologista do Cemafe, Raul Santo, também relembra duas dicas bem básicas e que devem ser observadas em todas as atividades físicas: hidratação e roupas adequadas.

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