Enquete foi feita com dependentes do tabaco já doentes e maioria acreditava que tumor "só acontece com os outros”
As pesquisas científicas já escancaram que ocâncer de pulmão é a doença que caminha de mãos dadas com o cigarro, já que 90% dos doentes têm o hábito de fumar.
Ainda assim, um novo levantamento mostra que um índice muito parecido de pessoas com este diagnóstico acreditava ser imune ao males do tabagismo, mesmo tendo o vício como companhia.
Um levantamento feito pela indústria farmacêutica Pfizer investigou a sensação de segurança de 166 pacientes com o diagnóstico de tumor maligno nos pulmões, todos fumantes. Entre eles, pouco mais do que oito em dez (83%) afirmou não acreditar na possibilidade de adoecer até entrar para a estatística de 27.320 novos casos de câncer de pulmão registrados todos os anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O principal motivo para a sensação de estar blindado contra o câncer, afirmaram os entrevistados, é que “sempre pensamos que uma doença como essa só vai acontecer com os outros”, resposta dada por 25% dos entrevistados. Além dela, 23% dos fumantes doentes questionados citaram “ser saudável” como justificativa para não considerar a possibilidade do adoecimento. Aparecem entre as desculpas também “o hábito de fazer esportes” (5%), “ter uma alimentação regrada” (3%) e “não ter nenhum caso na família” (9%).
Para os especialistas, a pesquisa só demonstra que a população conhece os malefícios ligados ao tabaco mas não mensura o potencial tóxico do cigarro. As substâncias químicas presentes nele são capazes de danificar o DNA em minutos e, por este motivo, mesmo quem não tem herança genética para o câncer acaba vulnerável à doença.
Outra análise, feita pelo hospital referência em oncologia, o Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), também evidenciou a negligência dos fumantes com a possibilidade das doenças cancerígenas.
Mesmo após enfrentarem o câncer, seis em dez pacientes não abandonam o cigarro. Os médicos dizem que a taxa de 60% dos resistentes também revela a dificuldade em abandonar o hábito de risco, um dos vícios mais complicados para o tratamento, de acordo com os experts em dependência química.
A dificuldade em abandonar o vício é reconhecida pela ciência. Tanto que entre as novas linhas de pesquisas para encontrar terapêuticas mais eficazes para o câncer de pulmão, os laboratórios investem em testes que funcionem melhor em organismos de fumantes.
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