sábado, 21 de julho de 2012

“Namorofobia”: medo de oficializar a relação


Entenda o comportamento de quem foge de namoros e envolvimentos sérios

Homens que não assumem o namoro depois de algum tempo de relacionamento são alvos comuns de críticas femininas. Na maioria dos casos, isso acontece porque não existe mesmo afinidade entre o casal ou desejo de exclusividade, por exemplo. Mas a fuga do compromisso pode indicar também um quadro de “namorofobia”, um receio de namorar que vira obstáculo na hora de oficializar a relação.
Edu Cesar/Fotoarena
Carlos Henrique: “Não é pela monogamia. Fico pressionado por mim mesmo, pelo meu preconceito"
“O máximo que eu consigo ter são semirrelacionamentos. Tenho aversão ao rótulo de namoro”, declara Carlos Henrique Lima, de 29 anos. Profissional de tecnologia da informação, ele se enquadra na definição de um “namorofóbico”, alguém que evita o namoro a todo custo. “Essas pessoas têm medo ou entram em pânico com a possibilidade de um vínculo amoroso”, explica o terapeuta Sergio Savian, especialista em relacionamentos, que percebe um aumento nesse tipo de comportamento.

É normal alguém não estar disposto a namorar, desde que isso não seja um padrão repetitivo. O “namorofóbico” se destaca porque nunca se sente confortável nos envolvimentos, independentemente da parceira ou momento de vida. “Tem gente que ama, tem atração, mas tem problemas com compromisso”, explica Ailton Amélio, psicólogo e autor do livro Relacionamento Amoroso (Editora Publifolha). Segundo ele, isso ficou mais comum e é somado a um fenômeno social. “Muitos têm fobia a compromissos, casar, namorar. Mas os vínculos hoje estão mais superficiais de forma geral”, avalia. 

O sentimento não é exclusivo dos homens. Apesar das mulheres expressarem mais o desejo de compromisso, a “namorofobia” é cada vez mais unissex e resultado de uma necessidade de liberdade e autoafirmação, de acordo com a análise de Savian. “A reclamação feminina é mais comum porque muitos homens se aproximam escondendo intenções só sexuais”, diz Ailton Amélio.

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O bloqueio para namorar acontece em função de um relacionamento anterior que não deu certo, por vivência na infância ou até temperamento
Carlos Henrique namorou pela última vez há dois anos e meio. O envolvimento durou apenas três meses e foi motivo de arrependimento. Só por falar que é namoro já fico achando que estou sob uma pressão maior”, explica. Uma pessoa com receio de namoro até pode se envolver na relação, mas vive em conflito e não consegue relaxar. 

O bloqueio para namorar acontece em função de um relacionamento anterior que não deu certo, por vivência na infância ou até temperamento. “Uma criança que presencia um relacionamento conturbado dos seus pais, por exemplo, pode concluir e decidir que nunca irá passar por isso”, diz Savian. Para Amélio, as pessoas assimilam o mesmo estilo de apego de quem cuidou delas na infância. “Quando quem tomava conta da criança não era rápido para confortar, aliviar medos ou não era próximo, ela desenvolve um tipo de apego evitativo”, diz o psicólogo. 

Como reconhecer um “namorofóbico” 
Não existe um comportamento padrão. Como as pessoas evitam relacionamentos por diferentes motivos, as manifestações também são variadas. “Ele pode ser reservado, perfeccionista ou que não dá espaço para a intimidade. Pode ser sedutor, com uma vida sexual intensa e com pessoas diferentes, ou ainda aquele que afasta todos que o desejam”, aponta Savian. 

Não fazer planos, não apresentar a família ou amigos próximos também são sinais de que a pessoa não está aberta para um envolvimento – seja por motivos práticos ou psicológicos. 

Terapia ou adaptação 
Contornar a fobia de namoro ou até mesmo casamento pode exigir terapia, mas em alguns casos é difícil reverter totalmente o padrão de comportamento, segundo Ailton. “Existem os namorofóbicos convictos que já assumiram que não desejam um relacionamento. Outros dizem querer alguém, mas na prática não têm paciência nem habilidade para desenvolver uma relação”, avalia Savian. 

Carlos Henrique diz que perdeu mulheres interessantes em função da sua restrição. “É duro. São pessoas que seriam uma ótima companhia, que gostavam de mim, mas que não deu certo porque queriam namorar”, diz ele, que ainda pretende encontrar uma companheira mais flexível e garante que já teve ótimas relações informais: “o que importa é o sentimento, o respeito. O amor não aumenta com o namoro”, diz.

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