quinta-feira, 5 de julho de 2012

8 dicas para viajar sozinha de bicicleta


Saiba como evitar problemas e aproveitar toda a liberdade de viajar em duas rodas por conta própria, com segurança

Por que uma mulher viajaria de bicicleta sozinha? Talvez porque não tenha arrumado companhia na data escolhida para viajar, porque não foi possível conciliar o roteiro desejado com as companhias disponível ou talvez até como primeira opção, porque a experiência de viajar sozinha de bicicleta pode ser libertadora e proporcionar um encontro consigo mesma.



Verônica Mambrini
Viajar sozinha de bicicleta pode ser uma experiência ibertadora e proporcionar um encontro consigo mesma

Contudo, como fazer com que esse tipo de viagem seja seguro e agradável e não se transforme numa tremenda roubada? A repórter do iG viajou de bike por conta própria durante uma semana e entrevistou ciclistas experientes em viagens solo. Com a ajuda deles, preparou um roteiro com os preparativos, dicas e macetes para sua experiência ser um sucesso!
1 – Planejamento 
Como em qualquer viagem, quanto mais organizada, mais fácil se torna driblar os “perrengues”. Isso inclui ter uma ideia precisa do roteiro, da duração, do custo, reserva financeira para emergências e alimentação. Nada pior do que chegar a uma cidadezinha encantadora e encontrar todas as pousadas e hotéis legais lotados ou não encontrar nenhum camping por perto (claro, se acampar estiver nos seus planos).

“No mapa do trajeto escolhido, vejo as cidades e - bendita internet!- procuro informações como hospedagem, alimentação e pontos para visita”, conta a cicloviajante Yasmin Costa, que faz travessias sozinha de bicicleta desde 1995. Ela recomenda também guias de viagem e reservas, sempre. “Os guias têm muita informação, mas desconfie sobretudo da quilometragem indicada. Eles são feitos para carros e o que são subidas de 15km para carros? Nada. Já de bike, podem causar bastante desconforto, não?”, diverte-se.
A quilometragem diária a ser percorrida deve ser próxima daquela a qual a viajante está acostumada, sem correrias. Pelo contrário, o ideal é chegar cedo ao destino do dia, se possível ainda com luz e ter tempo para se acomodar e aproveitar a cidade. Não vale a pena arriscar uma pedalada noturna só para avançar mais um pouco.
2 – Roteiros e destinos 
Boa parte de uma cicloviagem se passa na estrada, então é fundamental que elas sejam bonitas, seguras e tranqüilas. “O maior receio ao se viajar sozinha é a segurança, então temos que ter cuidado redobrado. A primeira coisa é escolher bem o roteiro, um caminho tranquilo e que não passe por muitas cidades grandes”, recomenda Eliana Garcia de Britto, cofundadora do Clube de Cicloturismo do Brasil.
Para quem prefere não ousar nos caminhos, Eliana sugere rotas de cicloturismo já demarcadas, como o Circuito Vale Europeu, o Circuito Costa Verde e Mar e o Caminho da Luz (todos no Brasil). “Porque sempre há alguém da organização dos roteiros monitorando de alguma maneira sua viagem, isso dá uma segurança extra”, explica.
3 - Equipamento 
Não é preciso uma bicicleta sofisticada ou muitos equipamentos, principalmente para quem pretende ficar em pousadas e hotéis. Basta uma bicicleta com marchas, equipada com um bagageiro e um par de alforjes (bolsas laterais onde a bagagem vai acomodada). Melhor do que ter que fazer consertos é evitá-los: saia de casa com a bicicleta revisada e em perfeito estado de funcionamento.

Para aumentar a margem de segurança, use roupas discretas. É melhor ser invisível e confundir-se com os locais do que deixar claro nas vestimentas que você é de fora e que está equipado. Roupas de ciclismo supercoloridas, por exemplo, podem ser trocadas por peças em dry-fit em cores mais neutras. Mesmo o capacete, tão necessário numa competição, acaba sobrando às vezes. “Os ‘bikers’ me recriminam, mas não uso capacete”, diz Yasmin. Pelo Código Brasileiro de Trânsito, ele não é obrigatório. Ela opta por algum boné qualquer, para se proteger do sol – como costuma fazer a maioria dos trabalhadores brasileiros que vão de bike. Chegar sem alarde é inclusive uma postura mais humilde, que tende a ganhar mais simpatia dos locais.
“É importante chamar o mínimo de atenção, o que nem sempre é possível com uma bicicleta carregada. Quanto menos carga, menos atenção você vai despertar. Outra dica é colocar uma calça ou bermuda por cima da lycra, evitando roupas coladas ao corpo”, ensina Eliana. Roupas e acessórios cor-de-rosa, por exemplo, são quase um atestado visual de que há uma mulher pedalando a bicicleta, o que pode aumentar a vulnerabilidade. Por via das dúvidas, melhor evitar.
Verônica Mambrini
Viajar de bicicleta sozinha implica em riscos, que podem e devem ser minimizados por precaução e planejamento
4 – Preparo técnico 
Não precisa ser uma mecânica profissional, mas faz toda diferença saber o funcionamento básico de sua bicicleta. Regular os freios, trocar pneus e montar as rodas na bicicleta são reparos e ajustes simples e fáceis de aprender que dão autonomia à mulher. Com um pequeno kit de ferramentas é possível fazer a maior parte dos consertos necessários numa viagem desse tipo. “Sei montar guidão, pedal, colocar as rodas, dar uma acertada nas marchas”, exemplifica Yasmin. O resto ela deixa por conta das bicicletarias, comuns em qualquer cidade. “Não tem aperto. Nunca fiquei pelo caminho”, diz a professora de Educação Física.
É bom ter noção de primeiros socorros e organizar um pequeno kit, nem que seja para cuidar do ralado no joelho de um tombo na estrada. E até para cair, tem jeitinho. “Se soltar o corpo e deixar ele rolar, vai machucar menos do que se tentar se segurar ou salvar a bike. Pula fora, desacelera e deixa a bike para lá”, recomenda Yasmin A técnica foi festada e aprovada pela reportagem, com nenhum machucado registrado nas quedas da viagem.
5 - Rede de segurança 
É praticamente inevitável que família e amigos fiquem preocupados com a viagem. Combinar como será feita a comunicação é bom para eles, que ficam com o coração tranqüilo, e para a viajante, que sabe que pode contar com apoio caso aconteça algum imprevisto. Ao telefonar ou mandar mensagem informando que está tudo bem, é importante dar a referência de onde se está. Ah, e ninguém precisa se descabelar com um pequeno atraso na comunicação, ok? Às vezes o sinal de celular é ruim no local escolhido para passar a noite, por exemplo. O importante é não ficar tempo demais sem dar notícias.

6 – Preparo físico 
Para fazer uma cicloviagem, não é necessário ser atleta, mas é bom estar com o condicionamento físico em dia. “Se tiver esgotamento físico, você irá se colocar numa situação de risco, porque terá que buscar esse tipo de ajuda no caminho”, alerta Eliana.

Quem parte do zero (ou de perto dele), pode reforçar o treino numa academia. “No fundo, a preparação é feita na sua bike, na que você vai viajar”, afirma Yasmin. Musculação e treinamento de resistência ajudam a encarar períodos longos na bike, sem dores. “A bicicleta tem que ser uma extensão do seu corpo. Ela será suas pernas durante uma boa parte do dia.” De acordo com a professora, corrida também pode ajudar bastante a aumentar o fôlego. "Sem pressa. Como explicar que o tempo é o que ficamos viajando e não no lugar de chegada?", lembra Yasmin.

7 – Bagagem 
Não adianta levar coisas demais e deixar a bike pesada e desagradável de pedalar. Também não é o caso de levar coisas de menos, a ponto de passar desconforto por causa de um item que ficou em casa. Roupas adequadas ao clima e uma ou duas mudas extras são o suficiente. Se a viagem for um pouco mais longa, vale mais a pena lavá-las no caminho do que levar muitas trocas.

Dependendo do estilo da viajante, macetes como um vestido preto de corte simples são uma mão na roda para programas menos esportivos, como sair para jantar ou visitar museus. O essencial, além das roupas, é água, chinelos ou papete, um lanche para o percurso do dia e kit de ferramentas (para quem não pretende acampar). Claro que um batonzinho e um rímel não matam ninguém e deixam as fotos da viagem mais bonitas.
8 – Horários 
Precisa acordar cedo? Não necessariamente. É só reduzir a quilometragem do dia, e ganhar umas horinhas para espreguiçar e tomar café com calma. Mas vale a pena espantar a moleza e pular da cama para aproveitar as horas da manhã, que são as melhores para pedalar, evitando o sol forte do meio dia. É bom se programar para chegar cedo, porque se houver qualquer imprevisto, como um pneu furado, há margem de tempo para resolver tudo sem aflições.

Afinal, não é para relaxar e conhecer o mundo em outro ritmo, sem pressa, que serve uma viagem de bicicleta?

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