De uma antiga aldeia do Século 18 denominada Indaiaçu, nasceu a cidade de Casimiro de Abreu na região serrana, ao lado da Reserva Biológica Nacional do Poço das Antas. Os primeiros habitantes dessa região foram os índios Goitacás, que em equilíbrio com o meio físico viviam e dominavam uma vasta área de terras, organizados em grupos não muito numerosos para poderem assim controlar seu território.
No espaço hoje compreendido como município de Casimiro de Abreu habitaram os índios Saruçus pelos sertões do rio São João e lagoa de Jurtunaíba. Senhores das opulentas matas, esses corajosos índios desde a infância hábeis nadadores da NaçãoGoitacá,começaram a ser interiorizados pelo colonizador desde o século XVII. Com o conhecimento do governo português, a nação Goitacá foi aos poucos eliminada. Essa nação era formada de várias tribos, que dominavam as terras compreendidas entre os rios Macaé e Itabapoana, até a Serra do Mar. Eram índios guerreiros, que viviam em luta entre si. Além dos Saruçus haviam ainda os Guanhans, no sertão do Imbé e Lagoa de Sima; os Coroados e Coropós, á margem do rio Paraíba, em terras altas; os Puris ao norte do Rio Muriaé e os Guarulhos, nas planícies da foz do rio Paraíba.
Cada tribo tinha sua própria língua, embora se entendessem perfeitamente entre os acentos ásperos e gotejados. Os índios Saruçus formavam suas aldeias com casas pequenas e barreadas, cobertas de palha. Quando estavam caçando ou pescando, faziam apenas pequenos abrigos com galhos e folhagens. Cobriam-se com pouca roupa tecidas de algodão de embira, fiadas com os dedos, entre as coxas. Não só gostavam de se enfeitar como também eram muito asseados. O banho era a primeira atividade do dia e, se estava quente, ele era repetido várias vezes.Os índios de modo geral quando não estavam caçando ou pescando, estavam sentados ou deitados a conversar. Os homens também se ocupavam em fazer redes, preparar flechas e tecer cordas; já as mulheres preparavam a comida, as panelas de barro, os cestos trançados de folhas de palmeira de cuité, os potes e depósitos de cerâmica, e a bebida feita de milho socado e mandioca ralada com mel, postos para azedar. Ficavam ofendidos quando estrangeiros se recusavam a beber de sua aguardente. Não economizavam no comer e no beber. Se muito tivessem, muito comiam, até acabar. A alimentação era a base de muita fruta silvestre como jabuticaba e jenipapo, além de mel, palmito, peixes e caças, temperadoscom alguma pimenta. Quando catequizados e aldeados, plantavam mandioca, milho e feijão mas somente para consumo. Suas ferramentas não eram muitas: facas, feitas de lascas de seixos; machados de pedra dura e outros de ossos preparados; longas lanças. Essas ferramentas eram também usadas nas freqüentes guerras. Os arcos eram grandes, de madeira sólida e flexível, as flechas, de bambu leve, com pontas agudas de diferentes feitios, dependendo do alvo que queriam acertar, e enfeitadas com penas coloridas que orientavam a direção do tiro.
O canibalismo, visto com tanto terror pelos europeus, fazia parte de um ritual "sagrado" de guerra. A vitória das guerras eram tão festejadas quanto os casamentos, com cerimônias iniciadas por danças seguidas de muita bebida. Os mortos também eram muito festejados e os mais distintos eram enterrados com cerimônias, em urnas cerâmicas chamadas camocis, em posição, sentada. Com certa freqüência, trocavam objetos entre si e com os portugueses. Preferiam os espelhos, lenços vermelhos e facas, ficando com as lâminas e trocando o cabo.
Costumavam vender bolas de cera que juntavam quando o mel, que usavam também na confecção de velas e de seus arcos e flechas. Mesmo aldeados retiravam-se para as matas, retornando em algum tempo.
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