Às vezes, além do gosto pessoal e da vontade de aceitação, a religião também tem um papel na hora escolher o que vestir
Reuters
Lady Gaga certamente não se veste para passar despercebida
Lady Gaga certamente não se veste para passar despercebida
Pode até estar linda, mas maneira como a mulher se apresenta nem
sempre revela quem ela é. “A aparência ocupa um lugar em alta na nossa
sociedade, e a mulher sofre as consequências disso”, avalia Denise
Bernuzzi de Sant’ Anna, professora especialista em História do Corpo, na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
Conheça a nova moda evangélica
Denise diz que houve um tempo em que a mulher era submissa aos padrões impostos pela Lei Paterna. Hoje isso não existe mais, o que não significa que não existam outros padrões. “A auto-imagem é muito pior que as imposições externas. Podemos lutar contra as regras, mas não conseguimos escapar de nós mesmos”, define Denise.
Conheça a nova moda evangélica
Denise diz que houve um tempo em que a mulher era submissa aos padrões impostos pela Lei Paterna. Hoje isso não existe mais, o que não significa que não existam outros padrões. “A auto-imagem é muito pior que as imposições externas. Podemos lutar contra as regras, mas não conseguimos escapar de nós mesmos”, define Denise.
Na hora de compor a própria aparência, então, o que fala mais alto?
Seguir um estilo próprio ou agradar os homens? “As mulheres se vestem
para competir com outra mulher, com o intuito de atrair o sexo oposto”,
garante Ana Paula Mallet, psicóloga da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). Isso explica a obsessão por cabelos longos e lisos, roupas
comportadas de boa moça ou que ressaltem o corpo e até a insistência em
esmaltes clarinhos mesmo em época de esmaltemania – tudo isso ajuda a
criar uma imagem pouco ameaçadora e atraente para a maioria dos homens.
A especialista acredita que, ao atrair um olhar, a mulher tende a
sentir-se valorizada. “Isso acontece com freqüência, porque o público
feminino anda instável consigo mesmo. E de maneira incorreta acredita
que, se agradar o outro, está antenada e pode ser bem sucedida”,
acrescenta a psicóloga.
“Independentemente da vestimenta, a mulher deve saber qual é o seu
real poder”, alerta Ana Paula Mallet, psicóloga da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp). A especialista analisa que ninguém deve ser
refém da moda, ou vestir-se para agradar o outro, mas entender que o
espelho deve ser o seu
Hiroko Masuike/The New York Times
Leandra Medina, autora do "Man Repeller", mostra uma versão elegante de seus "anticoncepcionais fashion": plumas e peças volumosas, por exemplo
Leandra Medina, autora do "Man Repeller", mostra uma versão elegante de seus "anticoncepcionais fashion": plumas e peças volumosas, por exemplo
melhor amigo.
“Repelente de homens”
Quando a ideia deixa de ser vestir-se para se fazer atraente, acaba chamando a atenção. Essa consciência fez a fama instantânea do blog de moda “The Man Repeller” – o repelente de homens – em que uma estudante nova-iorquina publica fotos de roupas perfeitamente comportadas que ela transforma com sobreposições, óculos de aro grosso, peças largas e turbantes em looks que os fashionistas amam, mas os homens, ela jura, odeiam.
“Existem muitos padrões estéticos e, entre eles, a obrigação de ser diferente”, diz Denise. Nesta categoria, encaixa-se também a cantora Lady Gaga, que leva a moda às últimas consequências e que, apesar de estar sempre com pouca roupa, nunca passa a imagem de objeto sexual. “Fugir da moda não é algo novo. Ela está reciclando o que outras mulheres já fizeram em outras épocas”, garante a professora da PUC.
Para a psicóloga Ana Paula, não fazer parte da maioria não significa, necessariamente, que esta mulher não busca competir e chamar a atenção. “Ser diferente pode ser um atrativo. O mais importante é não ficar refém do externo”, avalia.
A antropóloga Mirela Berger explica que quando alguém se arruma, compõe uma mensagem. “A Lady Gaga, por exemplo, pode estar fora de um padrão. Mas cai em outro, o de ser diferente”, afirma. E, para a especialista, sempre haverá alguém assim, optando por outro caminho. “Se a mulher pinta o cabelo de rosa ou opta por assumi-los brancos, não importa. Se ela estiver bem com ela mesma, irá atrair e ser respeitada por outros artifícios. Isso talvez seja a principal lição para a mulher contemporânea”, defende Ana Paula.
Aceitação
Denise comenta que, ao definir um estilo de se vestir, a mulher o faz porque quer, mas também porque exigem isso dela. “Ser aceita é garantia de sucesso”, ressalta a professora. E completa: “Agradar o outro não é problema, mas essa mulher não pode oferecer apenas a aparência. A beleza física é um complemento que, sozinho, não se mantém”, alerta Denise.
Para Mirela existe liberdade, mas é importante adequar-se às circunstâncias. “A carreira, por exemplo, pode impor um padrão de se vestir que não tem nada a ver com os desejos daquela mulher”, exemplifica.
Encaixar-se em um padrão é fundamental. “Todos temos essa necessidade, mas podemos escolher ou reelaborar”, afirma Mirela. Para a antropóloga, essa negociação é permanente. “A mulher está sempre negociando com a sociedade, com o outro, com a religião, com a carreira. O importante é encontrar caminhos para ficar bem consigo”, complementa.
Quando a ideia deixa de ser vestir-se para se fazer atraente, acaba chamando a atenção. Essa consciência fez a fama instantânea do blog de moda “The Man Repeller” – o repelente de homens – em que uma estudante nova-iorquina publica fotos de roupas perfeitamente comportadas que ela transforma com sobreposições, óculos de aro grosso, peças largas e turbantes em looks que os fashionistas amam, mas os homens, ela jura, odeiam.
“Existem muitos padrões estéticos e, entre eles, a obrigação de ser diferente”, diz Denise. Nesta categoria, encaixa-se também a cantora Lady Gaga, que leva a moda às últimas consequências e que, apesar de estar sempre com pouca roupa, nunca passa a imagem de objeto sexual. “Fugir da moda não é algo novo. Ela está reciclando o que outras mulheres já fizeram em outras épocas”, garante a professora da PUC.
Para a psicóloga Ana Paula, não fazer parte da maioria não significa, necessariamente, que esta mulher não busca competir e chamar a atenção. “Ser diferente pode ser um atrativo. O mais importante é não ficar refém do externo”, avalia.
A antropóloga Mirela Berger explica que quando alguém se arruma, compõe uma mensagem. “A Lady Gaga, por exemplo, pode estar fora de um padrão. Mas cai em outro, o de ser diferente”, afirma. E, para a especialista, sempre haverá alguém assim, optando por outro caminho. “Se a mulher pinta o cabelo de rosa ou opta por assumi-los brancos, não importa. Se ela estiver bem com ela mesma, irá atrair e ser respeitada por outros artifícios. Isso talvez seja a principal lição para a mulher contemporânea”, defende Ana Paula.
Aceitação
Denise comenta que, ao definir um estilo de se vestir, a mulher o faz porque quer, mas também porque exigem isso dela. “Ser aceita é garantia de sucesso”, ressalta a professora. E completa: “Agradar o outro não é problema, mas essa mulher não pode oferecer apenas a aparência. A beleza física é um complemento que, sozinho, não se mantém”, alerta Denise.
Para Mirela existe liberdade, mas é importante adequar-se às circunstâncias. “A carreira, por exemplo, pode impor um padrão de se vestir que não tem nada a ver com os desejos daquela mulher”, exemplifica.
Encaixar-se em um padrão é fundamental. “Todos temos essa necessidade, mas podemos escolher ou reelaborar”, afirma Mirela. Para a antropóloga, essa negociação é permanente. “A mulher está sempre negociando com a sociedade, com o outro, com a religião, com a carreira. O importante é encontrar caminhos para ficar bem consigo”, complementa.
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