sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mulher encontrada viva após 17 dias

Trabalhadores fizeram oração para que sobrevivente, encontrada no subsolo do prédio, conseguisse ser resgatada; número de mortos na tragédia passou de mil


As equipes de resgate em Bangladesh encontraram uma mulher viva sob os escombros do edifício que desabou há 17 dias em um subúrbio da capital do país, Daca, anunciou o Exército. O resgate aconteceu nesta sexta-feira (10), mesmo dia em que o número de mortos na tragédia passou de 1 mil, se tornando um dos piores desastres do setor industrial da história.
AP
Equipes de resgate carregam sobrevivente do desabamento de um prédio em Savar, Bangladesh
A mulher, identificada como Reshma, estava em tão bom estado que foi capaz de falar, segundo um integrante das equipes de resgate. Ela disse que sobreviveu comendo alimentos secos e tomando água de garrafa.
As equipes a encontraram na tarde desta sexta, no horário local, nos destroços do subsolo do prédio, perto de uma sala de oração, e ordenaram imediatamente que os tratores e guindastes parassem de trabalhar. Eles usaram serrotes para abrir espaço no meio dos escombros, enquanto centenas de trabalhadores que há dias vêm removendo os corpos do local ergueram as mãos em oração.
"Alá, o senhor é o maior, o senhor pode fazer tudo. Por favor, nos permita resgatar essa sobrevivente encontrada", disse um homem em um alto falante. "Pedimos perdão por nossos pecados. Por favor, nos perdoe, perdoe essa pessoa encontrada viva."
Quando a mulher, que segundo os soldados se chama Reshma, foi libertada depois de quarenta minutos, as multidões responderam com comemoração e choro. Ela foi levada às pressas ao hospital militar em uma ambulância, supostamente em bom estado, apesar da provação pela qual passou. Abdur Razzak, autoridade do Exército que estava no local, disse que ela estava bem e poderia até andar.
"Eu ouvi as vozes das equipes de resgate durante muitos dias. Fiquei batendo nos destroços com paus para chamar atenção", disse Reshma à TV Somoy da cama do hospital. "Ninguém me escutava. Foi muito ruim para mim. Eu nunca sonhei que veria a luz do dia de novo."
"Havia alguns alimentos secos à minha volta. Eu comi esses alimentos por 15 dias. Nos últimos dois dias, eu não tinha nada além de água. Eu bebia apenas uma quantidade limitada de água para guardar. Tinham algumas garrafas de água à minha volta."
Ela finalmente atraiu atenção das equipes quando começou a bater um tubo de metal contra os destroços, disse Razzak. Segundo ele, os trabalhadores entraram dentro dos escombros com lanternas. Eles deram água, oxigênio e soro para Reshma enquanto tentavam libertá-la.
Assista ao vídeo do resgate de Reshma:
Reshma afirmou à TV Somoy que estava trabalhando em uma fábrica no segundo andar quando o prédio começou a desabar. Ela correu pelas escadas em direção ao subsolo, onde ficou presa pelos escombros. Ela afirmou às equipes que não havia mais sobreviventes no local onde estava.
"Ela me disse que havia outros três vivos com ela. Eles morreram. Ela não viu mais ninguém vivo lá", disse o major general Chowdhury Hasan Suhrawardy, chefe das unidades do Exército local. Os corpos foram recuperados em outra seção do prédio, não distante do local onde estava Reshma.
Asma, irmã de Reshma, disse que ela e sua mãe mantiveram uma vígilia pela costureira, que nasceu no distrito rural de Dinajpur, 270 km a norte de Daca. Ela disse que eles foram perdendo as esperanças com o passar dos dias. "Conseguimos ela de volta quando havíamos perdido as esperanças de encontrá-la viva", ela disse à TV. "Deus é tão misericordioso."
A mãe e a irmã foram visitá-la no hospital nesta sexta. Reshma sobreviveu por mais de duas semanas sob temperaturas que atingiam 30ºC, guardando toda a comida que encontrava.
Cerca de 2,5 mil sobreviventes foram resgatadas dos escombros. A última sobrevivente foi encontrada em 28 de abril, mas essa história teve um fim trágico. Enquanto as equipes tentavam libertar  Shaheena usando um moedor elétrico, as faíscas do aparelho provocaram um incêndio e ela morreu com a fumaça.
A primeira-ministro de Bangladesh Sheikh Hasina ligou para Reshma no hospital, e a mulher começou a chorar no telefone. Ela falou para Hasina: "Estou bem, por favor, reze por mim", disse.
Hasina, cujo governo foi amplamente criticado pela falta de fiscalização das indústrias têxteis do país, estava se dirigindo ao hospital de helicóptero para encontrar Reshma e parabenizar as equipes de resgate. "Esse é uma façanha incrível", disse Hasina segundo sua assessora, Mahbubul Haque Shakil.
O número de mortos do desastre passsou de mil nesta sexta-feira, com as autoridades confirmando um total de 1.038 corpos dos destroços do prédio, que abrigava cinco fábricas têxteis.
Desde a tragédia, foram fechadas 18 fábricas de roupas no país - muitas delas fabricantes de peças vendidas a preços baixos no Ocidente -, na tentativa de melhorar as condições de segurança e assegurar a compradores internacionais que padrões mínimos estão sendo cumpridos.
Equipes de resgate levaram 40 minutos para retirar mulher sobrevivente dos escombros do prédio em Bangladesh. Foto: AP
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