Para geriatras e governo, aumento do número de idosos nas cidades traz novo desafio
Aos 90 anos, Jandyra de Jesus Macedo esbanja vitalidade e uma memória de causar inveja a qualquer jovem. Com nove filhos, 28 netos, 27 bisnetos e quatro tataranetos, relembra fatos que ocorreram há décadas, mas esquece pequenos detalhes do dia a dia. Quem nunca? As marcas do tempo lhe trouxeram, além de rugas e muita história para contar, uma artrose no joelho que já não lhe permite caminhadas mais longas. Fora a bursite, longa companheira de estrada, que vira e mexe causa dor no braço. Ela toma remédio para pressão alta e o coração, mas se mantém ativa com algumas tarefas domésticas. Como cuidar da horta que mantém no quintal — ela é nascida e criada na roça e veio para a cidade há mais de seis décadas.
Apesar dos obstáculos — pequenos diante de doenças mais graves ou incapacitantes, típicas da idade avançada —, Jandyra é um exemplo de idoso que cresce a cada ano no Brasil. A expectativa de vida hoje é de 74,9 anos — contra 62,5 anos em 1980 — e estima-se que a longevidade cresça ainda mais a cada ano.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada 10 pessoas deverá residir em áreas urbanas nos países em desenvolvimento, como o Brasil, até 2030. Em 2050, serão 900 milhões de pessoas acima de 60 anos — uma em cada cinco pessoas será idosa. O desafio, para o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), João Bastos Freire Neto, é garantir um ambiente urbano inclusivo e seguro para os idosos.
Comemorado em 1º de outubro, o Dia Internacional do Idoso traz à tona o tema do envelhecimento saudável.Apesar do maior tempo de vida, três em cada quatro idosos no Brasil têm alguma doença crônica não transmissível, como cardiopatias, diabetes, osteoporose, pneumonia, câncer, enfisema, Alzheimer e Mal de Parkinson. Boa alimentação, prática de atividades físicas e consultas regulares aos médicos ajudam a diminuir os efeitos do envelhecimento e garantir uma terceira idade saudável, alertam especialistas.
Ações em várias cidades“Velho é o preconceito”, afirma o casal Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça, que gravou um vídeo bem humorado para ser veiculado a partir de amanhã nas redes sociais. “A gente tem vontade de viver e tem muitos planos pela frente”, diz o ator, dançando. “Um belo dia você também vai acordar e vai se sentir idoso, que os anos se passaram e que você tem muita história para contar. E isso é um privilégio!”, completa a atriz.
A manhã, Dia Internacional do Idoso, médicos do Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso de Duque de Caxias estarão na Praça do Pacificador, a partir das 9 horas, para prestar serviços de verificação da pressão arterial, teste de glicemia para identificação de casos de diabetes e avaliação nutricional.
Em São Gonçalo, cidade com a segunda maior população da terceira idade do estado — em torno de 150 mil pessoas, sendo 12% da população atual —, a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para o Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência faz panfletagem na Praça Luiz Palmier, no Rodo, das 9 às 13h. O objetivo é informar sobre envelhecimento saudável, longevidade, direitos e estatuto do idoso.
Ontem, em Itaboraí, uma miniação social atendeu cerca de 450 idosos com serviços nas áreas de saúde e beleza, no segundo dia de eventos da Semana do Idoso, realizada pelo projeto Vida em Movimento. Célia dos Santos, 65, aproveitou para aferir a pressão. A programação conta com a parceria do Governo do Estado, Cruz Vermelha e empresas de saúde e bem-estar do município.
Nenhum comentário:
Postar um comentário