terça-feira, 22 de setembro de 2015

Estamos de Olho no Ben Carson


Quem anda atento à campanha eleitoral nos Estados Unidos raramente encontra títulos sem as palavras “sondagens”, “Trump”, “e-mails” e “Clinton”. Por vezes, a atenção dos eleitores é desviada para outros candidatos do Partido Democrata e do Partido Republicano, como Bernie Sanders e Ben Carson – um socialista que empurra a campanha do seu partido para a esquerda e um neurocirurgião que conquista os conservadores fartos de serem vistos como um grupo de fanáticos ignorantes. Um e outro têm subido nas sondagens, e ainda que seja muito cedo para perceber quem tem mais hipóteses de substituir Barack Obama na Casa Branca, não deixa de ser curioso recordar os tempos em que a corrida estava terminada ainda antes de ter começado – antes do verão, era certo que a Sala Oval iria ser ocupada ou por Hillary Clinton, ou por Jeb Bush. Ainda que esse cenário continue bem dentro do prazo de validade, já que a corrida pela nomeação nos dois partidos é longa e cheia de armadilhas, o furacão Donald Trump não é o único com hipóteses de estragar a refeição que os Bush e os Clinton já tinham encomendado.
No Partido Republicano, o neurocirurgião Ben Carson é a nova estrela em ascensão – na média das sondagens analisadas pelo site Real Clear Politics, Carson está a apenas seis pontos de Donald Trump no primeiro estado a escolher os seus favoritos para a Casa Branca, o Iowa. O caso muda de figura em New Hampshire, que vota uma semana mais tarde, a 9 de fevereiro de 2016, e também em nível nacional. Em ambos os casos, o magnata e estrela da televisão mantém vantagens muito mais confortáveis, mas esse ímpeto da campanha de Carson já levou o antigo favorito Jeb Bush para terceiro lugar, com um terço das juras de amor feitas a Donald Trump.
[…] Carson foi até à Califórnia na semana passada, para discursar no Centro de Convenções de Anheim. Muitos dos que foram ouvi-lo estão desiludidas com os políticos de Washington (um trunfo muito usado também por Trump), mas em alguns casos a ligação parece ser mais profunda. Ao contrário do discurso negativo do magnata, que pode deixar para trás os eleitores latinos e negros, tão importantes nas eleições gerais, Carson é uma dádiva para os conservadores que querem mudar não só os políticos, mas também a imagem que os Democratas e muitos independentes têm deles. […]
Como resumiu Andrew Romano, se o Partido Republicano quisesse combater a ideia de que está sendo dominado por um grupo de radicais intolerantes, que não acreditam nas teorias da evolução e são privilegiados e racistas, dificilmente encontrariam um candidato melhor do que Carson: “Um negro bem-educado, que estudou nas melhores universidades, homem da ciência e de fé, que saiu da miséria em que nasceu e tornou-se um Republicano ao longo dessa viagem.” […]

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