sábado, 30 de abril de 2011

Psicólogos analisam os homens da novela “Insensato Coração”

Os personagens masculinos e suas relações confusas e maléficas com as mulheres
Os homens da novela “Insensato Coração”, trama do horário nobre da Rede Globo, parecem representar um verdadeiro pesadelo de calças. Entre outros desvios, eles apresentam comportamentos como infidelidade compulsiva, machismo e dificuldade de envolvimento emocional – um prato cheio para os analistas. Na vida real, quantos deles existem? Talvez muitos. Quem não conhece um mulherengo incorrigível ou um problemático bonitão? É claro, as mulheres também têm lá seus problemas, mas, dessa vez, são eles que estão no divã.

André Gurgel: o solteirão irresistível que ridiculariza as mulheres
Vivido por Lázaro Ramos, André Gurgel é um dos personagens mais polêmicos da trama. O designer adora conquistar mulheres, mas as dispensa horas depois da primeira transa. Honesto, ele não esconde o objetivo de obter só sexo delas. Também é comum ridicularizá-las para os amigos. Em cena recente, em tom de sarcasmo, ele fala sobre os acontecimentos que sucederam sua última aventura sexual: “Coloquei ela no taxi pra não ter dúvidas. Imagina dormir em casa? Na manhã seguinte ia fazer planos sobre o buffet do casamento”.
Paulo G. P. Tessarioli, especialista em sexualidade humana e relacionamentos, acredita que a chave para entendê-lo pode estar na infância. “Assim como seu pai, um alcoólatra que agredia fisicamente a mulher, André também é agressivo, só que verbalmente. Ele pode ser um misógino”, diz o psicólogo, se referindo às pessoas que têm aversão a tudo que é feminino. Mas como um homem que vive correndo atrás das mulheres pode ser misógino? Tessarioli explica o aparente contrassenso, dizendo que, inconscientemente, André pode identificar as mulheres com a sua mãe, “uma figura submissa, incapaz de reagir às agressões do marido”. A psicóloga da FMU de São Paulo, Cristiane Marcelino, aponta uma estratégia de autoproteção do personagem. “Não dar continuidade aos romances o protege de um possível envolvimento, assim como consequências inerentes a qualquer relação amorosa como, por exemplo, o sofrimento, a rejeição e o abandono
 Léo Brandão: golpista ou psicopata?
Grande vilão masculino da novela, Léo Brandão (Gabriel Braga Nunes) tem um comportamento que chama atenção. Sem demonstrar afeto sincero por ninguém, ele aplica golpes em série e usa seu poder inato de sedução para conquistar as vítimas – geralmente mulheres solitárias e que têm alguma posse ou pequena fortuna guardada. Sexo por diversão é raro, mas quando faz, Léo escolhe prostitutas na rua, com as quais não precisa estabelecer envolvimento emocional.
“O que é mais significativo no comportamento do Léo é o fato dele se relacionar com as pessoas sem manifestar qualquer sentimento que não seja o de se beneficiar. Esta total ausência de culpa é o que podemos classificar como um traço comum em casos de psicopatas”, pontua Cristiane sobre o personagem que já roubou, matou e mandou uma inocente para a cadeia em seu lugar. Na opinião de Tessarioli, a personalidade de Léo tem traços de imaturidade. “Ele se comporta diante do mundo como um eterno adolescente. Acha que o pai é injusto com ele, preferindo o irmão, e que o mundo é injusto também”, pondera o psicólogo

Horácio Cortez: um típico machão infiel
Dos personagens masculinos de “Insensato Coração”, Horácio Cortez (Herson Capri) talvez tenha o perfil mais antiquado para a mulher moderna. “Ele é o típico machão”, define Tessariolli. Quando casado, o banqueiro sempre teve amantes, mas nunca admitiu uma separação. “O Cortez separa sexo de amor. Tem um pensamento machista, acredita na ideia de que há mulheres para casar e outras para transar”.
Mas o psicólogo não coloca a mulher de Cortez, Clarice (Ana Beatriz Nogueira), no papel de vítima. “Todos os casais têm pactos de convivência, conscientes ou inconscientes. A esposa sempre foi conivente com essa atitude dele. Ela sabia dos casos, permitiu a situação”, ressalta.
Outro ponto interessante na personalidade do ricaço é o fato de ele sempre procurar amantes vulgares. Nenhuma delas, por exemplo, circula em seu nível social. Quando as chama de “vagabunda” para o seu confidente, deixa claro o desprezo e a atração descartável. “Quando eu cansar, passo ela pra você”.
Pedro Brandão: até que a próxima crise nos separe
Interpretado por Eriberto Leão, Pedro Brandão não guarda muitas semelhanças com os outros personagens analisados. Sem nenhum desvio de caráter evidente, o piloto tem como grande drama a culpa pela morte da ex-noiva, que ele havia abandonado pouco antes do casamento para ficar com Marina Drumond (Paola Oliveira).
Temporariamente na cadeira de rodas e sem licença para voar, o primeiro movimento de Pedro foi de repulsa à nova namorada: sumiu sem dar notícias, não quis conversa, magoou a moça, até que um dia voltou. Recuperado do acidente, agora o personagem enfrenta uma nova crise, a profissional. Será que homens como Pedro sempre terão um drama para se apoiar? A questão deve ser respondida nos próximos capítulos, já que ele conseguiu um emprego.
Agora, o romance de Pedro e Marina segue calmo e feliz, mas na visão de Tessarioli, alguém que viva uma situação tão trágica como a dele, dificilmente consegue se reerguer sem tratamento psicológico. “Ele é um homem traumatizado. Precisa passar por uma terapia, encarar os seus traumas para poder seguir a sua vida amorosa”.





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