quinta-feira, 21 de abril de 2011

Solteira e mãe: como retomar a vida social?


Criar um ou mais filhos sozinha é um desafio. Dar conta da rotina de mãe sem contar com um parceiro em tempo integral dá trabalho. Imagine então o malabarismo necessário para, de quebra, manter a vida social em dia. Como garantir algumas horas da semana dedicadas exclusivamente à diversão e ao cultivo de amizades?
Mães nesta situação têm poucas opções. Às vezes, nenhuma. “É muito difícil em alguns casos. Nem todo mundo tem de família ou amigos dispostos a cuidar da criança para que a mãe possa sair um pouco. É possível pensar na contratação de uma babá que durma no trabalho, mas a um alto custo financeiro. O problema nem sempre consegue ser resolvido”, explica a psicóloga clínica e psicoterapeuta de crianças, adolescentes, casal e família Miriam Barros. Quando há participação do pai na vida da criança, normalmente as mulheres possuem finais de semana alternados para poderem frequentar barzinhos, cinemas, restaurantes e festas em geral.
A psicóloga faz questão de frisar que cuidar dos filhos é apenas uma parte da vida de uma mulher. Ela precisa trabalhar, sair e ter amigos. “Se a mãe está feliz, a criança também vai ficar. As mulheres não devem viver exclusivamente para seus filhos porque isso pode voltar em forma de cobrança no futuro. Algumas pessoas acham que se você tem filhos é sua obrigação cuidar deles. E é mesmo. Mas não é questão de não cuidar mais dos filhos, e sim de suprimir uma necessidade de qualquer ser humano que é a de fazer atividades prazerosas e curtir um pouco a vida.” Mas e quando se começa a namorar? Será que os homens, principalmente os que não possuem filhos, conseguem entender a restrição de tempo de uma mãe?
Natalia e Pedro Henrique: "Eu me obrigava a sair. Queria encontrar alguém bacana para dividir minha vida"
Filho é prioridade
A administradora de empresas carioca Natalia Neder Ciambarelli, 34, afirma que nem todos os homens são capazes de entender a situação, mas exceções existem. Ela é mãe de Pedro Henrique, 7 anos. “O pai dele nunca foi presente. Quem me ajudou mesmo foi minha mãe, que apesar de morar em outra cidade, Petrópolis, vinha todo final de semana para o Rio. Minha tia também me dava uma mão.”
Natalia demorou um pouco para que ela pudesse retomar sua vida social. O filho sempre deu muito trabalho durante a noite. “A gente quer sair, mas está muito cansada. Por muito tempo, quando meu filho era menor, eu achava que não tinha espaço para um namorado na minha vida porque o Pedro Henrique ocupava todo o meu tempo. Tudo te leva a desistir, mas não pode. Eu comecei a me obrigar a sair. ter perspectiva de encontrar alguém bacana com quem dividir minha vida.”
Ela, hoje, é uma recém-casada. O casamento em si não foi a maior surpresa. “Eu pensava em casar, mas sempre achei que iria me relacionar com homens mais velhos e com filhos. Não foi o que aconteceu. Meu marido não tem filhos. É claro que, às vezes, ele fala que queria ter mais tempo comigo, mas eu nunca o enganei. Ele sabe que minha prioridade é meu filho. Ele assumiu essa situação comigo.”
Sentir culpa é normal
Nem sempre existe uma avó para ficar com os netos. Maria Luisa Magalhães Di Sipio, 49, gerente de compras, ficou casada por 20 anos. Há quase três veio o divórcio e ela ficou com as duas filhas, já que o ex-marido foi morar na Argentina. “Tenho uma de oito anos e outra de 15 anos. É complicado porque para sair tenho que ter alguém para cuidar da menor e conciliar com a agenda da maior. Ela já sai com os amigos e não posso privá-la disso para que eu possa me divertir.”
Além disso, os pais da Maria Luisa são idosos e não conseguem olhar as meninas. Resta pedir ajuda à irmã. “Eu sei que elas me ajudam sempre que podem, sem problema algum. Tenho amigas que oferecem auxílio também, mas morro de vergonha de ficar pedindo. Não sei se pareceria que fico largando minhas filhas cada hora em um local diferente. Não é bem assim, eu sei. Mas a gente não consegue controlar tudo que sente.”
Solteiras representam 10% das clientes de reprodução assistida
“A culpa é um sentimento normal, mas normalmente aparece com mais frequência quando a mãe vai sair para se divertir. Quando ela vai trabalhar, sabe que é uma necessidade e aceita melhor. O mesmo acontece quando tem algum parente doente e ela precisa se ausentar para dar atenção a quem está mais necessitado. O problema é o ato de ter prazer em sair e ficar um pouco longe do filho”, explica Sandra Maia, psicóloga especializada em psicoterapia psicanalítica e doutora em Ciências pelo programa de pós-graduação da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo.
Quando apresentar um namorado?
Não existe um momento ideal para apresentar o novo parceiro, dizem as especialistas. O conselho é que uma apresentação seja feita quando há uma perspectiva de que a relação será duradoura.
“Há várias formas de contar que está namorando para o seu filho. É sempre bom preparar a criança falando coisas como ‘a mamãe pretende um dia ter uma companhia’ e usar explicações simples e verdadeiras. O ideal é ir contando aos poucos para que a criança possa se acostumar com as mudanças”, afirma Miriam Barros.
A mãe deve deixar claro para o filho que, ao assumir um namoro, não desistiu da criança. “Os filhos precisam ouvir isso com todas as letras. Precisam saber que a dupla ‘mãe e filho’ é para sempre. Nada vai abalar isso. As mulheres precisam encontrar a melhor maneira de mostrar que existe lugar na vida deles para outras pessoas, sejam amigos, família ou namorado”, enfatiza Sandra Maia.
“Meu marido é o único namorado que apresentei para o meu filho. Demorou porque eu queria ter uma relação mais séria. Eu acho que a função da mãe, nesta situação, é sempre preservar o filho. O Pedro Henrique aceitou tudo muito bem. Acredito que o fato do pai dele nunca ter sido presente contribuiu para a boa reação que teve. Ele perdeu um pouco a mãe, mas ganhou uma figura masculina em casa. Acho que estava faltando isso para o meu filho”, confessa Natalia

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