terça-feira, 28 de junho de 2011

Delegado cobrou R$ 2 milhões para culpar Macarrão, diz Bruno

Ex-goleiro do Flamengo é ouvido sobre um suposto esquema de extorsão para livrá-lo da cadeia, colocando a culpa no seu amigo
Durante aproximadamente 35 minutos, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza alegou ter sido vítima de um plano de extorsão para livrá-lo da cadeia, voltou a reafirmar inocência e pediu que a polícia coloque escutas telefônicas nos familiares de sua ex-amante, Eliza Samudio.
Ele participou na manhã desta terça-feira (28) de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, na Assembleia Legislativa de Minas, em Belo Horizonte. Bruno acusou o delegado Edson Moreira, que conduziu as investigações sobre o desaparecimento e morte de Eliza, de ameaçar seus filhos e cobrar R$ 2 milhões para colocar a culpa do crime em Luiz Henrique Romão, o Macarrão, seu amigo e braço direito. "O delegado queria R$ 2 milhões", disse Bruno. Se a acusação for comprovada, o processo de Bruno pode ser anulado.
Edson Moreira afirmou ao iG que não comentaria as acusações de Bruno. "Isso é mais velho do que caranguejo andar para trás", esquivou-se.
Bruno chora em audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais
Originalmente, o objetivo da audiência era esclarecer uma denúncia da noiva de Bruno, Ingrid Calheiros. Segundo ela, a juíza Maria José Starling - primeira responsável pelo caso do goleiro -, o advogado Robson Pinheiro e um policial estariam envolvidos na venda de habeas corpus a seu favor no valor de R$ 1,5 milhão. Bruno, contudo, não falou sobre esse caso e preferiu se concentrar na acusação ao delegado Edson Moreira. Sobre a juíza, ele se limitou a dizer: "Eu estava deprimido e a juíza me dava palavras de apoio, dizia que isso ia acabar. Ela disse que se dependesse dela, ela me libertava", afirmou ele.
A audiência
O goleiro aproveitou para alegar novamente inocência na morte de Eliza. Além disso, ele afirmou que não tem acesso fácil ao seu advogado nem o direito a enviar cartas, benefício concedido a outros detentos da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, onde está preso.
“Quero agradecer meus fãs e dizer que não pude dar retorno às cartas recebidas porque o único preso que não podia mandar cartas fui eu. Podem acreditar, eu sou inocente”, disse ele.
O goleiro disse ainda que Eliza deveria ser procurada viva, já que o pai dela está foragido. "O pai dela fugiu, está desaparecido. Vamos raciocinar um pouco. Já que procuram a mulher morta, por que não procuram ela viva, por que não procuram ela nesses lugares, por que não colocam uma escuta nos seus familiares?", questionou Bruno..
Assediado, Bruno é celebridade na cadeia
O ex-goleiro do Flamengo frisou que Eliza saiu viva de sua casa, nunca foi torturada ou enclausurada e “sempre foi bem tratada” por seus amigos. Afirmou ainda que Macarrão sempre negou na prisão que tivesse matado Eliza. "Estou há meses com ele, que sempre olha nos meus olhos e diz que não fez nada. Ela foi muito bem tratada, nunca esteve num quarto amarrada nem foi espancada pelos meus colegas".
Segundo Bruno, ao contrário do divulgado por alguns veículos de imprensa, nunca teve regalias na prisão em Contagem, onde está detido desde julho de 2010. “Muita gente falava que eu estava em um hotel de luxo, com TV de não sei quantas polegadas, tomando banho de chuveiro. Era um cano. Quem dera eu pudesse tomar água gelada que aqui estou tomando. Tenho saudade.”
Bruno chegou às 9h37 ao auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Durante a audiência, trocou beijos e carinhos com sua noiva, Ingrid.
Bruno e a noiva, Ingrid, durante a audiência na assembleia legislativa
Sério e com uniforme vermelho da Superintendência de Administração Penitenciária (Suapi), Bruno não ficou algemado. Durante introdução sobre a audiência, Bruno chorou em silêncio. Com os cabelos maiores, o ex-goleiro do Flamengo mantém uma aliança dourada no dedo anular da mão direita.
O comparecimento de Bruno à assembleia foi requerido pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado estadual Durval Ângelo (PT). Também participam da audiência os deputados Sargento Rodrigues (PDT), Rogério Correia (PT), Maria Tereza Lara (PT), Célio Moreira (PSDB) e Délio Malheiros (PV).
Ao final da audiência, questionado por repórteres, ele disse que sua ida à Assembleia teve um resultado positivo: "Foi bom para desabafar".



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