quarta-feira, 8 de junho de 2011

O guia dos medos

Da infância à adolescência, saiba como superar os medos que afligem seu filho
Medo de lugares e pessoas estranhas
Fase mais comum: 0 a 12 meses
Começar a tomar contato com o mundo pode ser uma aventura bastante assustadora para um bebê. Aidyl de Queiroz Perez Ramos, membro titular do conselho de psicologia infantil da UNESP, conta que desde o início da vida o bebê deve ser ensinado a conhecer o mundo. Isso significa fazer com que ele se sinta seguro em relação ao lar e à família, mas sem deixar de apresentar o que a vida tem a oferecer. Cuidado extremo e exagerado gera insegurança. Portanto, cuide bem de seu bebê, mas não o acostume a se sentir seguro apenas quando estiver perto de você.
Medo de ser esquecido na escola (abandonado)
Fase mais comum: 2 a 3 anos
E se meus pais me esquecerem aqui? Esta é uma dúvida comum para crianças que começam a se relacionar com o mundo externo e ainda veem os pais como o único e exclusivo ponto de segurança de suas vidas. Chorar no primeiro dia de aula de seu filho só faz com que ele se sinta ainda mais inseguro. A ansiedade do reencontro da criança com sua família provoca este medo. Segundo Maria Regina, a melhor atitude a se tomar nestes casos é estabelecer boas rotinas em relação ao mundo interno e externo da criança, assim ela se sente mais segura em relação à família.
Medo de ser trocado
Fase mais comum: não tem idade
Deixar de ser o único bebê da casa pode ser extremamente ameaçador para uma criança pequena, principalmente quando ela presencia as mudanças que uma gravidez causa em toda a família. Esta situação pode determinar por um bom tempo a relação de seus filhos. Aidyl recomenda reforçar as relações entre o primogênito e o caçula mostrando para seu filho que o bebê vai fazer parte do time dele, o das crianças da casa.
A família aumentou, e agora?
Medo do escuro e de barulhos
Fase mais comum: 2 a 4 anos
De acordo com a autora Molly Wigand, o ideal nestes casos é mostrar que a razão de todo esse medo e insegurança é apenas a imaginação de seu filho. Se for preciso, embarque na viagem: vistorie com ele o espaço debaixo da cama e os armários e mostre que não há nada no quarto para persegui-lo.
Medo de dormir sozinho
Fase mais comum: 2 a 4 anos
Dormir sozinho é um passo muito importante para o desenvolvimento da criança, mas muitas vezes ela pode se sentir mais insegura em relação à “ausência” de seus pais do que feliz com o novo espaço conquistado. Sofrer ou demonstrar insegurança ao deixar seus filhos no quarto deles só piora a situação. Em vez de fragilizar a relação de seu filho com o novo espaço, ressalte a importância daquela conquista.
Medo do sobrenatural (monstros, espíritos, vampiros, bruxas)
Fase mais comum: 4 a 6 anos
O contato com esse tipo de ficção costuma ocorrer exatamente quando a imaginação da criança está a todo vapor. Se seu filho ainda é novo, escolha melhor os gêneros de literatura, programas de televisão e filmes que ele assiste, para não sofrer tão cedo o impacto da imaginação estimulada pelo sobrenatural. Para a psicóloga Maria Regina, é muito fácil para uma criança confundir o real com o fictício. Assim, barulhos normais que vêm da rua podem se transformar em vampiros sugadores de sangue ou monstros terríveis.
A solução, neste caso, é trabalhar melhor a fronteira entre a realidade e a ficção. Se seu filho tem a imaginação muito fértil, e por isso acaba se assustando ainda mais com o sobrenatural, deixe ele falar a respeito. Escreva histórias sobre esse mundo com ele, desenhe, interprete. Ele adquire mais confiança por perceber que tem o domínio sobre esse mundo imaginário.
Medo do mundo
Fase mais comum: 5 a 8 anos
Passada a fase do contato com o lúdico e o ficcional, as crianças começam a atentar para os perigos da realidade. Nesta fase, ao fazer companhia para os pais no horário do jornal, elas prestam mais atenção na conversa dos adultos e começam a tomar consciência do que acontece mundo afora. Se acidentes, assaltos e tragédias dão medo até nos adultos, imagine para as crianças. “Oriente seu filho a não transformar estes medos em fobias ou quadros clínicos como síndrome do pânico”, recomenda Aidyl. A chave para ajudá-lo é ensiná-lo a ter precaução. Como lidar com pessoas estranhas na rua, ter cuidado com os lugares que frequenta, obedecer as regras de trânsito para atravessar a rua... Ensinando direito e sem instaurar insegurança, a criança entrará na adolescência mais preparada para encarar novos impasses.
Medo da morte
Fase mais comum: 8 a 11 anos
O medo da morte é o mais presente para as crianças neste período, que já estabeleceram a segurança de estar com sua família e agora vão começar a temer a possibilidade de perdê-la. De acordo com Maria Regina, quando a criança percebe a finitude da existência, pode passar a ter cuidados excessivos com a própria vida. Traços de comportamento hipocondríaco ou obsessivo podem surgir e, nestes casos, é preciso procurar ajuda médica.
Seis respostas para falar de morte com as crianças
Medo de não ser aceito
Fase mais comum: 12 a 18 anos
O medo mais comum nesta fase é o de não ser aceito ou não pertencer ao grupo. Se seu filho tem medo de não ser aceito pela turma por não jogar futebol, por exemplo, mostre que ele tem dezenas de outros atributos que fazem dele um jovem interessante. Estimule-o a mostrar isso. Nunca aborde esse tipo de problema a partir daquilo que seu filho não consegue fazer: se ele não joga futebol, comece falando em como ele é bom com instrumentos musicais. Assim, ele perde o foco do que é frágil em si para dar atenção ao que sabe fazer de melhor.



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