sábado, 18 de junho de 2011

Reposição hormonal é segura em curto prazo, diz estudo

Adequada às necessidades individuais, as maiores beneficiadas do tratamento seriam mulheres entre 50 a 59 anos
A terapia de reposição hormonal, quando adequada às necessidades individuais de cada mulher, parece ser segura durante a menopausa. Os dados são de um relatório revelado na última semana, no Congresso Mundial da Menopausa, em Roma.
“A evidência é bastante convincente de que mulheres jovens e saudáveis se beneficiam do tratamento de diversas formas”, disse Roger Lobo, professor de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Columbia, em Nova York, e membro de um grupo de trabalho que atualizou as diretrizes de reposição hormonal da Sociedade Internacional da Menopausa.
“Acho que a descoberta mais importante é que a principal indicação para a reposição hormonal são os sintomas”, disse Lobo. Ele explica que o termo “mulheres jovens” se refere à faixa etária de 50 a 59 anos, no início da menopausa.
As recomendações provavelmente ajudarão a por fim à controvérsia surgida em 2002, com base em um relatório alarmante da grande pesquisa americana Women’s Health Initiative (WHI). Tal estudo, que teve início com um ensaio de prevenção de doenças cardíacas, concluiu que a reposição hormonal não protegeu o coração, além dos riscos terem superados os benefícios na prevenção de doenças crônicas.
Mas, ao revisar a terapia de reposição hormonal e evidências adicionais, o grupo de especialistas em menopausa concluiu que este tipo de tratamento geralmente é seguro para a maioria das mulheres que se encontram na menopausa.
Além disso, ao aliviar sintomas incômodos da menopausa, como ondas de calor e secura vaginal, Lobo diz que a reposição hormonal melhora a qualidade de vida e a sexualidade. Os autores ressaltam que o tratamento também pode ajudar a evitar a osteoporose e o câncer de cólon.
“E, nestas mulheres com menos de 60 anos, realmente existem evidências de benefícios também ao coração”, disse Lobo.
Como a reposição hormonal é um tratamento altamente individualizado, os autores dizem que a decisão da mulher de dar início ou de continuar o tratamento deve ser discutida com o médico.
A menopausa, o medo e o câncer de mama
As recomendações atualizadas, publicadas no periódico Climacteric, também encorajam as mulheres em terapia de reposição hormonal a revisar a decisão a cada ano juntamente com o médico, interrompendo a mesma ocasionalmente para verificar se os sintomas retornam. Recomenda-se a utilização em curto prazo, somente durante o período necessário para alívio dos sintomas, e na dosagem mais baixa possível.
Uma das razões para a reversão é que a idade média das participantes do estudo anterior era de 63 anos, que é geralmente após o final dos sintomas e também um momento incomum para iniciar a reposição hormonal.
“A reposição hormonal ainda é o tratamento mais eficaz para os sintomas vasomotores (como as ondas de calor) e para a atrofia urogenital (incluindo a secura vaginal)”, informa o relatório.
“Outras queixas em relação à menopausa, como dores musculares e nas articulações, alterações de humor, distúrbios de sono e disfunção sexual (como a redução de libido) podem apresentar melhoras durante a reposição hormonal”, complementaram os autores.
Outras descobertas
Possíveis riscos e efeitos colaterais aumentam com a idade, dizem os especialistas. Por isso, muitos anos após o final da menopausa as mulheres devem ser especialmente cautelosas, mesmo que para muitas delas a terapia hormonal em longo prazo possa ser segura, diz Lobo.
A reposição hormonal combinada, incluindo estrógeno e progesterona, aumenta levemente o risco de câncer de mama. Mulheres com histórico familiar da doença não deveriam fazer o tratamento.
Mulheres acima dos 60 anos, que sofrem um risco maior de AVC com a reposição hormonal, podem considerar o uso do patch hormonal transdérmico, que não está associado a riscos elevados de AVC.
Mulheres que já passaram por uma histerectomia podem se beneficiar da reposição hormonal com a redução do risco de doenças cardíacas.
Elizabeth Poynor, ginecologista oncologista do Lenox Hill Hospital, de Nova York, que está familiarizada com o estudo, da sua opinião favorável ao mesmo: “Estamos fechando o círculo em relação à reposição hormonal. Estamos percebendo que, para algumas mulheres, ela realmente traz benéficos. No início, o tratamento era prescrito para todas as mulheres, depois passamos a não mais indicá-lo (após as descobertas de 2002) e agora chegamos à individualização, que é a forma correta de utilizá-lo”.
Ela complementa: “A reposição hormonal definitivamente não é um tratamento padrão, por isso gostei dos resultados deste estudo”. A Sociedade Internacional da Menopausa financiou o estudo e não recebeu recursos de fontes externas.




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