Especialistas em recursos humanos explicam como não deixar que o romance atrapalhe a vida profissional
Muitas empresas proíbem. E aquele conhecido ditado malandro alerta: “Onde se ganha o pão não se come a carne”. Mesmo assim, o convívio diário no trabalho e as afinidades que vão aparecendo contribuem para a aproximação de profissionais que, muitas vezes, acabam virando namorados. Uma vez que o namoro já é uma realidade, o que fazer para evitar complicações e até a perda do emprego? O Delas consultou especialistas para responder essa pergunta.
No amor, diferença de idade ainda atrai olhares
Antes de tudo, é preciso saber que o namoro entre colegas de trabalho é mais frequente do que se pensa. “Relacionamentos amorosos nas empresas ocorrem com uma grande incidência. E a razão para isso é simples: no ambiente de trabalho, homens e mulheres convivem mais de oito horas por dia. Em muitos casos, essa convivência é superior às horas despendidas com a família”, explica João Jose da Costa, executivo de recursos humanos e autor do recém-lançado “Afrodite S.A.”, livro que trata justamente dos riscos e cuidados necessários para romances no meio corporativo.
Reinaldo Passadori: conte depois de ter certeza
Mas apesar do fato ser comum, não é fácil manter um relacionamento no trabalho. O especialista em recursos humanos e em comunicação verbal Reinaldo Passadori diz que vários problemas são criados porque os pares muitas vezes não conseguem manter uma distância necessária no escritório. “Os parceiros sentem ciúmes e qualquer movimentação gera desconfiança, o que perturba o ambiente profissional”.
Além da distância necessária, outros cuidados são importantes para que o doce do namoro não deixe amarga a vida profissional do casal. As dez dicas a seguir orientam os enamorados sobre o comportamento desejado e esperado nas empresas.
1. Contar ou manter segredo: “Nenhuma relação recém-iniciada deve ser comentada até que haja absoluta certeza da seriedade e longevidade do relacionamento”, pondera Passadori sobre a hora certa de contar no trabalho sobre o namoro. “O amor se revela em gestos, olhares, pelo tom das conversas”, lembra Costa, ressaltando que também não dá para esconder o jogo por muito tempo quando a coisa fica séria.
2. Romance à mesa: Como qualquer casal, principalmente no início da relação, todas as horas do dia são poucas para ficar juntos. E no trabalho, a hora do almoço se torna ideal para isso. Mas o casal não precisa almoçar isolado sempre, fica chato. Convidar os outros colegas para a refeição é uma boa política e ainda demonstra respeito por eles. Manter a individualidade e continuar almoçando com os amigos do setor também é uma demonstração clara de que os pares sabem separar amor e trabalho.
3. Selinho pode?: Pela distância das salas de trabalho, os elevadores e hall do prédio podem encorajar beijinhos rápidos. Mas os consultores advertem que essa não é uma boa ideia. “Há câmeras espalhadas por todos os cantos da empresa”, aponta Costa, que completa: "Manifestações mais íntimas podem indicar falta de comprometimento profissional". Melhor evitar.
4. Recreio: Faltando pouco tempo para fim do expediente, dá pra ir até mesa do namorado jogar um pouco de conversa fora? Claro que não. “Os fofoqueiros de plantão com certeza não perderão a oportunidade de comentar a dispersão e perda de horas produtivas com bate-papo”, avisa Costa sobre o desaconselhável “recreio particular”.
5. Dando bandeira: Os dois chegam com os cabelos molhados e esbanjando sorrisos no escritório. Pode até ser que não, mas poucas pessoas vão acreditar que se trata de uma simples coincidência. Sobre a situação, Costa é categórico: “Quase sempre é o início de uma deterioração da imagem na empresa. É dispensável correr esse risco com tantas noites de sexta-feira, feriados e finais de semana livres. Controlem os corações e os hormônios”, avisa.
6. Queridinha do chefe: As coisas se complicam para o casal quando um é chefe do outro. Nesse caso, é comum os colegas sugerirem que há favorecimento do subordinado. De acordo com Passadori, se as insinuações forem ocasionais, a melhor conduta é a indiferença. Mas se elas forem constantes, então será preciso marcar posição e deixar claro o lado ético e profissional da dupla.
7. Cara feira: No caminho para o trabalho, o casal tem aquela briga. Quando chegam ao escritório, eles não conseguem disfarçar a cara emburrada. Costa explica o erro: “Se o casal demonstrar que está brigado, certamente será alvo de indagações, tentativas de apaziguamentos, colegas que se colocarão do lado de um e contra o outro, etc. O ideal é manter as aparências”.
8. "Curtir" o namorado: Os apaixonados costumam achar que tudo que o parceiro diz é engraçado e brilhante. Na hora do almoço – ou no meio do expediente, correm para dar um “like” em tudo que o amado posta no Facebook. Sem esquecer aquelas mensagens carinhosas no Twitter e as longas conversas no Messenger. Logo muitos vão dizer que eles “não são mais os mesmos”, que a falta de foco anda prejudicando a qualidade do trabalho. “Não se deve enviar mensagens ou expor intimidade na internet nem oralmente. Isso constrange os outros e dá motivos para fofocas”, diz Passodori.
9. Confidências: O melhor a fazer é não ficar contando as intimidades do casal para outros colegas. “Para a grande maioria de pessoas, guardar um segredo torna-se um ‘fardo psicológico’. Ou seja, enquanto essa pessoa não repassa o segredo, ela não se vê livre desse fardo”, opina Costa. Assim, não exija tanto esforço de seu colega de trabalho, simplesmente não conte nada.
10. Segure a onda: O ciúme pode ocorrer e ocorrerá com certeza – muitas pessoas até provocam essa situação para ver o circo pegar fogo. “Mas os casais devem resolver isso de forma particular, fora da empresa”, destaca Costa, deixando claro que é o autocontrole é positivo profissionalmente, demonstra confiança e estabilidade emocional.
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