Moeda americana fechou no menor patamar desde o fim de junho após o banco central dos Estados Unidos informar que manterá o ritmo de seu programa de estímulo monetário
O dólar recuou quase 3% e fechou abaixo de R$ 2,20 pela primeira vez desde o fim de junho nesta quarta-feira (18), após o Federal Reserve surpreender investidores ao manter o ritmo do programa de compra de títulos .
A moeda dos Estados Unidos perdeu 2,89%, para R$ 2,1942 na venda. É o menor nível para a divisa desde 26 de junho, quando ficou em R$ 2,1894. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 800 milhões, bem abaixo da média diária de setembro de US$ 1,3 bilhão.
"Era esse o temor, e o temor se confirmou: o Fed está se sentindo muito inseguro para fazer essa redução e deve ser mais acomodativo", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.
O impacto da decisão foi sentido em boa parte dos mercados financeiros globais. O Dollar Index, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de divisas, perdia 1,14%, enquanto o euro avançava 1,15% em relação à divisa norte-americana.O Fed afirmou nesta quarta-feira que continuará comprando títulos ao ritmo de US$ 85 bilhões por mês por enquanto, expressando preocupação de que um forte aumento nos custos de empréstimo nos últimos meses possa pesar sobre a economia.
Mercados emergentes
Nos mercados emergentes, o otimismo foi generalizado. O dólar australiano ganhava 1,80% ante a moeda dos EUA. O dólar perdia mais de 2% ante o peso mexicano.
"No curto prazo, o cenário é obviamente positivo para ativos de mercados emergentes. Esse será o tema nos próximos dias já que o mercado começa a ajustar as expectativas para um ritmo mais gradual de aperto", afirmou o economista-chefe para mercados emergentes do Capital Economics, Neil Shearing.
No entanto, não é certo se essa tendência de depreciação do dólar vai perdurar. Para um operador de banco nacional, o comportamento do mercado de câmbio deve depender, em grande parte, da postura do BC brasileiro diante desse movimento.
"Acredito que as injeções diárias devem continuar até o fim do ano. E dependendo da demanda por swap, talvez o BC pare de rolar os contratos que estão para vencer", afirmou.
No dia 1º de novembro, vencem US$ 8,87 bilhões em contratos de swap cambial tradicional --equivalente a venda futura de dólares – que o BC pode escolher substituir por vencimentos mais longos.
Mais cedo, a autoridade monetária realizou dois leilões de swap tradicional: um previsto no cronograma de intervenções diárias do BC e outro com a finalidade de rolar papéis que vencem em 1º de outubro deste ano.
No primeiro, foi vendida a oferta total de 10 mil contratos com vencimento em 3 de fevereiro de 2014, com volume financeiro equivalente a US$ 497 milhões. No segundo, foram vendidos todos os 55,3 mil contratos ofertados, distribuídos entre os vencimentos de 1º de abril de 2014, 1º de julho de 2014 e 1º de outubro de 2014. O volume financeiro equivalente da operação foi de 2,718 bilhões de dólares.
"Acho que os leilões dão um fôlego para a valorização do real, especialmente em momentos quando o mercado tende a operar com uma liquidez reduzida no compasso de espera do Fed", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
O BC anunciou para amanhã a próxima intervenção, ofertando 10 mil contratos de swap tradicional com vencimento em 3 de fevereiro de 2014. O resultado será conhecido a partir das 9h50.
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