San Diego – Talvez um dia as impressoras venham a revolucionar o mundo da medicina, produzindo corações, fígados e outros órgãos para atenuar a escassez de órgãos para transplante. Por enquanto, porém, Darryl D' Lima ficaria satisfeito com um pouco de cartilagem para o joelho.
San Diego – Talvez um dia as impressoras venham a revolucionar o mundo da medicina, produzindo corações, fígados e outros órgãos para atenuar a escassez de órgãos para transplante. Por enquanto, porém, Darryl D' Lima ficaria satisfeito com um pouco de cartilagem para o joelho.
D'Lima, que chefia um laboratório de pesquisa ortopédica na Clínica Scripps aqui em San Diego, produziu uma espécie de cartilagem bioartificial em tecido de vaca, modificando uma antiga impressora a jato de tinta para sobrepor camada por camada um gel contendo células vivas. Ele também imprimiu cartilagens em tecidos retirados de pacientes que se submeteram à cirurgia de substituição do joelho.
Ainda há muito trabalho a fazer para aperfeiçoar o processo, obter as aprovações regulatórias e realizar ensaios clínicos, mas seu objetivo final remete à ficção científica: ter uma impressora na sala de cirurgia, que possibilitasse imprimir novas cartilagens sob medida diretamente no corpo para reparar ou substituir o tecido faltante por causa de um ferimento ou de artrite.
Assim como as impressoras 3-D ganharam popularidade entre os aficionados e as empresas que as utilizam para criar objetos do cotidiano, protótipos, peças de reposição e até mesmo armas, o interesse em utilizar uma tecnologia similar na medicina tem aumentado. Em vez de empregar os plásticos ou pós usados nas impressoras 3-D convencionais para construir um objeto camada por camada, as bioimpressoras imprimem células, normalmente na forma de um líquido ou gel. O objetivo não é criar uma bugiganga nem um brinquedo, mas montar um tecido vivo.
Em laboratórios ao redor do mundo, os pesquisadores têm realizados experimentos com a bioimpressão, primeiro apenas para ver se era possível fazer as células passarem por um cabeçote de impressão sem matá-las (na maioria dos casos, tem sido possível), e, em seguida, tentar produzir cartilagens, osso, pele, vasos sanguíneos, pequenos pedaços de fígado e de outros tecidos. Há outras maneiras de tentar "fabricar" tecidos - uma delas envolve construir uma armação de plásticos ou outros materiais e acrescentar células a ele. Em teoria, pelo menos, uma bioimpressora tem vantagens na medida em que pode controlar a fixação de células e outros componentes para mimetizar estruturas naturais.
No entanto, assim como as ambições ligadas à tecnologia de impressão 3-D não raro vão além da realidade, o campo da bioimpressão tem sido consideravelmente badalado. Comunicados à imprensa, palestras no TED e reportagens muitas vezes sugerem que a era dos órgãos impressos sob medida já se anuncia. (As ilustrações que acompanham as impressoras podem ser bem fantasiosas também – uma delas mostra um coração completo, aparentemente cheio de sangue, como produto final de uma impressora).
Sandy Huffaker/The New York Times
Nenhum comentário:
Postar um comentário