Rio - O antigo sertanejo tocou por um motivo especial no baile do Centro do Idoso de Rio das Ostras. Era este tipo de música que Moacir de Jesus escutava quando era segurança de um fazendeiro baiano, na época em que Getúlio Vargas presidia o país. Balançando na cadeira de rodas como uma forma de dança, mesmo debaixo de sol escaldante, ele aproveitava mais uma tarde de quinta-feira de seus 114 anos. Lúcido e bem disposto fisicamente.
Quando soube que teria carona e o baile rememoraria antigos clássicos do cancioneiro nordestino, ‘Seu Moacir’ se convenceu de que valia a pena acordar mais cedo do que o habitual e se preparar. Apesar da boa disposição, levantar da cama antes das 11 horas não é um hábito faz tempo: “Eu já acordei cedo muitas vezes nessa vida. Agora levanto por conta própria”, comenta.
Moacir deixou Itamaraju (BA) faz tempo e, segundo os familiares, “fez um pouco de tudo nessa vida”. Como lavrador, cultivou o cacau, que marcou um período áureo da economia brasileira. Morou em todas as regiões do país. “Ele esquece algumas coisinhas, mas tem uma cabeça boa e muitas histórias diferentes para contar. Participou até de guerras”, diz Auriete.
Ver o mundo mudar tanto também trouxe uma tristeza para o o antigo lavrador. “Hoje é tudo muito violento, não era assim”, opina. Mas é quando ele liga o rádio que sente mais saudade de antigamente. “Só toca palhaçada”, brinca ele, que perde muito pouco para o homem mais idoso do mundo, o japonês Jiroemon Kimura, de 116 anos, de acordo com o Guinness Book.
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