sexta-feira, 20 de maio de 2011

Giselle Tigre: “Eu e a Luciana (Vendramini) temos muita química”

A Protagonista do tão falado beijo gay em "Amor e Revolução", novela do SBT em que faz par com Luciana Vendramini, Giselle Tigre nunca beijou uma mulher na vida real. Mesmo se tivesse, não falaria. “Ainda acho que isso é quase como uma vida clandestina. O preconceito existe e não dá para colocar a cara a tapa”,
 38 anos, nascida e criada em Recife, ela sente que está no caminho certo. Deixou a Globo, onde fez "Malhação", Kubanacan" e "Poder Paralelo", entre outras participações e ganhou espaço no SBT. Acredita ter mais liberdade para ousar, como no tal primeiro beijo gay, beijão mesmo, entre duas mulheres da teledramaturgia brasileira. “As pessoas com orientação sexual diversa precisam ser respeitadas e retratadas na arte, precisam se reconhecer. Isso é legítimo.”
Empolgada com a repercussão, a direção da novela pretende colocar também um beijo entre dois homens. E mais: “O diretor já nos disse que era para a gente se preparar para cenas mais ousadas, inclusive cenas de cama”, avisa.

“ Eu e a Luciana (Vendramini) temos muita química! A gente sai pra jantar, fazer compras, uma dá feedback pra outra. A gente se diverte. E ter prazer no trabalho é essencial."
E a repercussão dentro de casa? “Os amigos mexem mais com meu marido, mas ele é de bem com a vida.” Já a filha, Maria, de 5 anos, reagiu como qualquer criança. “Ela viu uma foto bem grande do beijo no jornal e perguntou: 'Mãe, mulher beija outra mulher?' E eu respondi: 'Sim, de vez em quando beija!'”
Giselle Tigre: Fiz teatro em Pernambuco e minha mãe me emancipou aos 17 anos para eu rodar esse mundo trabalhando como modelo. Já fui para o Japão, pra China... Em teledramaturgia é a minha segunda novela, fiz "Kubanacan" na Globo. Sou cantora também e formada em jornalismo. Apresentei um programa durante três anos. E até hoje faço trabalhos como modelo.

Ela vive essa circunstância delicada que é a sua melhor amiga apaixonada por ela. Ela lida com isso de uma forma natural, não rejeita essa situação, ela acolhe a amiga, seus sentimentos. Mas ela é heterossexual, e é apaixonada inclusive por um homem casado. Este personagem é cheio de nuances: já fiz cena bêbada, levando fora, declarando o meu amor, batendo de frente com o delegado, sendo censurada.
Eu sabia que meu personagem seria dona de um jornal, muito moderna, elegante e firme. Mas não veio nada dessa relação homossexual. Quando eu recebi o capítulo 30, é lógico que meu olho arregalou. Eu pensei: 'nossa, que ousado, que incrível!' Até então eu nem lembrava que isso nunca tinha sido feito ou que não tinha ido ao ar um beijo gay. Só depois que a ficha foi caindo, até com os próprios convites para entrevista, foi aí que eu e a Luciana fomos entender. Quando a gente se encontrou, a gente vibrou: 'uhu, vamos fazer!'
"O diretor nos chamou em particular e disse que além do beijo, era pra a gente estar preparada para cenas mais ousadas, inclusive cenas de cama"
“ Para mulher, ficar nua na frente de outra mulher é mais fácil. E com a Luciana a gente já fica nua no camarim mesmo, quando troca de roupa. Mas vale lembrar que tem mais 30 pessoas da equipe assistindo à cena, então é desconfortante de qualquer maneira..."
 Eu esperava ficar mais nervosa. A Luciana e eu éramos as mais tranquilas de toda equipe. Geralmente a gente ensaia uma vez sem câmera, uma vez com câmera e uma vez gravando. Nos dois ensaios a gente não beijou, só fez que ia beijar, marcou o desenho da cena. Depois a gente fez uma vez, o take não valeu, e a gente teve que fazer outra. Então nos beijamos duas vezes.
 A ideia do Tiago Santiago (autor) é mostrar um romance, o desenvolvimento de um encantamento de uma mulher que de repente percebeu que pode, sim, se surpreender ao se deixar envolver por uma pessoa do mesmo sexo.
Se a cena de sexo for rolar, acredito que vá ser muito aos moldes das cenas que o diretor tem feito com os outros atores: não vai ter exposição de nu, vai ser mais uma coisa plástica, de mãos, de olhares, de intenções. E, para uma mulher, ficar nua na frente de outra mulher é mais fácil. E com a Luciana a gente já fica nua no camarim mesmo, quando troca de roupa. Mas vale lembrar que tem 30 pessoas da equipe assistindo à cena, então é desconfortante de qualquer maneira, homem ou mulher.
“ É difícil ser o primeiro a fazer as coisas, mas daqui a 10 anos outras coisas estarão sendo retratadas na TV (...) Cada um sabe seus limites. O Silvio Santos é dono da emissora e ele faz o que quer. O beijo gay foi só uma das coisas polêmicas da novela."
 Eu diria que o número é igual ou maior que rejeitaram isso. Mas ao mesmo tempo, eu me sinto numa posição assim: caramba, estou aqui também defendendo o lado de muita gente que quer se ver retratado na novela. Uma classe significativa da sociedade. E eu tenho consciência dessa responsabilidade.
 As pessoas gostam de comparar e eu acho que não é um tapa na cara. Cada um sabe seus limites. O Silvio Santos é dono da emissora e ele faz o que quer. Ele sabe o que está fazendo quando deu o livre arbítrio para o Tiago Santiago. O beijo gay foi só uma das coisas polêmicas fora toda a questão da ditadura, que vai ser mostrada na novela. Alguém um dia tinha que fazer isso pela primeira vez. Essa pessoa é o Tiago Santiago e o elenco somos nós. É difícil ser o primeiro a fazer as coisas, mas daqui a 10 anos, as pessoas vão lembrar disso e outras coisas estarão sendo retratadas na TV.
“ Sou aquela típica mulher moderna que acorda cedo, vai malhar, fazer compras, leva a filha na escola, prepara o jantar para o marido e, quando ele chega em casa, estou com uma garrafa de vinho esperando para bater um papo..."


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