sábado, 8 de março de 2014

Meditações em Torno de Provérbios 3:5-8: Razões Para Confiar em Deus


Dois detalhes me chamam  a atenção no livro de Provérbios. O primeiro deles é o modo gentil como o Sábio se aproxima do ouvinte, que se subentende como sendo os seus leitores. Em diversos momentos o chama de “filho meu” e se intitula como “pai” (Cf. 1:8; 2:1; 3:1), de modo que os conselhos ali expostos, são como as palavras ternas de um pai amoroso para um filho amado. Por diversas vezes ele insiste como um pai amoroso, que o “filho” não se esqueça de seus ensinos. O segundo detalhe é a razão para esse pedido: Ele insiste na ideia de que os conselhos e mandamentos não são para o mal e sim para o bem do ouvinte. Isso se acha exposto em todo o livro. De modo especial, quero analisar os princípios expostos em Provérbios 3:5-8, na busca de compreender não só a natureza das bênçãos possíveis na aplicação dos conselhos expostos no texto, mas também o modo pelo qual podemos, efetivamente, participar dessas graças divinas ofertadas a todo crente.
I
Comentando sobre Provérbios 3, Matthew Henry (1) chegou a afirmar que este é um dos mais importantes capítulos do livro, pelas abundantes argumentações para o desenvolvimento de nossa vida religiosa. Segundo os argumentos deste texto, os conselhos da Palavra vão, por assim dizer, abençoar a vida de quem se dispõe a buscar a sabedoria neles contida. Eles trarão saúde para o corpo e vigor para os ossos. O Comentário Bíblico Adventista (2) afirma a ideia de qu não existe melhor estabilizador para os nervos daqueles que vivem oprimidos pela correria da vida do que saber que o Senhor participa  de modo ativo de tudo o que fazemos e se torna “uma influência para garantir o contentamento presente e a vitória futura.” Ora, isso corresponde a ideia exposta também no verso 2 no qual o Sábio afirma que os mandamentos de Deus aumentam os anos e trazem dias de paz. No meu entender, isso quer dizer que eles trarão bem-estar por dentro e por fora, plenitude de alegria e abundância de vida! A sugestão que o texto nos traz é a de que essa qualidade de vida alcançada ocorre pelo fato de que quando em contato com o ensino da Palavra de Deus o homem chega ao diálogo com seu próprio Criador. Isso se entende pelas exortações de Provérbio capítulo 2, especialmente o verso 6, onde se afirma que “O Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento” (Provérbios 2:6). Uma relação de respeito e submissão do homem diante do Criador é sugerida no capítulo 3  com as palavras:
“Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te apoies na tua própria prudência: pensa nele em todos os teus caminhos, e ele conduzirá teus passos. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme o SENHOR e afasta-te do mal: isto trará saúde para teu corpo e vigor para teus ossos.” (Provérbios 3:5-8).
Um olhar atento revela que a proposta do Sábio apresenta uma situação contraditória de nossa vivência humana. Por um lado, essa afirmação vem ao encontro da maior busca do homem em todos os tempos e quadrantes. Pois se nos perguntássemos qual seria a maior ânsia de nosso coração, com certeza diríamos que esta seria a sensação de plena satisfação, de completa felicidade. Por outro lado, o grande problema do ser humano é que  na busca de sua realização, ele vê a si mesmo como grande “sábio”, aquele que conhece todos os caminhos e possui todas as respostas, se colocando diante da Divindade como um “todo-suficiente”. Dessa maneira, é comum que ele se pergunte se realmente  deveria buscar os conselhos de um Deus misterioso em um livro que alcança milhares de anos de existência. Sua ética, forjada pela cosmovisão humanista e secularizada se norteia pelo senso de que há na própria condição humana a capacidade de compreender a realidade da vida, sua verdadeira essência e o destino à sua sua frente, de modo alheio às orientações divinas. Todavia, é no enfrentamento de seus desafios concretos na busca de sua completude, que ele cedo se depara com sua angustiosa situação de “criatura”.
II
Soren Kierkegaard escreveu algo sobre essa angústia humana, em 1844 (3).Fazendo uma releitura de Gênesis 3 com os moldes da filosofia existencialista, o filósofo dinamarquês expunha que a angústia humana seria  parte constitutiva do homem enquanto criatura, pois faz parte da natureza humana desde o momento de seu primeiro fracasso, retratado na figura de Adão. Para ele, a angústia em Adão teria se manifestado pela possibilidade da plena liberdade aberta pelo Criador, na narrativa da queda(4). Sartre teria interpretado essa visão de Kierkegaard ao dizer que essa sensação de angústia surge no homem quando este se vê “diante de si mesmo” em confronto com todas as possibilidades que lhe traz a existência, mas que não se vê orientado sobre qual via tomar (5). Obviamente, o que se pode conjecturar a partir de Kierkegaard  é se essa dificuldade do homem sobre “qual via tomar” não surgiria de fato pela sua opção pela sua dúvida diante da voz divina que o chama para Si, a fim de ele encontre orientação e guia. Entretanto, mesmo sabendo o querer divino, o homem sempre tenderá para o agir equivocado, para o uso irrefletido de suas potencialidades e para o caminhar alienado da presença de Deus. Na ótica de Kierkegaard, assim foi com Adão: Ao ser colocado diante das possibilidades apresentadas pelo Criador era como se estivesse diante de um “abismo”; e ao fazer uso incorreto de sua liberdade, foi como se desse um “salto” que o teria lançado de seu estado de pureza para sua primeira situação de culpa, no momento em que lançou mão do fruto proibido, ignorando a orientação divina. O que se entende a partir disso, é que a experiência da liberdade sem Deus sempre será destrutiva em seus efeitos, pois sem que que se veja orientada pela voz do Criador, a criatura humana destrói-se a si mesma no uso de seus dons.
Independentemente disso, o homem prossegue envolvido pela sensação de angústia que advém dessa sua condição de criatura, que diante de si mesmo, não sabe qual a melhor via a seguir. Ele carece de ser guiado diante de suas múltiplas escolhas, a fim de que sua liberdade não seja para ele um caminho de infortúnios, mas que o impulsione para a abundância de vida que é possível pelo convívio com seu Criador. Talvez por isso, Agostinho teria dito que a única possibilidade de descanso do ser residisse somente no reencontro do homem com Deus. Em suas “Confissões”, ele deixou exposto a oração na qual afirma sua sede de descanso no Criador:
“Quem me dera descansar em ti! Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem!” (6)
Apesar disso, rejeitando o conselho do Sábio de Provérbios, muitos não se sentem motivados a buscar essa bênção que reside no conhecimento de Deus e preferem se se estribar em sua própria “prudência” (ou entendimento). A “prudência” adequada, porém é descrita em Provérbios 9:10 como sendo o “entendimento do Santo”. Isso quer dizer que o único entendimento que conta e que trará o direcionamento de nossa existência é o entendimento que vem de Deus. Contudo, na construção de sua vivência, o que vemos é que o homem prefere optar pela sua própria sabedoria, e desprezar aquela que vem de Deus.

III

Mas vale perguntar: Que frutos a sabedoria humana produziu, na busca pela plenitude de vida, em sua independência de Deus? Se olharmos bem, mesmo em suas conquistas para a superação de suas limitações impostas pela sua condição caída, a Humanidade tem encontrado apenas a percepção de sua incapacidade e limitação. Toda a história dessa busca seria como um andar em círculos, que mais e mais configura sua inadequação para a superação de seus dilemas. Em seu ensaio, intitulado “O Excesso de Informação – A Neurose do Século XXI“, ao citar Claude Shanom (autor do livro “A Teoria matemática da Comunicação”), o Dr. Ryon Braga afirma que a palavra “informação” deve ser tida como tudo aquilo que “reduz a incerteza”. Mas ao partir dessa premissa, ele vê que não se pode conceber a nossa era como sendo a suposta “Era da Informação”, pois a explosão de dados disponíveis e isolados não produzem a verdadeira “compreensão”. E sem isso, o fato é que elas não reduzem a incerteza do homem e, portanto, passam a ser “não-informação.”(7).
De fato, o que se vê na atualidade não é apenas a nulidade dessa diversidade de informações construídas pelo homem, mas também a sensação de que elas aumentam ainda mais a incerteza humana. Está claro que muitas das invenções elaboradas pelo gênio humano, embora alcançassem certo nível de utilidade na busca de maior qualidade de vida, conduziram o ser humano a uma maior frustração diante da dura realidade do mundo. E poderíamos acrescentar: Muitas delas acabaram se tornando instrumentos de sua maldade e causadoras de seu próprio sofrimento. Não é à toa que o erudito Paul House tenha afirmado que no livro de Gênesis, quando se comenta a história da Queda em sua dimensão histórica, que “A tecnologia avança (Gn 4;17,21,22), mas essa engenhosidade não reduz em nada os efeitos do pecado” (8). Os efeitos do pecado, que nascem de nossa ruptura com a Fonte de vida ainda prossegue com seus efeitos, todavia.
Além da tecnologia, não foram poucas ideologias que buscaram suprir essa carência, prometendo a utopia da humanidade. A partir da segunda metade do século 19, houve o fenômeno conhecido como “Belle Époque“, quando a Europa, especialmente a França, que se havia tornado o berço das ideologias humanistas se tornou a referência de progresso e de desenvolvimento tecnológico e ideológico para o mundo. Várias dessas ideologias se originaram basicamente da doutrina de que o homem podia ser o arquiteto do futuro, pois o ser humano era dotado de bondade inerente. Com base nisto, as doutrinas sociais afirmaram a ideia de que por meio de suas revoluções, o homem amadureceria e que ele mesmo seria capaz de criar uma sociedade melhor, que desaguaria em uma utopia dos povos. Mas o futuro revelou o engano desse pensamento. Vieram as Grandes Guerras, os conflitos entre etnias e a acentuada divisão das classes, nos anos subsequentes, naufragando a esperança dos homens.
H. G. Wells escreveu certos livros que podem demonstrar seu ceticismo para com o saber humano e para a alardeada capacidade de construção do homem pelo homem. Lembro-me de dois romances do autor que expuseram com maestria o drama humano causado por esse tipo de pensamento. Em A máquina do Tempo (9) Wells expôs a busca humana através do personagem denominado Viajante do Tempo, que trafegava pelas vias do futuro em busca de um tempo perfeito no qual houvesse a paz e harmonia dos povos. Mas o que ele viu foi apenas uma sociedade dividida, onde os seres humanos se devoravam mutuamente, seguida pela contemplação de uma completa destruição  do mundo.  Em outro romance,A Ilha do Dr. Moreau (10), Wells expôs a caricatura de um cientista que idealizava o surgimento de um novo Paraíso, mediante um processo semelhante ao evolucionismo. Com a diferenciação de que animais seriam modificados em pessoas e que pelo processo de educação com seu “criador”, formariam uma nova humanidade sem nenhum traço de maldade. Mas logo as criaturas se revoltaram contra seu ”criador”, tiraram sua vida, destruíram sua casa e prejudicaram a si mesmas.
A realidade exposta na leitura de Wells não poderia ser mais clara: Pois o que ele revela é a fraqueza dos recursos humanos bem como da sabedoria do homem frente a seus dilemas e ao desafio de sua plena  realização. De fato, o homem não será capaz de criar uma sociedade justa, à parte de Deus, pois ele mesmo não é justo. Ele não pode sequer construir uma vida equilibrada e feliz sem que esteja sob a guia e condução divina. As grandes realizações do homem na área da tecnologia, as conquistas espaciais, as revoluções de pensamento e suas tantas ideologias — em tudo isso, se provou que o homem não poderá transformar a Humanidade para melhor ou ser o arquiteto de sua própria felicidade. Por isso, o conselho prevalece:
“Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te apoies na tua própria prudência: pensa nele em todos os teus caminhos, e ele conduzirá teus passos. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme o SENHOR e afasta-te do mal: isto trará saúde para teu corpo e vigor para teus ossos.” (Provérbios 3:5-8).
O caminho da realização humana está exposto como sendo “temer” a Deus e reconhecê-Lo como Deus em todos os caminhos. Negar que somos plenamente sábios e afirmar que temos Alguém acima de nós que deve nos conduzir pela vida; buscá-Lo de todo o coração –este é o sentido do “temor” pretendido no texto. Pois este “temor a Deus”, é o respeito e submissão devidas a Ele. Rejeitar esse conceito do temor a Deus é o princípio da “tolice” – ou loucura – descritos em Provérbios, mas que perpassa toda a Bíblia.

IV

Sobre esse ponto penso que vale a pena retornar a proposta de Kierkegaard sobre a temática da angústia humana e analisar aqui a experiência de Deus com os primeiros pais, Adão e Eva. Quando avaliamos a narrativa bíblica de Gênesis em seus primeiros capítulos, percebemos a razão de toda a miséria humana: Ela surge quando ocorre uma quebra da confiança da criatura para com seu Criador e pela confiança do homem em seus próprios conceitos. Toda a narrativa se estrutura em torno da perspectiva da Aliança. Foi  por iniciativa divina que um relacionamento de confiança se estabeleceu entre a Humanidade e a Divindade. Deus iniciou o processo. Deus criou um mundo e o entregou ao homem como um presente para que este o guardasse (Gênesis 2:15). Ele especificou os limites e privilégios dessa relação, bem como os riscos de uma atitude deliberada de rebelião (Gênesis 2:17). Ele falou e eles ouviram suas orientações tão claras.
Todavia, o que vemos em seguida foi a ação do homem na direção contrária àquela idealizada por Deus, o que trouxe toda a variedade de sofrimentos e desgraças para o mundo, que desde então se vê alienado de seu Criador.  A base da tentação e de nossa alienação de Deus, tanto hoje, quanto nos primórdios, jaz na desconfiança de Deus. Deus deu em excesso, como pai Generoso que é (Gênesis 1:26-28), e se acaso fez alguma restrição, o fez como exceção e não como regra. Entretanto , segundo a sugestão da Serpente, essa  exceção era a totalidade. E foi na proposta da Serpente que Eva olhou para o fruto e “viu” os limites de Deus segundo sua própria percepção de criatura. Ela “viu” que ao contrário do que Deus dissera, o fruto era algo “bom para se comer” (Gênesis 3:6). Ao analisar a narrativa da Queda, em Gênesis 3, disse certo teólogo:
“A serpente é apresentada como astuta. Onde está a astúcia quando ela diz à mulher: ” Deus vos disse realmente- Não comereis de todas as árvores do Jardim”( Gn 3:1)? Para percebê-la é necessário comparar o que a serpente fala da ordem divina com que realmente Deus disse. Lemos que Deus disse a Adão: ” poderás comer de toda árvore do Jardim, mas não comerás da árvore do conhecimento, e se comeres morrerás” (Gn 2:16) É isso que a serpente fala? Há equivalência lógica das duas proposições, porque “todos menos um” não é todos. Talvez sejam muitos, mas não todos. Se a proposição é logicamente equivalente, ela não o é quanto ao sentindo, dado o alcance psicológico e efetivo da proibição. Na palavra de Deus há, primeiro, um dom, depois uma interdição ligado ao uso desse dom. Interdição justificada pelo bem de quem recebe dom. Para a serpente, ao contrário, há primeiro proibição. A serpente desconstrói a dinâmica da ordem divina. Elimina a generosidade do dom e falseia o sentido da ordem. Sua malícia está em apresentar como equivalentes.” (11)
Desse modo, com base na argumentação da Serpente, no pensamento do homem, Deus não é de fato o Pai generoso, que se aproxima de Seus filhos querendo-lhes o bem, mas sim Aquele que rouba de Sua criatura o direito da vida em plenitude. Essa maneira astuta de colocar as coisas, desde o Éden, faz com que nós seres caídos olhemos o mundo de acordo com nosso próprio discernimento, ignorando a “intromissão” divina. Vemos e agimos de acordo com as sugestões de nossas olhos e mentes de criatura. E onde houver a quebra da confiança do homem para com Deus, isso certo produzirá pecado, e com ele o sofrimento e a impossibilidade de realização. Por isso, o conselho do Sábio de Provérbios é que não sejamos sábios a nossos próprios olhos, mas que nos afastemos de toda forma de maldade, em seus múltiplos disfarces, que na maioria das vezes, como no Éden, adquire a forma de um discurso enganoso. E o caminho para o retorno à paz interior quebrada pelo pecado ainda segue sendo o nosso retorno para Deus. A Bíblia apresenta essa doutrina como “ministério da Reconciliação” (2Coríntios 5:18-19).
E esse é o nosso grande desafio nesse tempo de muitos recursos e saturado de ideologias contraditórias: Restabelecer a nossa fé em Deus e em Seus conselhos e orientações. No entanto, a grande questão é: Como confiar em Deus e sua palavra em um mundo repleto de ideias, de recursos e de pessoas que se pretendem tão sábias a ponto de negar o Criador? Penso que poderemos encontrar apenas um caminho e ele se pode ser exemplificado na teologia de Paulo, em sua segunda epístola aos de Corinto. Nessa carta, se manifesta a preocupação do Apóstolo, quando também em seus dias, alertava a igreja em Corinto sobre o perigo do engano e das falácias da antiga Serpente. E seu modo de conduzir a igreja de volta à confiança nele e à Palavra de Deus nos ilustra como Deus ainda trabalha na tarefa de nos chamar para Ele e conquistar nosso empedernido coração.

V

De acordo com 2Corintos 11:03-05, o que Paulo temia era que do mesmo modo como enganou a Eva, a Serpente enganasse também a igreja — o que já estava ocorrendo, ao que parece, com a infiltração de ensinos contraditórios e nas supostas boas intenções dos falsos mestres que se infiltrara no rebanho. O caminho da queda em Corinto, ao que parece, era o mesmo ocorrido com Eva, no Éden. Havia tentativas de minar a credibilidade no Evangelho de Paulo, que para o Apóstolo, era oriundo de Deus (Romanos 1:9,16). O chamado de Paulo era que os coríntios se dobrassem perante seu cuidado amoroso, demonstrado nos seus sacrifícios em favor deles (2Co 11:14-33). O chamado de Paulo era que ao olharem os crentes de Corinto a soma de seus sofrimentos pela igreja, e toda a extensa lista de tribulações em favor de seus irmãos, houvesse então o restabelecimento da confiança perdida. Veriam que era um pai amoroso ou mãe obsequiosa e não um usurpador ou falso mestre guiado por motivos egoístas, como era agora visto pelos Coríntios. Ele abre o coração de modo surpreendente, quando diz:
“Assim, de boa vontade, por amor de vocês, gastarei tudo o que tenho e também me desgastarei pessoalmente. Visto que os amo tanto, devo ser menos amado?” (2Coríntio 12:15).
Paulo os restaurou não pelo uso da força, mas por meio de seu amor. E apenas o amor pode de fato trazer uma mudança que opera no interior do homem, elevando-o para um estágio mais nobre da sua existência.
Do mesmo modo, Deus ainda se vale desse recurso para alcançar o coração dos homens, ludibriados pelo engano de uma felicidade sem Ele: Somente  quando se contempla a grandeza do amor e da dádiva do Criador que se doa a toda sorte de infortúnios na busca de redimir Sua criação, que ocorre o restabelecimento da verdadeira confiança. O Criador ainda fala em nossos dias, a linguagem do amor. O Evangelho ainda diz que Ele “amou o mundo de tal maneira” que se deu na pessoa de Seu Filho (João 3:16) e que estava com Ele reconciliando o mundo consigo mesmo (2Corintio 5:19). E é mediante a compreensão de Seu amor pelo mundo que então somos capazes de reconhecê-Lo em todos os nossos caminhos e permitiremos que Ele endireite nossas veredas. E é na dádiva de Seu Filho exposto na cruz que Ele quebranta a resistência de nossa vontade e nos toma para Ele. E só então assim, deste modo conquistados pelo Seu amor, compreenderemos que apenas Seu discernimento, e não o nosso, será o que nos capacitará rejeitar o mal e desejar o bem. Por isso, vale ressaltar que apenas nesse momento, o mal adquire sua verdadeira forma: Ele surge como o elenco de ideologias, projetos, gostos e atitudes que nos separam de Sua vontade e nos alienam de Sua presença abençoadora. A partir de então, passamos a ver com os olhos de Deus e rejeitamos tudo isso. O fruto disso é que teremos plena saúde e pleno vigor interior e exterior – uma vida plena! (Provérbios 3:8).

Conclusão

Sim, de fato: Se queremos saber onde encontrar a sabedoria de Deus, o Sábio nos aponta o caminho em Provérbios 3:1-8:  Nos ensinos e orientações das Escrituras. Quando nos dispomos a ler e obedecer ao que Deus revelou, estaremos prontos a reconhecer Sua soberania em todos os nossos caminhos. E todos os nosso caminhos poderão ser transformados pela reta ação de Sua Palavra que opera no “todo” do homem, trazendo o senso de completude possível em nossa relação com o Criador. – [Claudio S. Sampaio].
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