Forçar a criança a comer e chamar todas as verduras por um nome só: veja os equívocos mais comuns dos pais e saiba porque evitá-los
Com uma alta gama de alimentos industrializados sendo oferecida atualmente, os maus hábitos alimentares podem dar as caras mais cedo do que nunca – e talvez os pais nem percebam. Conversamos com quatro especialistas no assunto para listar os erros mais comuns cometidos pelos pais no que diz respeito à alimentação dos filhos. Leia abaixo e lembre-se que, a partir de agora, você já pode bolar um novo plano para quando a rúcula ou a abobrinha forem à mesa.
Comer bem não é sinônimo de engordar
1. Dê os nomes certos aos alimentos
Rúcula, alface, escarola, agrião, couve. São diversos vegetais de gostos diferentes mas, na hora de mostrar para a criança, muitas mães colocam todos sob o mesmo rótulo, chamando-os simplesmente de “verdinho”. Para a nutricionista Elaine de Pádua, especialista em alimentação na infância e adolescência e autora do livro “O Que Tem no Prato do seu Filho?” (Editora Alles Trade; leia entrevista com ela aqui), o erro leva a criança a descartar vários alimentos de uma vez só. “Talvez ela goste de couve e não de alface. Mas se tudo for chamado de ‘verdinho’, ela não aceitará nem um, nem outro”, diz.
2. Respeite a rotina da criança
De acordo com Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz e criador do Portal Pediatria em Foco, as crianças precisam ter horários regrados e a alimentação não foge desta regra. Mas é comum que, nos finais de semana, tudo fique fora de ordem e a coisa mude de figura. “E então pode virar um efeito dominó”, diz o especialista. Se a criança almoçar dois dias mais tarde do que o usual, vai ser difícil fazer com que ela almoce novamente no horário correto na segunda-feira.
3. Não faça sempre a vontade da criança
“Os pais precisam deixar claro que são eles que mandam na alimentação”, diz Reibscheid. Quando novos alimentos passam a ser sugeridos, a criança que ainda está acostumada com o leite muitas vezes vai resmungar e resistir à novidade. Nesta hora, a arma dos pais é a perseverança. Vale até mascarar alguns alimentos. Mas sem exageros.
4. Varie na apresentação dos alimentos
A criança precisa de uma alimentação equilibrada e balanceada. Para isso, às vezes é necessário colocar a cenoura que ela nunca quer junto com o arroz, por exemplo, para que comece a aceitar. Mas não pare por aí: se seu filho aceitou a cenoura preparada com o arroz, o que mais pode ser feito? De acordo com Elaine de Pádua, os pais podem partir para um sanduíche com cenoura ou um suflê de cenoura, por exemplo. “A criatividade é muito importante nesta hora e a criança pode conhecer aquele alimento de diversas formas”, comenta.
5. Não seja preguiçoso
Para Alexander Gomes de Azevedo, nutrólogo e autor de “Pais Inteligentes, Filhos Saudáveis” (Editora Diagrama), o maior erro cometido pelos pais é alimentar os filhos com aquilo que é mais fácil de ser feito. O paladar da criança ainda está em formação e alimentá-la com salgadinhos, sanduíches e doces é um mau começo. Vai ser ainda mais difícil fazê-la comer bem no futuro, já que estará acostumada com os vilões.
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6. Evite a compensação
É comum muitos pais se sentirem culpados por passarem bastante tempo fora de casa, mas encher as crianças de guloseimas ou levá-las a restaurantes de fast food não só não vai resolver o problema, como pode criar outros. De acordo com a nutricionista Camila Podete, consultora e responsável pela Nutri Materno Assessoria Nutricional, em São Paulo, esse expediente pode deixar a criança desinteressada por alimentos mais saudáveis, já que ela sabe que um prato de espinafre pode ser substituído por outro mais atraente.
7. Desligue a televisão
Pode parecer mais fácil colocar a criança para ver um desenho animado enquanto come, já que ela se distrai, mas Camila Podete recomenda cuidado. “É muito importante o momento da alimentação ocorrer em um local tranquilo. A criança precisa conseguir sentir os sabores da comida, para não recusá-la posteriormente”. Elaine de Pádua ainda comenta que é comum ver os pais levarem DVDs portáteis a restaurantes, para o filho assistir a um filminho enquanto come. “Isso pode atrapalhar muito”, avisa. A criança está aprendendo a mastigar nesta fase e distraí-la pode atrapalhar o processo.
8. Dê atenção aos detalhes
Ao tratar com as crianças, é preciso deixar tudo o mais atraente possível. Muitos pais pensam que não é necessário, mas colocar a mesa e fazer os pratos visualmente interessantes são atitudes que contam muito para seus filhos apreciarem o momento e a comida. “É preciso deixar de achar que a criança não tem gosto e não liga para isso ou aquilo”, diz Elaine.
9. Não force a alimentação
Os pais precisam aprender a aceitar a vontade dos filhos quando eles não querem comer. Marcelo Reibscheid explica: se a criança pedir um copo de leite em vez do jantar, com arroz, feijão, ovo e carne, não se deve atender ao pedido dela, mas tampouco forçá-la a comer. “Se os pais dão o leite, ela irá repetir a atitude. Mas se você disser às 18 horas que é só aquele prato que tem, e permanecer firme, às 20 horas ela vai aceitar”, diz ele.
10. Dê o exemplo
Não adianta querer que seu filho tome um suco de couve enquanto, na frente dele, você toma refrigerante. A regra é simples: se os pais dizem às crianças para não consumir determinado alimento mas, ao mesmo tempo, o consomem, é difícil manter uma linha de coerência e fazer com que os filhos se alimentem de forma saudável. Os pais precisam ser a referência das crianças e fazer pelo menos uma refeição por dia com os pequenos. “Elas vão imitar o jeito de comer, o que vão comer, então é importante para as crianças ver o que os pais comem ou deixam de comer”, completa Camila Podete
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