Traumáticos ou não, rompimentos mostram o que as pessoas consideram importante e inaceitável na vida a dois
A memória de um ex-namorado desperta rancor, dor, risadas e, em alguns casos, até alívio. Relatos sobre relacionamentos terminados inundaram o Twitter na última semana nos Estados Unidos. Usando a hashtag #ThanksToMyEx, que em português significa algo como “Graças ao meu ex”, internautas compartilharam frases sobre o que aprenderam com o ex-namorado e a antiga relação amorosa. Em poucas horas o tópico foi o mais comentado do país, mostrando que o “ex” passa, mas a lição de vida fica.
“Você não foi um erro, foi apenas uma lição. Você não era ruim, mas eu merecia coisa melhor”, dizia uma das mensagens mais repassadas pela rede social. “Graças ao meu ex eu sei o que procurar no meu novo namoro”, disse outra internauta. As relações amorosas, mesmo as mais complicadas, deixam ensinamentos úteis nas uniões posteriores.
Graças ao ex, Angelica aprendeu a não se deixar levar por exploradores
“Graças ao meu ex”
Os brasileiros também têm muita história para contar. Inspirados no movimento americano, o Delas perguntou para outros internautas qual foi a lição de seus relacionamentos passados. Angelica Caceres Olave, de 28 anos, diz que graças ao ex aprendeu a "não se deixar levar por exploradores". A administradora paulistana namorou por três meses um homem que trouxe prejuízo para o coração e o bolso. “Sempre que saíamos, ele estava sem dinheiro e eu pagava. Dizia que iria receber tal data e que me pagaria de volta. Por fim, acabei descobrindo que ele não trabalhava, tinha três ou quatro filhos e já tinha lesado outra pessoa antes de mim”, conta ela, que sentia alguma coisa errada com o parceiro, mas se deixou a relação evoluir.
O diretor de tecnologia da informação, Eder Murilo Onorio, 25 anos, acha que os relacionamentos antigos o tornaram mais maduro. “Atualmente estou em um namoro de quase dois anos, que está sendo totalmente diferente de todos que tive até hoje”, explica. “Graças a ex aprendi a me dar mais valor. Em relacionamentos passados eu me anulava para satisfazer a outra pessoa, vivia mais a vida dela que a minha”, complementa.
Renata Falavinha, de 25 anos, analista de recursos humanos, terminou um namoro há pouco mais de um ano porque também se sentia anulada. “Ele não queria que eu saísse com meus amigos, tinha ciúmes. Queria que eu ficasse mais em casa. Mas vejo que ele não me obrigou, eu é que aceitei e fui submissa”, analisa Renata. Escolada pela experiência, ela recentemente rejeitou um pretendente que lhe pediu para cancelar uma noite de cinema com as amigas para ficar com ele. “Não caio mais nessa armadilha”, promete.
Bagagem emocional
Um coração partido também ajuda a traçar limites do que é desejável e condenável na vida a dois. Para que a bagagem emocional não pese nas costas, o segredo é refletir e descobrir o que carregar ou não para o futuro. “Todas as experiências de afeto interrompidas deixam sentimentos ambíguos. Nós precisamos transformar esses aspectos em trilhas para novos caminhos”, aponta a psicanalista Dora Gurfinkel, membro-fundadora da Escola Brasileira de Psicanálise Movimento Freudiano. “Nenhuma experiência de vida deixa a gente igual. É preciso reatualizar as nossas experiências porque a vida não zera a cada nova relação”, prossegue.
As relações antigas nos acompanham a vida toda. Dora diz que quem não faz uma reflexão sobre os equívocos cometidos nas relações antigas provavelmente vai repetí-los nos próximos envolvimentos. “Quando não somos claros com nós mesmos e camuflamos nossa própria história, naturalmente, repetimos os mesmos erros inconscientemente. Não refletir sobre a nossa vida é dizer um não para nós mesmos”, sentencia a psicanalista.
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