sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mulheres são alvo da hepatite autoimune

Doença é subdiagnosticada por causa da falta de especialistas e de conhecimento no assunto
As respostas errôneas do sistema imunológico também podem atingir órgãos importantes, como o fígado. O sistema de defesa do corpo provoca inflamação crônica, atacando o fígado e levando à formação de fibrose. Cerca de 10% de todas as hepatites crônicas tratadas nos centros de referência do país são autoimunes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia.
Os números, que parecem reduzidos, estão longe de representar a realidade. “O Brasil tem poucos hepatologistas e a doença é subdiagnosticada. Infelizmente, o diagnóstico tardio é a regra”, afirma o presidente da SBH, Raymundo Paraná.
Na maioria dos casos, a doença só é identificada quando há comprometimento do órgão. Normalmente não há sintomas característicos, mas o paciente pode apresentar cansaço, pele e mucosas amareladas (icterícia), náusea e dores abdominais e articulares.
Não há um exame específico capaz de identificar a hepatite autoimune. Os médicos indicam uma avaliação hepática simples, por meio de exames de sangue, com determinação de marcadores específicos e aliam a características clínicas.
Elas
Esse tipo de hepatite é três vezes mais comum em mulheres do que em homens. “Elas estão mais propensas a doenças autoimunes em todos os órgãos e tecidos do corpo. O motivo ainda é desconhecido”, explica o hepatologista. Os médicos já identificaram, porém, as idades em que a doença é mais prevalente: em mulheres entre 15 e 25 anos e aquelas na pós-menopausa.
Uma nova era para tratar a hepatite C
A gastroenterologista Debora Raquel Benedita Terrabujo, em seu estudo “20 anos de hepatite autoimune no Hospital das Clínicas”, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), acompanhou 268 pacientes atendidos no período. A idade média de diagnóstico foi de 29 anos.
Para Paraná, justamente por esse caráter feminino, os ginecologistas são os grandes aliados na luta contra a doença. “Estamos trabalhando juntos para que esses profissionais solicitem os exames às mulheres a partir dos 45 anos”, diz.
Tratamentos
“Reconhecer a hepatite autoimune e diagnosticá-la precocemente evita a cirrose hepática”, alerta Paraná. Os tratamentos disponíveis são o corticosteroide e a azatioprina, ambos disponíveis na rede pública de saúde, que podem ser ministrados individualmente ou concomitantemente.
A doença é responsável por até 3% dos transplantes hepáticos em crianças e 4% a 6% em adultos nos EUA e Europa. No Brasil, de acordo com levantamento do estudo “20 anos de hepatite”, 26,9% dos transplantados enfrentaram a volta da hepatite em quatro anos.




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