Pessoas acima de 55 anos estão visitando sites nos Estados Unidos mais do que qualquer outra faixa etária
Natalie Friend, consultora terceirizada de marketing no Centro de Pesquisa Langley da Nasa, em Hampton (Virgínia), nos Estados Unidos, tinha 65 anos e dois divórcios quando decidiu tentar os encontros online. ''Minha filha conheceu seu marido’', explicou ela, ''o filho de uma amiga conheceu sua esposa, minha prima conheceu seu marido – tudo online’'.
Quando se inscreveu no site SeniorPeopleMeet.com ela disse estar procurando por um 'parceiro de jogadas’, e não o marido número três, mas alguns meses e US$ 14,95 depois, ela conheceu o homem certo.
Ele era Frederick Wright, de 74 anos, duas vezes viúvo e morava em Virginia Beach. Ele se inscreveu no SeniorPeopleMeet.com para encontrar uma companheira que, como ele, gostasse de viajar e de arte. Em outubro de 2009, Friend saiu com ele para jantar. Ele era um pouco mais velho do que ela desejava, mas amava ópera, parecia honesto e havia acabado de velejar com seu barco ao redor do mundo. O encontro durou seis horas.
Dez meses depois, Friend e Wright se casaram no Boxwood Inn, em Newport News, Virgínia.
''Na nossa idade’', disse ela, ''não temos muito tempo a perder’'.
Se você acha que encontros online são um domínio dos jovens, talvez seja a hora de conferir com sua mãe. Hoje, pessoas com mais de 55 anos estão visitando sites americanos de encontros mais do que qualquer outra faixa etária – um crescimento de 39% nos últimos três anos, segundo a empresa de estatísticas de internet Experian Hitwise.
A segunda faixa etária? Solteiros entre 45 e 54 anos. Segundo a IBISWorld, uma empresa de pesquisa de mercado, e o U.S. Census Bureau, cerca de 37% das pessoas acima dos 50 anos são solteiras. E o índice de divórcio entre essa faixa é alta.
Com tantos americanos mais velhos soltos no mundo, vivendo independentemente e cada vez mais confortáveis com a internet, eles também estão em busca do amor. E eles podem ser melhores nessa busca do que seus colegas mais novos.
Profissionais da indústria do namoro dizem que solteiros na casa dos 20 ou 30 anos costumam ser focados em casamentos e em iniciar uma família, enquanto solitários mais velhos (muitos dos quais já foram casados) apresentam uma abordagem mais relaxada e são mais cuidadosos em escolher parceiros que compartilhem seus interesses. ''A geração do baby-boom vem sendo um dos grupos de maior crescimento para muitas empresas de namoro online’', afirmou Caitlin Moldvay, analista da IBISWorld.
O crescimento chega ao mesmo tempo em que alguns solteiros mais jovens (de 18 a 34 anos) estão se afastando de sites de namoro e indo para redes sociais, como ''um substituto para o namoro online’', explicou Bill Tancer, gerente geral de pesquisa para a Experian Marketing Services.
Greg Liberman, presidente e diretor executivo da Spark Networks - proprietária de sites de encontros como JDate, ChristianMingle, BlackSingles e SilverSingles -, disse que nos primeiros oito meses deste ano, a Spark viu um aumento de 93% nos novos membros com mais de 50 anos em todos os seus sites, frente ao mesmo período no ano passado. ''Estamos vendo um crescimento significativo’', afirmou. Ele também observou que, embora seja comum pais comprarem assinaturas de sites de namoro para seus filhos adultos, hoje são os filhos adultos que começaram a comprar assinaturas para seus pais divorciados ou viúvos. Foi-se o tempo dos anúncios pessoais nos classificados.
Sites de nicho, como SilverSingles e OurTime (que também inclui os perfis do SeniorPeopleMeet.com e do SeniorsMeet.com), estão capitalizando sobre a demanda. Além de agrupar pessoas que querem encontros em sua faixa etária, os sites oferecem uma mão amiga adicional àqueles que estão fora do jogo há algum tempo. Por exemplo, o SilverSingles estimula os membros a telefonarem para seus representantes de atendimento ao cliente para ajudar a montar o perfil. O site também enfatiza práticas seguras para o namoro online, já que a segurança é uma das maiores barreiras ao serviço.
Para uma geração que encontrou o amor sem a ajuda de computadores, este é um novo mundo a ser desbravado.
Internet já atrapalhou namoro de brasileiros
Janet Conner, de 52 anos, divorciou-se em 2009 e mora em Richmond Hill, Geórgia, cidade descrita por ela como pequena e familiar. Para ampliar a gama de encontros, ela assinou o eHarmony em julho. E embora ainda não tenha saído em nenhum encontro, está otimista. ''Meu último encontro foi no início dos anos 1980 e vejo isto como um veículo incrível '', afirmou ela sobre o namoro online, ''uma oportunidade de conhecer pessoas que caso contrário eu não conheceria. Isso torna o mundo um pouco menor’'.
Os sites oferecem a promessa de uma segunda chance. ''Se você se casa aos 50’', disse Gian Gonzaga, diretor de pesquisa e desenvolvimento dos laboratórios do eHarmony, ''você pode esperar uns 20, 25 anos de casamento’'. Tendo entrevistado diversas pessoas da geração baby-boom para seu livro, 'Dating the Second Time Around’, ele acha que muitos deles estão mais bem preparados para encontrar um parceiro perfeito do que os solteiros mais jovens. ''Eles possuem essa profunda compreensão sobre o que é importante num relacionamento’', explicou.
Numa tarde recente, os Wright, de Virgínia, estavam num quarto de hospital explicando, ao telefone, que compartilhar interesses une os casais. ''Quanto mais coisas vocês puderem fazer e aproveitar em conjunto, melhor vocês conseguirão permanecer juntos nos tempos difíceis’', declarou Frederick Wright. ''Meu pé esquerdo está com uma infecção’', continuou ele, ''e não estamos nas melhores condições neste momento. Mas estamos nos divertindo. Ainda conseguimos dar risada’'. Natalie Wright o interrompeu: ''Desta vez eu fui esperta’', disse. ''Casei-me com meu melhor amigo’'. É esse tipo de felicidade que faz filhos estimularem seus pais viúvos ou divorciados a tentar o namoro online.
Bruce Garelick, de 58 anos, foi casado com sua namorada da faculdade por 32 anos até ela morrer de câncer, em 2008. Cydra foi sua companheira de vida, mãe de seu filho, Jason, de 26 anos, e de sua filha, Kimberly, de 28. Segundo ele, quando Cydra estava doente, ela lhe disse: ''Se eu for embora, você precisa seguir em frente com sua vida’'. Quando ela morreu, porém, seguir em frente pareceu impossível. Garelick contou ter ganho 45 quilos, não se barbeava e não queria conhecer ninguém.
Então, em junho de 2009, sua filha sugeriu que ele tentasse o serviço de namoro online. Rapidamente, ela estava ao seu lado enquanto ele se logava no JDate. ''Nunca pensei que voltaria a encontrar alguém’', disse Garelick de Roslyn, Nova York. ''Eu estava apenas indo com a maré’'. Mas com cinco minutos de JDate, ele recebeu uma mensagem de Ilana David-Klein, de 54 anos, cujo casamento de dez anos havia terminado em divórcio. Como Garelick, ela tinha uma filha, Keren, de 26 anos, e um filho, Yoni, de 24. Garelick e David-Klein decidiram se conhecer melhor numa maratona de conversas por telefone (uma delas durou oito horas) sobre política, música, esportes, receitas e a vida na solidão.
Semanas depois, eles se encontraram para almoçar na casa dele, onde afirmaram ter sido amor à primeira vista. David-Klein estava prestes a sair de férias, e Garelick lhe preparou uma sacola que incluía biscoitos, um travesseiro para o voo e um mezuzá que ele havia ganhado em seu bar mitzvah.
''Nunca pensei que encontraria minha outra metade após meu primeiro casamento’', declarou Garelick. ''Achei que havia acabado por ali’'.
Em 18 de dezembro de 2010, eles se casaram no Garden City Hotel, em Nova York. Suas filhas os conduziram ao altar, e seus filhos ajudaram a segurar o dossel do casamento judaico. Chegar ao altar não havia sido fácil para nenhum dos dois. David-Klein (hoje Garelick) já namorava online há anos. ''Conheci homens que excluíam dez anos de suas vidas’', afirmou ela, explicando que muitos pretendentes mentiam.
No fim, a espera valeu a pena. ''Eu fui mãe solteira aos 17 anos e, sim, você ainda pode encontrar sua alma gêmea e seu amor’', disse ela da casa que hoje divide com Garelick. ''Nunca desista’'.
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