É possível mudar os rumos do comportamento da criança de até 12 anos, mas compreender e aceitar limites depende da persistência e da clareza dos pais
Se os pais perceberam que são facilmente desobedecidos e até manipulados pelas crianças, é hora de rever as regras do jogo – e colocá-las em prática. Com a ajuda de seis especialistas, confira sete passos para recuperar as rédeas da situação dentro e fora de casa, com filhos de até 12 anos.
1. Estabeleça regras gradativamente
Depois de alinhar um plano de ação com seu parceiro, tenha uma boa conversa com seu filho. Explique que as coisas irão mudar e comece colocando regras sobre o que mais incomoda – sejam os brinquedos desorganizados ou a manha para ir dormir. “Pense no que não está bom e deixe claro que não irá aceitar mais aqueles comportamentos”, diz a psicopedagoga Nívea Fabrício, diretora do Colégio Graphein. A criança precisa saber o que estão esperando dela.
2. Faça combinados claros
Você sabe que seu filho sempre faz um escândalo se você não dá aquele brinquedo que viu na vitrine do shopping. A partir de hoje, antes de sair, você vai combinar com ele que não irá comprar nada que não seja estritamente necessário. Pode ser que você já fizesse isso antes, mas de acordo com Suely Palmieri Robusti, diretora educacional da escola Novo Ângulo Novo Esquema (NANE), o combinado precisa se manter consistente. “Não cumpriu, volta para casa”, orienta. Melhor perder uma viagem ao shopping que a autoridade com seu filho.
3. Mostre que atos têm consequências
A punição deve ser usada como último recurso, segundo a psicóloga e psicoterapeuta familiar Ana Gabriela Andriani. Depois de explicar diversas vezes que um comportamento não é aceitável, como sair da mesa na hora do jantar, os pais devem avisar que, se fizer isso novamente, a criança passará o dia seguinte sem videogame ou outro elemento de que ela gosta. Caso a criança desafie os pais, o prometido deve realmente ser aplicado. Por isso que não vale inventar castigos absurdos, como deixar a criança dois meses sem jogar bola. Assim, nem a criança nem os pais aguentarão e o limite se perde.
4. Reforce o bom comportamento
Se a criança arrumou a cama todos os dias durante uma semana, os pais podem levá-la para andar de bicicleta no sábado, por exemplo, como sugere a psicóloga comportamental infantil Jéssica Fogaça, da Estímulo Consultoria. A criança será estimulada a manter o respeito aos combinados com os pais. Mas compense com atenção, não com dinheiro. “O importante é não sugerir coisas materiais nessa hora”, esclarece.
5. Seja firme e carinhoso ao mesmo tempo
Não adianta ter raiva e gritar na hora em que a criança desobedece ou faz o maior escândalo para tentar conseguir o que quer. “Tentar impor o limite através do grito ou da agressão não dará nenhum respeito aos pais”, diz Ana Gabriela. Se o adulto começa a falar mais alto que a criança, está descendo ao mesmo comportamento do filho e a relação entre ambos deixa de ser vertical. Procure se acalmar antes de explodir e, por mais que a criança chore, não ceda: “'Não' é 'não', mas o pai não precisa deixar a criança sofrendo. Ele pode dar o 'não', explicar a razão e acolher a criança”, explica. Segundo a psicopedagoga Nívea Fabrício, a criança deve saber que o limite faz parte da vida e não tem a ver com afeto.
6. Explique o porquê do não
Para a psicóloga e pedagoga Regina Mara Conrado, coautora do livro “Filhos e Alunos Sem Limites: Um Desafio para Pais e Professores” (Editora WAK) ao lado de Lucy Silva, os pais devem dialogar com o filho sempre que ele tiver uma atitude inadequada e mostrar porque aquele comportamento não foi bacana. Jéssica Fogaça comenta: “O que ajuda a criança a entender o limite são a constância e a explicação”. Os pais, portanto, terão que ter paciência e explicar o que pode e o que não pode várias vezes – e sempre cobrar o comportamento que se espera que ela tenha.
7. Aguente a frustração dos filhos
Para a criança que não está acostumada a receber limites, começar a recebê-los será frustrante. Mas Suely Palmieri Robusti recomenda a insistência. “É deixar espernear algumas vezes e insistir no 'não'”. Lembre que o limite é uma coisa de que seu filho precisa, não somente algo que você quer. A culpa é a pior causa da falta de autoridade dos pais, que se tornam permissivos por se sentirem ausentes. A psicoterapeuta de família Ana Gabriela lembra que é preciso se ater à qualidade dos momentos vividos com os filhos, e não à quantidade. E quanto mais educados eles forem, melhores serão estes momentos.
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