domingo, 21 de outubro de 2012

Jovens procuram terapia de casal para prevenir crises no relacionamento


Status do casal determina motivações mais comuns para buscar ajuda. Solteiros querem prevenção, enquanto casados se queixam com a chegada do filho e de traição


A terapia de casal vem derrubando aos poucos a realidade do ditado “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. E, segundo Natércia Martins Tiba Machado, psicoterapeuta de casal e família e autora do livro “Mulher sem Script” (Integrare Editora), a procura por esse tipo de acompanhamento cresceu de forma significativa entre casais jovens.
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Terapia de casal: motivação varia de acordo com o status da dupla
Os motivos variam de acordo com o status do casal. Os solteiros querem um trabalho preventivo. “Antes mesmo de casar, há quem se dê conta de diferenças que podem se tornar crises”, diz Natércia.
Entre os casados, procurar a terapia depois da chegada das crianças é um motivo comum, mas não o único. “Problemas financeiros, a convivência com os parentes e a infidelidade de uma das partes são razões para o casal ir à terapia”, completa.
Na avaliação de Maria Frazon Carbornar, psicóloga clínica com especialização em psicologia familiar e de casal, os caminhos que levam o casal à terapia vão além do relacionamento do casal em si. Para ela, a sociedade impõe demandas que podem ecoar nos relacionamentos. “A mulher tem uma jornada integral, que vai do despertar ao dormir, o que contraria nossa natureza biológica. Já o homem ainda tem aquela pressão para dar certo. Ele precisa do apoio da mulher, que não tem mais tempo para acolhê-lo”, avalia.
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A chegada do bebê é um dos motivos para os casados procurarem a terapia
A dois
Na terapia de casal, muitos profissionais, como Natércia, só atendem se os dois estiverem juntos. Assim, não há risco de o profissional ter sua imparcialidade questionada. Já Frazon observa que “pode-se começar o trabalho com um dos dois e depois o outro ser convidado a participar”. Mas trabalhar com os dois juntos torna o processo mais ágil e satisfatório.
Promessas do tipo “seu casamento recuperado ou seu dinheiro de volta” não constam do menu. “O terapeuta vai ajudá-los a encontrar uma forma de dialogar e entrar em um acordo, muitas vezes, se assemelhando a um mediador. Ele vai pontuar, mostrar algumas possibilidades que eles talvez não vejam, mas o trabalho de ser mais carinhoso, de se envolver mais com a relação, é do casal”, diz Natércia.
Se a decisão for pelo divórcio , a terapia irá ajudar o casal a tomar uma decisão mais madura e com menos ressentimentos e dor possível, segundo Maria.
Fortalecidos
O dono de restaurante Vinícius*, 32, e a psicóloga do trabalho Carolina*, 31, estão casados há nove anos. O casal se conheceu ainda na infância e está junto desde a adolescência. Há cerca de três anos, passou por uma crise grave.
Para Carolina, a raiz da crise era o fato de Vinícius estar trabalhando demais, deixando pouco tempo à família. Embora a iniciativa tenha partido de Carolina, Vinícius não foi resistente à proposta da terapia: “Antes de piorar decidimos procurar ajuda”.
Além do relacionamento do casal, as conversas no divã também abrangeram a família, ampliando o arco dos benefícios esperados. “Apesar de estarmos levando algo muito íntimo para a terapeuta, nos sentíamos muito à vontade. Sabíamos que o que falávamos era para ajudar a relação e não sairia de lá”, diz Carolina.
“A terapeuta enxerga o problema por outro ângulo e consegue fazer você entender o porquê daquela questão”, completa ele.
Tanto Carolina quanto Vinícius sentiram os primeiros resultados logo após as primeiras sessões. “Acho que a coisa mais difícil em um casal é quando um não escuta o outro. Na terapia a gente aprende como fazer isso e a se colocar no lugar do outro”, explica ela. O marido concorda: “Com a terapia você consegue conversar coisas superpolêmicas de uma forma muito natural. O casamento tem que estar sempre bom, não vale ficar [casado] por comodismo”.
* Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.

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