sábado, 27 de outubro de 2012

Analgésicos podem ser prejudiciais ao coração


Pacientes com histórico de doença cardíaca deveriam evitar até mesmo poucos dias de tratamento

Foto: Thinkstock PhotosAmpliar
Medicamentos podem fazer mal ao coração
Já se sabe que alguns anti-inflamatórios analgésicos apresentam riscos ao coração. Um novo estudo com mais de 83 mil participantes sugere que mesmo tratamentos com poucos dias de duração podem ser perigosos para pessoas com um histórico de problemas cardíacos. 

Um grupo de pesquisadores da Dinamarca constatou que infartados que tomaram analgésicos anti-inflamatórios não-esteroidais (NSAIDs) apresentaram riscos 45% superiores de sofrer outro infarto ou falecer nos primeiros sete dias de tratamento.


Depois do trigésimo dia de tratamento, houve um aumento de 55% a 65% nos riscos para aqueles que não tomaram NSAIDs.
“Demonstramos que tratamentos em curto prazo com a maioria dos NSAIDs estão associados a maiores riscos para coração circulação. Nossos resultados atuais indicam que aparentemente não inexiste uma janela terapêutica segura para a utilização dos NSAIDs em pacientes enfartados”, disse Anne-Marie Schjerning Olsen, pesquisadora do Hospital Universitário de Copenhague e autora do estudo.
A descoberta está em harmonia com uma declaração científica de 2007 da Associação Americana do Coração, de co-autoria do Dr. Elliot Antman. “Nenhum destes medicamentos é seguro”, disse Antman à Reuters Health.

Para pessoas com riscos cardíacos que sentem dor que não respondem a intervenções não-medicamentosas, Antman aconselha optar pelo medicamento mais seguro na menor dose necessária para o controle dos sintomas, tomando o mesmo pelo período mais curto possível. 

Entre os NSAIDs estão alguns medicamentos vendidos sem prescrição médica, como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno e o naproxeno, além dos inibidores de COX-2 - prescritos para artrite. 

Estes últimos foram primeiramente relacionados a um risco maior de infarto e de outros problemas cardiovasculares, sendo que dois medicamentos deste tipo – o rofecoxib e o valdecoxib – foram retirados do mercado em 2004 e 2005, respectivamente. Um terceiro inibidor de COX-2, o celecoxib, continua sendo comercializado.

Mas, estudos subsequentes também causaram preocupações sobre possíveis riscos de infarto apresentados por outros NSAIDs, há mais tempo disponíveis no mercado, dentre eles o ibuprofeno e o diclofenaco. 

Para investigar se mesmo tratamentos curtos com os NSAIDs apresentavam riscos a pessoas possivelmente mais vulneráveis, Olsen e sua equipe revisaram dados nacionais coletados de todos os residentes da Dinamarca. Foram identificadas mais de 83 mil pessoas que já haviam sofrido uminfarto. A equipe de pesquisa verificou quais delas haviam tomado NSAIDs após o infarto e por quanto tempo. 
Durante a realização do estudo, mais de 35 mil participantes faleceram ou sofreram um infarto subsequente. 

Mas de 40% dos participantes haviam tomado NSAIDs após o infarto e mesmo o tratamento curto foi associado a maiores riscos, relataram os autores no periódico Circulation. Os NSAIDs mais usados foram o ibuprofeno (23%) e o diclofenaco (13%).

Nem todos os NSAIDs foram associados aos mesmos riscos ao mesmo tempo - o ibuprofeno, o celecoxib, e o rofecoxib, por exemplo, somente foram relacionados a um risco maior de morte ou de infarto entre o sétimo e o décimo quarto dia de tratamento. Os autores ressaltam que os participantes que tomavam diclofenaco apresentaram maiores riscos no início do tratamento do que aqueles que tomavam rofecoxib - medicamento retirado do mercado por questões de segurança.

O naproxeno, outro NSAIDs tarja branca, não foi associado a maiores riscos de morte ou infarto, independentemente da duração do tratamento. 

Entretanto, Olsen advertiu em um email que pesquisas anteriores já haviam revelado que pessoas que tomaram o medicamento apresentaram maiores riscos de hemorragia estomacal do que aquelas que tomaram o rofecoxib. Este é um sintoma bastante grave em pessoas com histórico de infarto. 
Olsen complementa que, infelizmente, o estudo atual não inclui informações sobre outros fatores de risco dos participantes, como pressão arterial e peso corporal, por isso não está claro como os mesmos poderiam influenciar nos resultados

E, o mais importante: o estudo não mostrou que os NSAIDs causaram riscos de infarto ou morte, observaram Olsen e seus colegas. Eles cogitaram a possibilidade, por exemplo, que o estado das pessoas que necessitavam tomar NSAIDs fosse mais grave, dessa forma o medicamento em si não estaria por trás dos riscos mais altos. 

Em sua declaração de 2007, Antman e sua equipe classificaram os analgésicos de acordo com os mais apropriados para pessoas com riscos de problemas respiratórios, iniciando com os medicamentos supostamente mais seguros – como o acetominofeno e o ácido acetilsalicílico.

“É bom saber que a questão está sendo analisada por outros grupos. Ficamos muito felizes de ver pesquisas como esta”, disse Olsen, do Brigham and Women's Hospital e da Harvard Medical School.

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