Pesquisa feita com 5,7 mil pacientes mostra que interferência feminina é positiva: 77% deles têm diagnóstico de câncer de próstata em fase inicial
Dois levantamentos realizados pelo hospital AC Camargo, em São Paulo, revelam o papel de destaque da mulher na saúde masculina.
A primeira pesquisa feita com 3 mil pacientes atendidos na instituição – uma referência nacional no tratamento do câncer – mostrou que oito em cada dez vão ao médico levados pelas mãos das mulheres, filhas ou mães.
A insistência delas em fazer com que os homens frequentem os consultórios especializados surtiu efeito positivo, mapeado pelo segundo estudo do AC. Camargo. Análise feita com 2.778 pacientes – todos com câncer de próstata – mostrou que em 77% dos casos pesquisados, os tumores foram detectados em estágio inicial da doença (fase I e II).
Os especialistas reforçam que a descoberta precoce do câncer aumenta as chances de cura e diminui as sequelas da doença, sendo a impotência e a incontinência urinária as mais temidas por eles.
“O medo de ficar impotentes aparece como uma grande barreira na hora dos pacientes avaliarem como está a própria saúde”, afirma o chefe do Departamento de Urologia do AC. Camargo, Gustavo Cardoso Guimarães.
“Os homens afirmam que temem o tratamento, caso o câncer de próstata seja detectado, por causa das possíveis sequelas na virilidade. As mulheres acabam como grande disseminadoras de que esta atitude negligente só piora o quadro. Até porque, quanto mais cedo é descoberto o câncer, maior a possibilidade de conter os efeitos colaterais possíveis de uma quimioterapia, por exemplo”, completa o especialista.
Até a cunhada
No dia em que Guimarãesconversou com a reportagem, ele acabara de receber em seu consultório de urologia uma mulher.
“O paciente disse que não conseguiria deixar o serviço, no meio da tarde, para receber os resultados do exame. Delegou a missão à cunhada. Só mais uma amostra do quanto as mulheres são influentes no tratamento dos homens. Muitos dizem que só vieram ao médico ‘porque elas mandaram”, contou o diretor do AC. Camargo.
Historicamente, as mulheres sempre visitaram mais o médico do que os homens. O Ministério da Saúde, sabendo disso, criou uma política de saúde masculina aproveitando esta vantagem feminina. Há dois meses, o governo federal elaborou o pré-natal do papai, para que eles sejam incentivados a cuidar da saúde de forma simultânea aos cuidados delas na gestação.
Além disso, os especialistas também querem aproveitar o temor dos pacientes com relação à impotência para que façam check-ups preventivos. Isso porque, uma pesquisa realizada pelo urologista Luís Cesar Fava Spessoto, médico da Clínica de Urologia Rio Preto (interior de São Paulo), revela que o paciente portador de disfunção erétil pode ser um candidato em potencial a sofrer algum tipo de doença cardiovascular em até cinco anos após o aparecimento da doença.
Os dados do estudo mostram que 42% dos pacientes impotentes têm hipertensão. A pressão alta é uma das primeiras condições para o infarto e o acidente vascular cerebral, as duas doenças líderes em mortalidade dos homens com mais de 35 anos.
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