segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mecânicos tiravam peças de um bonde para colocar em outros, diz relatório

Documento de Comissão Especial da Câmara do Rio de Janeiro revela que não havia o envio de peças para manutenção dos bondinhos
Bonde tombou no último sábado, em Santa Teresa. Cinco pessoas morreram
Um relatório feito por uma Comissão Especial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro que analisou o trânsito no bairro de Santa Teresa, na região central da capital, no ano passado, revela que não existe o envio de peças para a manutenção dos bondes que circulam pelo bairro.
E que a solução encontrada pelos mecânicos para manter o transporte em funcionamento era tirar peças de um bonde e colocar em outros. Segundo os vereadores, isso acarretaria em uma gradativa degradação dos novos bondes.
No último sábado, um bonde descarrilou e tombou quando passava pela rua Almirante Alexandrino. Cinco pessoas morreram e 57 ficaram feridas, algumas delas em estado grave. O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil já abriram inquérito para apurar o caso. O relatório da Câmara será enviado à Promotoria.
Ontem, em uma vistoria preliminar, representantes do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) disseram que o bondinho que provocou o acidente tinha um pedaço de arame no lugar de parafuso debaixo da sapata do freio. Era, aparentemente, uma improvisação da equipe de manutenção da Central, empresa que administra o sistema de transporte sobre trilhos no bairro.
O relatório da Comissão da Câmara concluiu que, apesar de os bondes de Santa Teresa serem administrados pelo Estado, uma das soluções para melhorar o transporte seria a municipalização dos serviços.
O argumento dos vereadores era que os bondinhos estão inseridos dentro da capital, em um único bairro e, obviamente, são destinados em sua grande maioria aos moradores da cidade. De acordo com o relatório, o próprio governador Sérgio Cabral sugeriu a mudança após um acidente que matou uma professora em 2009.
A operação municipal ficaria a cargo de uma empresa criada para este fim, sob a gestão da SMTU (Superintendência Municipal de Transportes Urbanos).
De acordo com o relatório, a oficina onde é feita a manutenção dos bondes estava em completo abandono e teria havido um repasse de cerca de R$ 40 milhões, que foram destinados à fabricação de novos bondinhos e a revitalização da via férrea.
Os vereadores concluíram no relatório que houve um erro na estratégia do governo na revitalização do serviço. Um deles foi na fabricação dos novos bondinhos, esses com uma nova tecnologia, os
chamados Veiculo Leve sobre Trilho (VLT) que, apesar de modernos, não atenderam as características topográficas do bairro. Isto porque sua locomoção gera ruído altíssimo, causando um desconforto aos passageiros e provocando um desajuste do bonde com a via.
O outro equívoco foi a não alteração da rede elétrica que alimenta os bondes. A antiga rede, no entanto, não suportou a carga exigida pelos VLT e só foi possível apenas a circulação de, no máximo, três bondinhos.
O relatório indicou ainda que, já no ano passado, era comum é ver os bondes superlotados, obrigando aos passageiros a andarem pendurados sobre o estribo, propiciando acidentes. Apenas dois circulavam pelo bairro.
Os vereadores proporam que houvesse uma alteração das rodas dos que são VLTs que,
nas curvas não trabalha corretamente, gerando mais de 120 decibéis de poluição sonora,
insuportável a todos os passageiros. Sugeriram também a colocação de uma quantidade maior de
bondes que permita intervalos regulares de 15 minutos entre sete horas da manhã às oito
horas da noite.
A Comissão Especial da Câmara realizou os seus trabalhos entre os dias 5 de maio e 28 de novembro do ano passado.




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