segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Piloto vive em castelo medieval no interior de São Paulo

Em época de condomínios de luxo, comandante da Gol investe milhões e opta por morar em um castelo com torres e passagens secretas
"Você vai morar em um lugar com vista para a cidade inteira. E será um castelinho." As frases foram ditas por uma médium ao piloto iniciante Luiz Michielin Neto, nos anos 90. E revolucionaram a vida dele. Luiz e a mulher abraçaram a ideia inusitada e investiram praticamente tudo o que tinham para construir a nova residência da família: um castelo em estilo medieval.
A obra, em um terreno de três mil metros quadrados na cidade de Araras, interior de São Paulo, consumiu não apenas as economias obtidas com o salário de aviador, mas também uma herança de família. "Se não fosse isso, seria impossível fazer. Mesmo assim paralisei a obra por quase um ano. Foi difícil", lembra Michielin, hoje com 56 anos.
Difícil, mas saiu do papel. A construção em "U" tem quatro pavimentos, duas torres, uma simulação de ponte levadiça, balcões no estilo Romeu e Julieta. E duas sacadas que fariam qualquer dono de varanda gourmet espumar de inveja. "A maior tem 60 metros quadrados. Queria algo assim, amplo, para ver a cidade (como previu o espírita, aliás). Dá para fazer festa aqui", conta o quase monarca.
O portão imponente atrai olhares, inspira curiosidade e até boatos e lendas na cidade. Algo que jamais incomodou Michielin, um excêntrico convicto que usa a corte sem moderação. "Isso aqui é um sonho. Os amigos do meu filho (um garoto de 16 anos) vêm para uma visita e se divertem. E eu adoro esse papel de ser guia em meu próprio castelo. Invento histórias. É uma terapia", diverte-se Michielin, cujo cotidiano alterna a vida caseira nos moldes do século 15 e a profissional cheia de tecnologia, no comando de um Airbus 737 da Gol.
Quanto vale um castelo?
"Me ofereceram US$ 4 milhões em 2006, mas não vendi. Nem sei qual seria um preço justo. Gastei muito aqui, é incalculável por causa da inflação desde aquela época", diz o dono do imóvel, que demorou cinco anos - de 1992 a 1997 - para ficar pronto.
O castelo finalizado inclui ainda fosso, duas torres, três quartos e até muralhas de proteção. "Utilizei cem caminhões de terra e 20 caminhões de granito. Mandei fazer boa parte dos móveis", diz. "Não venderia por menos de R$ 10 milhões."
Na parte interna da fortaleza, a "távola redonda" dá as boas vindas aos visitantes. É uma sala com mesa, estante e adereços feitos sob medidas - e também remetendo ao período medieval. A escada que leva aos quartos conta com a proteção de uma grade de ferro. E algumas passagens secretas escondem aposentos como uma sala de cinema e uma adega.
"Eu poderia ter comprado uma casa. Ou ficado em um apartamento. Me arrisquei do ponto de vista econômico. Mas acreditei na indicação da sessão espírita. E não me arrependo", diz o piloto, que costuma citar o filósofo alemão Arthur Schopenhauer para justificar a escolha nada usual: "Toda verdade passa por três estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é veementemente antagonizada. Mas no terceiro estágio ela é aceita." Assim se fez.





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