Pesquisas vêm mostrando que alternativas aos temidos hormônios não funcionam e mulheres seguem com poucas opções de alívio
Para as mulheres que esperavam conseguir combater os sintomas da menopausa com substâncias alternativas de venda livre, como suplementos de soja e linhaça, estudos recentes vêm se mostrando decepcionantes.
Este mês, uma pesquisa médica descobriu que a soja não funciona melhor do que um placebo para as ondas de calor e não exerce qualquer efeito sobre a densidade óssea. Essas descobertas ocorreram logo após achados semelhantes sobre o tratamento com linhaça para as ondas de calor.
“Gostaríamos de poder dizer às mulheres que elas funcionam”, afirma a doutora Silvina Levis, diretora do centro de osteoporose da Universidade de Miami, que liderou o estudo sobre a soja.
“Agora, nós demonstramos que isso não é verdade”, afirma.
Antes de 2002, as pacientes eram tratadas regularmente com estrogênio e progestina, hormônios sujeitos a receita médica que caíram em desuso rapidamente depois que o estudo de referência da Women’s Health Initiative revelou que nas pacientes idosas, os medicamentos levavam a um risco maior de sofrer ataque cardíaco e de ter câncer de mama.
Porém, alguns médicos estão defendendo que esses riscos não se aplicam às mulheres em geral com sintomas de menopausa. Mesmo alguns críticos de longa data da terapia hormonal estão sugerindo que eles sejam reconsiderados para as pacientes com sintomas severos.
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Estudo após estudo, eles demonstraram que muitos dos tratamentos sem uso de medicamentos – como a erva-de-são-cristóvão, o trevo-violeta, remédios à base de vegetais e, recentemente, soja e linhaça – simplesmente não funcionam.
Os medicamentos prescritos, incluindo antidepressivos, o anti-hipertensivo clonidina e o medicamento contra epilepsia gabapentina, podem trazer alguns benefícios, porém muitas mulheres não toleram seus efeitos colaterais.
“Não existe tratamento alternativo que funcione muito bem, seja ele feito com medicamentos ou com preparados à base de plantas”, afirma a Deborah Grady, decana adjunta de pesquisa clínica e translacional da Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Aproximadamente 75% das mulheres na menopausa sentem ondas de calor. Dependendo da pessoa, os sintomas podem ser leves (apenas algumas vezes por semana) ou moderados (diversas vezes ao dia).
Muitas mulheres com sintomas de leves a moderados enfrentam o problema sem precisar de outros tratamentos. Porém, para aproximadamente um terço delas, os sintomas são severos. Elas sentem de 10 a 20 ondas de calor por dia, que ocorrem de dia e de noite, atrapalhando o dia de trabalho e interferindo no sono.
Com frequência, os médicos asseguram às pacientes que os sintomas passarão em alguns anos. Contudo, um relatório publicado em maio na revista Obstetrics & Gynecology revelou, como resultado de um estudo de longo prazo com mulheres na menopausa, que as ondas de calor ocorrem periodicamente por mais de dez anos, em média.
A onda de calor é geralmente descrita como uma sensação súbita de calor sentida primeiro na face e no pescoço. Ela pode causar vermelhidão na face da pessoa, levar à transpiração excessiva e depois, a calafrios. No site Minnie Pauz, mulheres descrevem ter sentido vertigens e torpor, junto com palpitações e ansiedade.
“Um calor subido que inicia no interior do seu corpo”, é como descreve uma das mulheres. “O cabelo fica escorrido e você sabe que, mesmo se tirasse a roupa e corresse pelas ruas agitando os braços na tentativa de resfriar o corpo, isso não funcionaria, porque o calor está dentro e não fora”, relata ela.
A causa exata das ondas de calor é desconhecida, porém, acredita-se que a menopausa atrapalhe o funcionamento do hipotálamo, que é basicamente o termostato do corpo. Como resultado, mesmo alterações pequenas na temperatura do corpo que normalmente passariam despercebidas podem causar ondas de calor.
Entre os tratamentos com medicamentos prescritos, o mais eficaz talvez seja o que utilize antidepressivos, que têm demonstrado reduzir as ondas de calor em quase 60%, segundo os médicos. Os antidepressivos são particularmente benéficos para as mulheres com câncer de mama ou distúrbios de coagulação do sangue, que não podem optar pelos hormônios.
Porém, alguns médicos afirmam sentir-se frustrados em relação ao recado transmitido a muitas mulheres para que procurem tratamento alternativo à reposição hormonal. Segundo Holly Thacker, diretora do centro especializado em saúde da mulher da Clínica Cleveland, para muitas os benefícios de um tratamento hormonal eficaz superam os riscos e elas não devem ter medo de considerá-lo.
“Seria como dizer a uma pessoa com diabetes e dependente de insulina que ela deveria usar outros medicamentos em vez de insulina”, afirma.
“Vejo as mulheres confiando em substâncias alternativas e chegando com muitas delas, sem saber o que estão colocando no corpo. Muitas das informações são erradas e elas estão confusas”.
Segundo Grady, crítica de longa data do uso generalizado de hormônios, médicos e pacientes parecem ser menos tolerantes em relação aos riscos associados aos hormônios do que a outras drogas, embora os sintomas da menopausa cheguem a ser tão intoleráveis quanto os da enxaqueca ou outros problemas de saúde.
“Nós estamos, de certo modo, dispostas a tomar remédios contra enxaqueca, com seus efeitos nocivos, porque eles funcionam muito bem, mas não estamos dispostas a tomar estrogênio”, afirma ela.
"Nós nos preocupamos em relação aos efeitos nocivos associados ao estrogênio, porém, importantes efeitos adversos são razoavelmente comuns. A questão é saber se as mulheres estão dispostas a correr esse risco em troca de um tratamento muito eficaz para sintomas que, se não fossem tratados, arruinariam suas vidas".
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