domingo, 2 de outubro de 2011

Quimioterapia durante a gravidez é segura, diz estudo

Pesquisa sugere que induzir o parto prematuro é mais arriscado para o bebê do que o tratamento quimioterápico em si
Tratar grávidas com câncer com drogas quimioterápicas fortes parece não fazer mal os bebês, mas antecipar o parto para evitar submetê-los à quimioterapia faz, de acordo com um estudo feito por especialistas em câncer.
Os cientistas que estudaram a saúde e o desenvolvimento mental de crianças nascidas de mães que fizeram tratamentos contra o câncer durante a gravidez constataram que eles não foram afetados pela quimioterapia, mas foram prejudicados se nasceram prematuros, seja naturalmente ou por indução.
“Os dados sugerem que as crianças sofrem mais com a prematuridade do que com a quimioterapia pré-natal”, disse Frederic Amant, oncologista ginecológico do Hospital da Universidade de Leuven, na Bélgica, que liderou a pesquisa e apresentou suas descobertas no Congresso Europeu Multidisciplinar de Câncer (EMCC), em Estocolmo, na Suécia.
Segundo ele, os resultados mostram que não há necessidade de grávidas com câncer se submeterem a abortos ou atrasarem o tratamento quimioterápico para após o primeiro trimestre de gestação, mas ressaltou que os médicos devem evitar induzir o nascimento precoce, se possível.
Estima-se que 2.500 a 5.000 mulheres grávidas na Europa são diagnosticadas com câncer a cada ano – um diagnóstico que é duplamente traumático, pois as futuras mães temem que tanto a doença quanto o tratamento possam prejudicar o bebê.
Amant disse que em sua experiência, muitas mulheres decidem interromper a gravidez porque não sabem dos riscos do tratamento de câncer para o feto, mas presumem que é prejudicial. Médicos, também, muitas vezes aconselham suas pacientes a adiar o tratamento de câncer ou induzir o parto mais cedo – geralmente em torno de 32 semanas de gestação, disse ele.
Mas, de acordo com as descobertas do especialista, o conselho é descabido se a quimioterapia é dada após as primeiras 12 a 14 semanas de gravidez. Apenas uma fração desses medicamentos atravessa a placenta e chega ao feto, Amant disse, e as drogas parecem não ter impactos no desenvolvimento dos bebês.
Entre as 70 crianças nascidas a partir de 68 gestações no estudo, cerca de dois terços foram entregues antes de 37 semanas de gestação. A equipe de Amant constatou que as taxas e tipos de defeitos congênitos entre os bebês foram semelhantes às da população em geral, assim como saúde, crescimento e desenvolvimento. Os pesquisadores também não encontraram anormalidades cardíacas.
O que o grupo descobriu foi: enquanto o desenvolvimento cognitivo – medido por escores como o quociente de inteligência (QI) e testes comportamentais – estava na faixa normal para a maioria das crianças, os que tinham QI abaixo do normal foram principalmente aqueles que nasceram prematuramente.
É já sabido que os bebês nascidos muito cedo têm um risco maior de desenvolver dificuldades de aprendizagem, e estudos recentes mostraram também que as crianças nascidas até 1 ou 2 semanas antes do período normal de gestação (40 semanas) também são mais propensos a desenvolver dificuldades de aprendizagem.
Amant ressaltou que porque o número de mulheres neste estudo foi pequeno e o tempo de acompanhamento foi relativamente curto – ele e a equipe planejam estudar um número maior de mulheres por mais tempo em pesquisas futuras.
"Neste estágio não sabemos exatamente as consequências a longo prazo da quimioterapia pré-natal, incluindo seu efeito sobre a fertilidade dessas crianças e probabilidade delas desenvolverem câncer quando forem mais velhas", disse o médico.






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